É preciso que o Fluminense mude (por Sergio Poggi)

O Fluminense nasceu no dia 21 de julho de 1902, na Rua Marquês de Abrantes, no Rio de Janeiro. Na reunião que decidiu pela sua fundação, estavam 20 jovens que há cerca de um ano haviam sido apresentados a um esporte totalmente diferente dos que se praticava no país: turfe, tiro ao alvo, esgrima, remo. O brasileiro, filho de inglês, Oscar Cox, havia apresentado a seus amigos o FOOTBALL, esporte inglês em que se chutava uma bola de couro com os pés. Para os padrões da época, era um esporte estranho, diferente dos demais. A primeira providência dos fundadores, decidido o nome e as suas cores (inicialmente branco e cinza), foi encontrar um lugar para praticá-lo. Afinal, não havia campos de futebol na cidade, pelo simples fato de que NÃO EXISTIA FUTEBOL! Esse problema se resolveu em outubro, quando os fundadores alugaram um terreno na Rua Guanabara, atual Pinheiro Machado.

Em 1906, realizou-se o primeiro campeonato da cidade, e o Fluminense foi o campeão.

Em 1910 o Fluminense convidou um dos mais conhecidos clubes ingleses da época, o Corinthian, e depois o incentivou a excursionar até São Paulo, o que inspirou jovens paulistas a formar um time com o mesmo nome.

Em 1911, o Fluminense contratou o primeiro técnico de um clube de futebol, o inglês Charlie Williams.

Em 1914 o Fluminense organizou a primeira Seleção Brasileira, que fez seu primeiro jogo no campo de Laranjeiras, no dia 21 de julho, aniversário do Fluminense.

Em 1916, Arnaldo Guinle, que era o Presidente do clube na época, se tornou o primeiro presidente da Confederação Brasileira de Desportos.

Em 1919, o Fluminense inaugurou o primeiro Estádio construído para o Futebol, em concreto armado, para sediar o Campeonato Sulamericano de seleções.

Em 1933, a Liga Carioca de Football, a primeira representação profissional do futebol no país foi criada, com a participação de Fluminense, Vasco, América e Bangu, sob a iniciativa de Arnaldo Guinle, mesmo contra a posição da Confederação Brasileira de Desportos (CBD).

Ao longo de sua história, o Fluminense se destaca pelo seu pioneirismo, seja no Futebol, seja em outras áreas. Por esta postura recebeu em 1949, das mãos do Barão Pierre de Coubertin, idealizador dos Jogos Olímpicos, a Taça Olímpica, na única vez em que foi atribuída a um clube de futebol.

Nos anos 1960, o Fluminense recebeu uma delegação do São Paulo Futebol Clube, que pediu para conhecer sua forma de organização e gestão, exemplo para os demais clubes de futebol até então. Ao longo dos anos e das décadas seguintes, essa capacidade empreendedora e pioneira do Fluminense foi ficando sufocada pela falta de visão da grandeza e do papel do clube como instituição. O primeiro sinal foi quando os seus dirigentes foram incapazes de evitar a desapropriação e mutilação do Estádio de Laranjeiras, em 1961, em nome do “progresso” da cidade.

A partir dessa época, coincidentemente quando o Rio de Janeiro deixou de ser a capital do Brasil, os dirigentes que ergueram esta instituição renomada mundialmente, passaram a ser substituídos por outros que não conseguiram entender que a grandeza do clube foi forjada pelo trabalho e visão empreendedora dos antecessores. Pessoas que receberam um clube organizado e admirado, fundado em torno do futebol, foram incapazes de manter o caminho construído e se preocupavam mais com eventos sociais e atividades de lazer.

Não por acaso, nos últimos 35 anos, passamos certamente pela pior fase da nossa história, e vimos todo o patrimônio formado ser dilapidado e nossa estrutura organizacional se tornar obsoleta.

Por conta dos esforços individuais de abnegados, conseguimos renascer das cinzas e sair da terceira divisão para um bicampeonato nacional, mas a estrutura perversa que nos levou ao ocaso até hoje não foi quebrada. O Fluminense definha, com sua energia sendo sugada e seu fôlego sendo sufocado. É preciso resgatá-lo, não para a situação que existia anteriormente, pois ao longo dos anos aquele ambiente não existe mais.

O mundo mudou, a sociedade mudou, o futebol mudou, e é preciso que o Fluminense mude, para continuar a ser o pioneiro, o precursor, o guia para milhões de tricolores, e voltar a ser a referência do Futebol Brasileiro que sempre foi.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @sergiopoggi

#credibilidade

1 Comments

  1. Parabéns Poggi e Panorama pela união!
    Vida longa a esta relação.

    Caro Sérgio Poggi,
    o clube e nossa torcida precisam de mudanças e figuras como você já estão se destacando nesta difícil, porém, necessária luta. Contamos com isto.no próximo pleito.

    Saudações Tricolores!

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