É gol.
A camisa tricolor em movimento, braços que encontram o herói. Bandeiras tremulam. Alvoroço na arquibancada. Cantoria.
É gol.
Já foi tempo em que não importava o campeonato. Era gol. Era vencer. Era tudo mais simples.
Talvez fosse tudo mentira. Tudo fosse exatamente igual. Menos eu. Eu não era o mesmo. Os olhos que veem mudam qualquer coisa que seja vista. Como eu gostava de ver o gol.
Hoje o gol me é mecânico. Vale ponto, vale mais quando é for a, vale vaia até. Vai indo. Hoje tem água de salsicha. Tem jogo que não vale nada. Como não vale? Mas não somos nós em campo?
Não sei se somos. Já perdi ilusões. Já não enxergo heróis. E o contrato, acaba quando? Que tal leilão? A cabeça está em outro lugar – não quero treinar. Pode isso? Acho que pode sim, mesmo não podendo não.
Liberações. Férias. Ufa. Escapamos. Ora, nem sempre foi assim, viu menino? Tenho minhas preocupações neles. Cadê a magia? Os olhos novos passeiam pela Catalunha. Terra dos sonhos.
E nós, nem uma quimerazinha? Não sei se já houve. Teimo em crer que sim. Eu lembro. Pode ter sido só coisa de criança. Mas e os pequenos de hoje? Nem mais isso têm.
É muita obrigação. Um pouco mais de diversão talvez. Aproveitemos agora, sem as obrigações. Que tal um pouco de magia nos próximos 180 minutos, por favor?
E que se danem os adversários. Se precisam que a ou b percam. Queria ver o gol. Como aquels do capitão de cobertura. Queria ver irresponsabilidade juvenil dentro de campo. E esquecer aquelas seniores praticadas fora dele.
Queria alegria. Será que estou encriançando de novo? É a velhice. Acho que os sonhos voltam. Quero magia. Respiro alegria. Até quando não vale nada. Que bom então que não vale nada. Assim, vale tudo.
Vale a camisa tricolor em movimento. Vale a comemoração. Vencer por vencer. Simples vocação. Que tudo volte a ser simples.
E gol.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: jb/pra
Aplausos!!!