No domingo, aconteceu o improvável. Na história, aconteceu o normal.
Deu Flu, depois de três partidas de horror. Não que tenha sido brilhante, mas soube brigar e não deu espaço, daí que o Flamengo não se criou.
É bem verdade que a Fla Record tentou marcar o pênalti e cancelar o impedimento de qualquer jeito, mas não deu certo. Torcida descarada e o árbitro bem enrolado, claudicante, o que explicou os vários episódios de porrada durante o clássico.
No primeiro tempo o Fluminense quase não atacou, não dava sequência. A bola mal ia e voltava, era um problema. Só que desta vez o esquema não ficou com buracos gigantescos, pelo contrário, e com os jogadores mais próximos a finalização do adversário foi prejudicada.
Na segunda etapa o cenário não mudou tanto, mas o Fluminense começou a ficar mais saliente na frente, contribuindo para isso a saída de Fred – o 9 tem que repensar sua continuidade nesta temporada. E de saliência para saliência, acabou que o Fluminense se aproveitou da maneira mais cruel possível – e aí é que a história pesa sobre o momento: gol no finzinho quando o adversário não tem mais forças.
Bom, não foi o caso de falta de força: desesperado, o Rubro-Negro se lançou ao ataque e teve duas chances de ouro para empatar, mas então brilhou a categoria do melhor goleiro da Série A em 2021: Marcos Felipe. Com duas defesaças, ele garantiu a vitória tricolor. Foi um monstro. Fabio é um grande goleiro, mas hoje é o reserva e sabe disso.
Cão mostrou o que tem de melhor, bem lembrou o Heitor no pós-jogo: brigou, bateu e se empenhou. Foi importante para evitar a vantagem do rival, principalmente no lance do ex-pênalti. Cano não brilhou mas tentou. Arias deu outro ar ao time e acabou sendo decisivo. A dureza está nas laterais: Samuel não convence há um ano e o Crissilva… Bom, deixa pra lá.
Vitória de equipe, importante, que melhora o astral mas que não deve enganar ninguém, a não ser quem queira sê-lo. Falta muita coisa, muita coisa mesmo, mas ganhar o maior clássico é bom demais. Por uma tarde, o velho Fluminense da força coletiva, sem subserviência a um só jogador, finalmente reapareceu.
Agora tem o Botafogo. É bom levar a sério, muito sério mesmo.