Millonarios 1 x 2 Fluminense (por Edgard FC)

Expulsão, Gravatinha e Martinelli, os senhores do jogo.

Mais um jogo em que Gravatinha nos vigiou de perto, mais precisamente de dentro de campo. Ufa, e não ruf, foi a interjeição da vez, mas importante foi ter vencido, mesmo com Abel tendo que mexer para consertar seus próprios equívocos da escalação inicial.

O treinador tricolor levou à altitude ante o Millonarios, equipe modesta porém rápida em seus movimentos, com toques dinâmicos mas também longos bem encaixados, chegando ao redor do gol bastante vezes, uma equipe lenta, com vários jogadores já assimilados como dispensáveis à equipe titular, pois não entregam mais a intensidade que um jogo de Libertadores pede. Já não mostram contra equipes semi-amadores do Cariocão da FFERJ.

Com poucos toques e explorando as fraquezas do Fluminense, notáveis e facilmente identificáveis, os Albiazules impuseram seu ritmo desde o início da partida, tanto que aos sete minutos, após subida ofensiva do Tricolor, o goleiro Álvaro Montero liga a bola até David Silva, o capitão gira com facilidade sobre Cristiano, entrega para Daniel Ruiz, segurar a bola, pensar e fazer a assistência para Eduardo Sosa, que baila para cima do ex-Moldávia, ajeita e dispara de pé direito para, apenas, o olhar atento de Fábio acompanhar a bola passar por cima de sua cabeça e ir direto às redes, abrindo o placar em um a zero para os donos do El Campín.

A trama ofensiva adversária contou com os três meias da equipe de Bogotá, principais construtores e finalizadores da equipe.

Não demorou muito e Felipe Melo mostrou suas credenciais, após falta sofrida por Yago antes do grande círculo central, rosnando e criando confusão com, justamente o autor do gol, Eduardo Sosa. Os dois trocam empurrões e recebem aos dez minutos de jogo, de Dario Herrera, árbitro argentino, cartão amarelo. O camisa oito dos Embajadores, parece ter tiltado (expressão que a molecada anda usando para definir quem se afetou com algo ou com alguém), porque aos vinte minutos de jogo, após mais uma boa infiltração dos azuis na área do Fluminense, Sosa desferiu um soco-solavanco em Willian, que o marcava de perto, fazendo lembrar os pontas de Hellmann e Machado que eram obrigados a voltar para marcar o ataque adversário até dentro da área. No lance, o meia e principal articulador dos anfitriões da noite, levou o segundo amarelo e foi expulso de campo.

Com um a mais, o Fluminense se aprochegou ao ataque, mas ainda no modo aleatório, pois era visível a falta de criação, armação e engajamento da equipe Tricolor. Mesmo assim, conseguiu se aproveitar de dez minutos de bug do Millonarios, que ainda procurava entender o que fazer com um a menos. Não foi o suficiente, pois os Millos conseguiram equilibrar no balanço defensivo, um 5-3-1, que se transformava em 4-4-1 sempre que precisavam buscar a bola dos pés dos desatentos e morosos jogadores do Flu.

Mais eis que aos trinta e oito minutos, Gravatinha agiu, talvez certo por linhas tortas, em tentativa de arrancada de Fred, após passe esticado desde o meio-de-campo dos pés de David Braz, este sentiu sua perna travar no tapete verde, como se alguém o tivesse segurado para não alcançar a pelota e precisou ser substituído. Abel teve de promover Cano em seu lugar, começando a consertar o equívoco que vinha tendo sua escalação por carteirada.

Apenas cinco minutos depois, em abafa do Fluminense, Yago chuta de fora da área, e o arqueiro bate roupa, deixando a gorduchinha nos pés de Luiz Henrique, que girou, chutou mal, no caminho, Cano ainda furou e a bola sobrou lentamente e carinhosamente para a finalização do aguerrido – porém não descontrolado -David Braz, para estufar o barbante, conseguindo o empate ainda na primeira etapa. Braz ainda salvaria o Flu de sofrer mais um gol na segunda etapa.

Abel volta do intervalo com mais uma intervenção: Jhon Arias no lugar de Willian, proporcionando ao Fluminense ter onze em campo pela primeira vez no jogo. Porém o que se viu foi a equipe da casa compactar e descompactar, atrapalhando a vida do pobre Fluminense, que criava aos trancos e barrancos: faltavam meias de criação.

Como um castigo, pouco mais de dois minutos de etapa complementar, Ruiz cava e Yago aceita, cometendo pênalti bobo e totalmente evitável em Daniel, permitindo que os odiadores do barrado Marcos Felipe pudessem ver Fábio defender a cobrança de David Silva, fazendo parecer que seria herói da partida em vez de Yago Felipe, dono do flusquinha, sofrer hate por ser o vilão. Vai entender.

Com 45 minutos de atraso em relação à expulsão, Abel providencia mais duas entradas, Ganso e Pineida nos lugares do amarelado e acuado Felipe Melo e do ineficiente e duplamente driblado no gol adversário, Crissilva. Mas ainda era pouco, pois o Millonarios subiu de vez suas linhas e pressionava o Fluminense, sufocando e forçando as ligações diretas dos defensores Tricolores. Parecia até que éramos nós a ter um a menos em campo.

Porém a última mexida ainda pendia, e seria ela a primordial, Matheus Martinelli na vaga de Yago Felipe, aos trinta e um minutos. Ele nem precisou de dois minutos em campo para ensaiar antes, em passe detonado pela defesa, mas acertar na sequência, após diálogo entre Ganso e Arias, Martinelli recebe, aciona Luiz Henrique que encontra Cano no meio da área para mandar dentro da caixinha, outorgando a virada do Fluminense sobre o retalhado mas corajoso Millonarios, que buscou empatar a partida até que não houvesse mais tempo.

Embora o jogo de volta proporcione ao Abel e ao Fluminense, jogar com o regulamento sob o sovaco, precisando apenas empatar, ou até perder por um a zero para seguir vivo em busca da vaga na fase de grupos da Libertadores da América, seria bom uma boa dose de realidade. Promover com urgência Martinelli e Arias nas vagas de Felipe Melo ou Yago e Willian, respectivamente, além da provável promoção de Cano no lugar do lesionado Fred, isso para que tenhamos ao menos condições mínimas de competir os desafios grandes que teremos pela frente. As demais mexidas podem ser discutidas jogo a jogo, perfil por perfil, mas a necessidade de acordar enquanto é cedo e estamos vivos é para ontem.

Seguimos vivos, mas por teimosia do comando, de olhos fechados. Acordai.

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