Por um misto tricolor na Bolívia (por Paulo Rocha)

Embora ainda pairem dúvidas sobre as cabeças que comandam o futebol do Fluminense, eu tenho certeza de que será melhor pensar no Fla-Flu de domingo em detrimento da viagem à Bolívia para o jogo da Sul-Americana. Sem hipocrisia: ainda que levada em consideração a fragilidade do Oriente Petrolero, alguém acha que o time goleará por 6 a 0 e ainda será beneficiado por um empate entre Junior Barranquilla (que jogará em casa) e Santa Fé?

O jogo do Campeonato Brasileiro é muito mais importante para nós. Caso não tenham prestado atenção, o Fluminense está somente a três pontos do líder, ou seja, brigando pela ponta. Além disso, trata-se de uma revanche da decisão do Campeonato Carioca e tenho certeza de que o rival está conosco atravessado na garganta. Isso sem contar que jogarão terça, no Rio, enquanto teríamos que viajar para atuar somente na quinta-feira em Santa Cruz de La Sierra.

Seria muito bom se a direção do futebol tricolor tivesse um mínimo de autocrítica para reconhecer que a eliminação na Copa Sul-Americana (tal qual aconteceu na pré-Libertadores) já está sacramentada, fruto da má formação do elenco para os desafios da temporada. Foi o preço pago pelo erro cometido.

Pois bem, então chega de errar. Que tomem a decisão certa e poupem o time titular para o clássico de domingo.
Até porque seria uma bela chance para colocar em ação os suplentes e os garotos. Sabemos que Luiz Henrique vai embora em breve; não seria hora de testar substitutos? Falam maravilhas do Gabryel Martins, que tal testá-lo? Reclamam que o time cria pouco, não seria oportuno colocar o precoce e promissor Arthur para ganhar experiência? Estou só citando dois. Além dos garotos, há suplentes do elenco principal que precisam de ritmo de jogo.

Fernando Diniz, por favor, caia na real e encampe essa ideia. A torcida está ao seu lado, o time está vencendo mesmo sem ser brilhante. Prove que tem personalidade e escale um misto jovem na Bolívia. A Sul-Americana já foi pro caralho, mas o Brasileirão e a Copa do Brasil estão aí para que o Fluminense possa voar mais alto.

Encerro a coluna me despedindo de Wendell, que nos deixou. Um dos melhores goleiros que vi atuar pelo Tricolor, personagem da minha juventude a quem tanto admirei no Maracanã e nos treinos nas Laranjeiras. Nossos ídolos estão indo embora. Já as lembranças, essas ficam para sempre.