Faz tempo, tempo mesmo. Desde 1978, eu nunca tinha ficado sem ver o Fluminense ao vivo por seis meses, com raras exceções. Em 1996, por exemplo, quando meu pai ficou o ano inteiro no hospital. Ou quando o Maracanã fez suas reformas menores – a destruição de 2010 não conta porque fui muitas vezes ao Nilton Santos.
Hoje estarei lá. Sem nenhuma animação com o jogo em si, mas pelo reencontro com o Maracanã, onde fico procurando o passado com o olhar, misturando a paisagem atual com a que já não existe.
E lembrar de jogos tensos entre Fluminense e Juventude. Aquele 1 a 0 de 2003 nos salvou do rebaixamento, gol do Marcelo Mariola. Acho que os rebaixamos em 2006, 3 a 2. Eles já fizeram seis na gente, nós já fizemos sete neles.
Talvez encontrar algum amigo. Caso contrário, vou para o meu cantinho de torcedor solitário (sempre gostei de ver jogos sozinho), onde posso chorar discretamente todos os meus mortos – e não são poucos.
Vou para ver um jogo do Fluminense e torcer por ele do meu jeito, mesmo que seja calado. Não estou interessado em festas e passatempos da nova claque das arquibancadas, onde se passa pano para gol sofrido. Também não me interessam esses discursos que beiram ao doentio, tipo 2023 ser maior do que tudo ou não enxergar o óbvio de agora: estamos mal. Isso quer dizer que não ganharemos nada? Não necessariamente, mas hoje, exatamente hoje, andamos muito mal. Qual o problema em admitir isso? Me parece nítido que, neste momento, somos muito mais parecidos com 2013-2021 do que 2022-2023. Ok, tomara que mude.
Vou ao jogo para reencontrar por alguns instantes os melhores momentos da minha vida, sem esperar qualquer grande espetáculo. A luta real do Fluminense é sair e se afastar da zona de rebaixamento. Vamos falar da realidade, de forma honesta, sem pieguice. É apenas isso.
Quero a vitória e mais, quero um Fluminense de verdade. Na emergência, um 1 a 0 magrinho já serve, até porque nada vai mudar para melhor num estalar de dedos.
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Repito pela centésima vez: para mim, nada é tão doloroso como derrota do que a perda do senso crítico de parte da torcida tricolor.
Relativizar seis meses de partidas ruins não vai resolver nada. Nem praticarmos negacionismo contábil para defender o indefensável.
É possível amar o Fluminense sem abanar o rabo.
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Vivi para ver tricolores contra Edinho e a favor de Fábio Egypto – o presidente que destruiu o time tricampeão de 1985.