O cansaço da mesmice (por Felipe Fleury)

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Tenho insônia todas as vezes que o Fluminense joga partidas como essa que jogou contra o Vitória. Nunca pelo placar, mas pela forma como a equipe se apresenta em campo. Passo algumas horas matutando, digerindo meu ódio interno, sentindo minha boca amarga, até que o sono, de tanto bater à porta, consiga entrar.

Ultimamente, porém, o Tricolor não me tem feito perder noites de sono com tanta frequência. Creio que tenho retribuído a sua indolência dentro de campo com uma certa resignação, afinal de contas, estava escrito desde o fim da temporada passada que este ano não daria certo.

A Primeira Liga foi a primeira impressão que não ficou, um título que não retira o Fluminense de onde está, mergulhado num tremedal de incompetência. Foi bom, gritamos “é campeão”, levamos gás lacrimogêneo nos olhos e só.

No estadual e nas competições nacionais mais importantes, malogramos.

A escolha de Levir, depois de uma sucessão de “bons, bonitos e baratos”, me pareceu acertada diante da situação financeira do clube. Um treinador de verdade, pelo menos isso. Eu mesmo o defendi, relevando erros e teimosias que um treinador moderno não poderia praticar.

Levir, enfim, foi uma tentativa válida que deu errado. Mas deu errado porque o seu antecessor foi uma escolha equivocada, porque assumiu a equipe após a pré-temporada, não participou da escolha do elenco. Não há planejamento que suporte tantos equívocos.

É provável que Levir, mesmo se tivesse tido todas essas oportunidades, cometesse os mesmos erros que comete agora no comando do Fluminense, mas as chances disso acontecer certamente seriam menores. Levir é, assim, o produto final de uma sucessão de equívocos potencializados, agora se vê isso nitidamente, por sua falta de competência para comandar um clube como o Fluminense.

Um time medíocre como esse que veste a camisa tricolor talvez não pudesse ser salvo por nenhum outro treinador em atividade no futebol brasileiro, mas talvez esse treinador ousasse a ponto de barrar os irrecuperáveis e exigisse reforços à altura do que se espera para formar um grande time. E quem sabe, fosse menos teimoso e mais dedicado aos treinamentos.

Levir Culpi foi o último erro – espera-se – de uma Administração que relegou o futebol a segundo plano. Reconheço o seu valor no que concerne a outros aspectos, sobre os quais já discorri exaustivamente em outras oportunidades, mas a desídia com que tratou o carro-chefe do clube é quase um crime de lesa-Fluminense.

Em novembro conheceremos nosso novo presidente e que seja verdadeiramente novo em ideias e atitudes. Está nas mãos do torcedor mudar o destino do clube e, para tal, independentemente de quem escolha como candidato, é preciso que o faça com conhecimento de causa, avaliando as propostas e, sobretudo, os nomes que eventualmente participarão da nova gestão.

A torcida está cansada da mesmice a que foi relegado o clube nos últimos quatro anos, está cansada de torcer para o ano acabar para que se renovem as esperanças no ano vindouro, está cansada de traçar objetivos de 45 pontos, está cansada de não estar na Libertadores. O Fluminense é muito maior do que isso e está nas mãos do torcedor mudar o fim dessa história. Votemos com consciência, liberdade e amor ao clube.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

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