Nesta temporada 2021, talvez o grande lance do Fluminense seja saber conjugar os desejos da torcida (ou pelo menos de sua maioria) com as possibilidades do grupo tricolor.
O relativo sucesso no Brasileirão trouxe o Flu de volta à Libertadores depois de oito anos, que não foram nada fáceis – cinco deles lutando contra o rebaixamento. E por que digo relativo? Simples: a campanha foi respeitável, digna e bem acima até das pretensões do clube (Angioni dizia que a meta era o G10), mas, para um time do tamanho do Fluminense, o sucesso pleno só pode vir com o protagonismo máximo, ou seja, o título. Ele não veio mas a campanha trouxe bem estar aos torcedores.
Então, para começar o já conturbado 2021 com a emenda de temporadas, era óbvio que os titulares teriam uma pausa e parte do Carioca seria jogado com uma equipe alternativa. Não teria problema se o argumento comumente usado realmente funcionasse: o Carioca não serve para nada, tem que acabar, é inútil. Sejamos realistas: bastam duas derrotas para que a cobrança e a indignação surjam à vista.
Não poderia ser de outra forma: time grande que é, o Fluminense vive sob permanente cobrança. É assim com todos. Em suma, “o Carioca não serve para nada” mas vá perder para ver o que acontece…
Entendo que, apesar das falhas, a derrota para o Resende teve a intervenção desastrosa da arbitragem, que influiu diretamente no resultado. Já na partida com a Portuguesa, não: a derrota foi consequência de uma atuação pavorosa. Enquanto isso, com a força do Palmeiras, o Flu ganhou até o fim de abril para preparar o time titular para a Libertadores, usando inclusive o Carioca para isso, uma vez que o regulamento exige a utilização de jogadores titulares na competição local.
E aí vem o fio da navalha: como estar na ponta dos cascos no final do próximo mês e também estar na briga pelo Carioca, até por necessidade financeira e de audiência. A lógica simplista indica o abandono da disputa regional pela continental. Só que, sabemos, não é bem assim na prática.
Primeiro, por mais que sejamos otimistas, parece claro que o Fluminense não tem dois times completos em condições de representá-lo bem. Talvez não tenha sequer um, e a maior prova disso é a ânsia dos torcedores por verdadeiros reforços e não contratações apenas, tais como as mais recentes. Destas, a mais animadora parece ser a do lateral Samuel Xavier que, apesar de não ser propriamente um garoto, fez uma boa temporada. Já Wellington tem cancha, mas fica difícil entender seu papel além da experiência num grupo com Yago, André, Martinelli, Calegari… Por fim, o zagueiro Rafael Ribeiro, que teve seu péssimo scout posto de lado para ser trazido pelo clube. Não se deve analisar nenhum jogador por uma ou outra partida somente, mas suas estatísticas pavorosas e a atuação extraterrestre diante da Portuguesa oferecem nítida preocupação. Para quem defendeu que era preciso ver o jogador em campo antes de qualquer prognóstico, ficou o gosto amargo da decepção.
Mais uma vez: contratação não é necessariamente reforço. Nas últimas temporadas o Fluminense teve toneladas de contratações, mas os reforços não vieram a gosto.
Ainda sobre Wellington: parece ter sido um pedido de Roger. Seus entusiastas afirmam que a força do jogador virá da experiência, que teve um longo período de sucesso no São Paulo. Ok, mas futebol é momento e, neste, Wellington era banco de Richard no Athletico, aquele mesmo que salvou o Fluminense com seu gol de cabeça contra o America Mineiro em 2019. Será que um grupo que conta com Nenê, Fred, Ganso, Egídio, Matheus Ferraz, Muriel, Samuel Xavier, Luccas Claro, Danilo Barcelos e outros precisa priorizar a experiência? De toda forma, seguimos torcendo.
Por fim, algumas conclusões naturais. A festa pela vaga à Libertadores já terminou. Chegou a hora de disputá-la e nenhum tricolor admite qualquer resultado inicial que não seja a classificação para a fase decisiva em partidas eliminatórias. Portanto, a responsabilidade aumenta. Sobre o Carioca, por mais que conte com o desprezo de muitos, não será de bom tom ficar de fora da fase final. Há um Fla x Flu à frente e o Tricolor precisa pontuar de qualquer maneira, até porque a competição é em turno único.
De acordo com a expressão popular, o Fluminense em 2021 está em outro patamar. Por isso, nada mais natural que as cobranças aumentem, mesmo que o time tenha o apoio incondicional da torcida por ora. Durante anos fizemos o papel de figurantes em apuros; agora, a chance de disputar um título imenso está em jogo.
A serenidade é fundamental. A atitude, também.
Há tempo para agir e evoluir. Sem desculpas.
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Ricardo Mazella é meu ídolo e, para minha sorte, meu amigo pessoal. É uma honra tê-lo como prefaciador de meus livros. Eu me lembro de quando o via na TV e hoje acho graça quando escuto seu vozeirão em áudios regulares.
Num tempo em que jornalistas esportivos tinham medo de declarar seus times de coração, Mazella nunca ficou em cima do muro. Sempre se declarou tricolor apaixonado, é sócio do Fluminense e o defendeu como atleta. O primeiro que me lembro de falar textualmente na grande mídia como torcedor do Flu.
Reconhecido e admirado nacionalmente, Mazella tem o pleno direito de criticar o que quiser quando o assunto é Fluminense. Tem estofo, credibilidade e não se conhece uma vírgula que tenha dito e publicado com ataques pessoais a dirigentes do clube, opinando sempre no campo das ideias.
Se a direção do clube tem incômodos com as eventuais críticas de Mazella, deveria ter a humildade de olhar para si própria e seus atos. Nunca é tarde para refletir.
Importante lembrar: o Fluminense tem sócios do clube, não do presidente.
Excelente texto jogou muito bem e assim mais ums boa partida ganha. Obrigada amigo Paulo Panorama Tricolor bjsss sua fã Thereza Bulhões
Andel, o horrível Rafael Ribeiro foi contratado por causa do baixo custo ou por estar livre no mercado. E deve ser este o caso do Wellington também. Sou de opinião que pra trazer jogador bom-bonito-barato, que fiquemos com a base. ST