O futebol é o esporte em que tudo pode mudar em um átimo. Dentro ou fora de campo. O que há algum tempo era ótimo, perfeito; passa rapidamente ao inaceitável. O amor de hoje é o prenúncio do ódio de amanhã. A euforia perde as cores e a decepção veste-se com as notas de dinheiro. O guerreiro de outrora se transforma no mercenário do momento.
Mas como explicar o que acontece com nosso camisa 12? De repente, quando o time inteiro pareceu ter resolvido esquecer as lições básicas do futebol, Cavalieri tomou parte na histórica goleada frente ao América de Natal em nossos domínios. Foram falhas toscas, infantis, inadmissíveis a um goleiro de seu gabarito.
A atuação daquela noite levantou suspeitas contra todo um grupo de jogadores. A crise rondou forte as Laranjeiras, os bastidores políticos se agitaram e a mídia decretou – como sempre – o fim de tudo, a falência de um modelo e de um clube. Entretanto, a sequência de jogos mostrou que o cenário era mais complexo do que um motim, mas revelava a instabilidade tático-técnica de nosso elenco. Oscilamos mais que outros, perdemos nosso lugar no G4, fomos eliminados da Copa Sul-Americana.
Enquanto essa sequência “montanha russa” ocorria – e, de alguma forma, se não limpava a barra de alguns medalhões, trazia-os de volta ao grupo –, Cavalieri ficou no departamento médico e Carlinhos, outro questionado pela torcida, ausentou-se em alguns jogos até machucar-se contra o Goiás, desfalcando mais seriamente a equipe. A relação entre os dois apimenta as desconfianças, já que ambos são representados pelo mesmo empresário e ambos tiveram sua tratativa de renovação vazada para o público.
Cavalieri chateia-se com a imagem de mercenário como insinua parte da torcida. Carlinhos esconde-se dos holofotes. O fato é que a torcida anda por demais desconfiada. Carlinhos tem na indolência uma característica habitual em campo: joga quando quer – e quando o faz é um bom jogador – mas sofre de uma letargia cíclica que por vezes assemelha-se à má vontade.
Com Diego, a história era outra. Um paredão, mestre nas defesas impossíveis, uma muralha intransponível. Sobravam-lhe arrojo e coragem em cada saída do gol. De repente, falhas infantis. De uma hora para outra, cinco jogos afastados por conta de uma gastroenterite! A torcida não engole a desculpa, enxerga o mal onde quer que haja brecha. E, não mais que em sua volta, aquele que já foi um goleiro de nível de seleção leva um gol digno de fim de pelada, naquele momento em que todos já estão cansados da brincadeira.
O que será que será que andam sussurrando pelos vestiários? Creio que Cristóvão sabe o que faz. Mais que isso, não consigo conceber que um profissional atire contra sua própria imagem ao errar propositadamente. Não consigo enxergar Cavalieri como um sequestrador que nos coloca contra a parede, fazendo das traves e de todo um clube reféns de uma pedida salarial. Isso não combina com o herói que entregou sua camisa à menina Letícia. Esse não seria o guerreiro por quem tanto gritamos das arquibancadas.
E é também no que acredita Cristóvão. Ele, dentro do grupo, saberia identificar algo tão mesquinho e pequeno. Decerto os olhos de Cavalieri entregam uma insegurança que há muito não existia. O vazamento fez mal à cabeça de nosso 12, se isso quer ser chamado de gastroenterite, que o seja. Falta confiança, moral a um abatido Diego. Cristóvão fez sua parte, promovendo sua volta. O tático e o técnico submetem-se sempre ao psicológico.
Talvez seja a hora em que voltemos a abraçar nossos guerreiros. Eles erram, brigam, falham. Como em qualquer relação em que também erramos e falhamos. Quantas vezes fomos egoístas? Quantas vezes deixamos de valorizar o que não era monetário? Não sei se foi o caso, mas, se foi, que saibamos estender a mão que perdoa. Não nos deixemos levar pela maldade, ainda que pareça real. Apoiemos e teremos de volta nossa muralha. O contrário não é possível. Não é o que não pode ser. E não é.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: lancenet.com.br
Também acredito que não é proposital, ele ou qualquer outro jogador, mas o psicológico acho que vestígios da não renovação, os caras entram sem motivação e num elenco, onde a maioria é milionária, não havendo motivação, a qualidade técnica fica a mercê.
Tenho orgulho de dizer que nunca vaiei nenhum jogador quando vou ao estádio, nem mesmo Carlinhos Itaberá, Rissut, Ale, dentre outros pernas de pau que já passaram nas Laranjeiras.
Apoiarei sempre nossos jogadores e acima de tudo, nosso clube…
2014? É fazer 48pt, dar rodagem para Xerém, base para reformular elenco para 2015, e só…Sobre Conca, está precisando de 1 semana de resguardo, Gerson no lugar dele e vambora. Até o calendário tranquilizar, como premissa, eu pegaria nossa encarquilhada espinha dorsal (Fred, Sóbis, Digo, Ciço, Conca, Jean, Bruno, Wagner, etc.), dava descanso de 2 em 2 da forma mais equilibrada possível entre os setores e de acordo com as características do adversário, senão o DM vai encher e/ou nosso saco torrará