Marcão terá que abandonar a mesmice (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, talvez esteja chegando o momento de contarmos quase com o melhor time possível na temporada. Com a volta de Caio Paulista, o único jogador que ainda nos desfalcará por longo tempo é Ganso, que no meu entender não tem reservas – ainda – no óbvio 4-3-1-2 que Marcão tentou emular assim que assumiu e que, talvez por isso, tenha voltado discretamente ao 4-3-3, mas compondo o meio apenas com volantes. A questão é que mesmo que os volantes tenham qualidades, não possuem a característica de Paulo Henrique Chagas, cuja função era a de deixar os atacantes na cara do gol. Jogadas assim ainda acontecem, mas são bem mais raras e, devido a isso, geram menos gols. Além dessa escassez, tem faltado qualidade na frente para meter a bola pra dentro. Quando não era com Gabriel Teixeira, Luiz Henrique assumia essa missão. Lucca é a bola da vez, e Frederico só apareceu no último jogo dando assistência para John Arias, esta sim uma baita contratação.

Todavia, se estamos chegando ao momento de contarmos quase com o melhor time possível na temporada, isso gera preocupação, sobretudo no banco. Não sei se temos estofo para fazer um Brasileirão que passe do décimo lugar (e isso é vergonhoso), o que talvez me fizesse tentar focar na Copa do Brasil o máximo possível, pois ainda é a única conquista palpável ao nosso alcance. O time tem sim evoluído nas últimas partidas, apesar dos muitos problemas detectados. Mas só foi possível perceber alguns desses problemas porque o Fluminense tem tentado jogar futebol desde que Roger saiu. Logo, estamos cinco meses atrás dos demais nesse sentido. Se a lateral esquerda já era problemática (e ao que tudo indica, continuará sendo), a direita voltou a ser um dilema. Samuel Xavier tem jogado mal, e Calegari já pode voltar a ser testado. Sem conseguir atacar eficientemente por nenhum dos lados do campo, fica muito difícil propor o jogo e dominar as ações.

E isso me leva ao jogo contra a Chapecoense, lanterna do campeonato, sem vitórias até o momento em que escrevo esta coluna. Sem vitórias em um turno inteiro. Acho que nunca vi algo assim. E podem falar o que quiser sobre “levantar defunto”, mas pra mim esse é o jogo pra tentar algo novo. Se funcionar, maravilha, que replique-se contra o São Paulo e contra o Galo. A trinca de defesa, goleiro e zagueiros, se mantém. Na esquerda, Marlon ganharia uma chance na minha visão, com Jefté sendo opção imediata. Na direita, seria a vez de Calegari reassumir a titularidade. A trinca de volantes permaneceria, mas com Martinelli, Yago e Nonato (pois André está suspenso). O jogador para ficar à frente dos volantes hoje seria o Arias, com toda certeza. Para os outros jogos em que Caio Paulista não esteja disponível, eu testaria Nonato nesta posição, ou até mesmo André (recuando Nonato). Na frente, Caio Paulista e… John Kennedy. Fred seria opção para a segunda etapa.

Uma formação como essa acima teria mais leveza, mais velocidade e mais pegada. Imagino que as trocas óbvias seriam Marlon (fora de ritmo) por Jefté no intervalo ou nos 10, 15 do segundo tempo, Caio Paulista por Luiz Henrique ou Gabriel Teixeira (mesmo motivo) e John Kennedy por Fred, sendo ambas as trocas aos 20 ou 25 da segunda etapa. As últimas duas mexidas (que devem ser feitas juntas) eu deixaria para talvez tirar o Arias em caso de necessidade ou algum outro que não aguente também o jogo inteiro, ou até mesmo para mudar o esquema se preciso for, reagindo às mexidas do adversário. Fato é que o time está um pouco mais competitivo, mas tem morrido aos 15, 20 do segundo tempo. Rodar jogadores, colocar os mais descansados e os que têm treinado mais forte, poupar outros que estão em má fase, tudo isso faz parte da tão propalada “gestão de grupo”, ao menos até que o Fluminense volte a ter semanas cheias em sequência pra trabalhar (se é que isso vai acontecer).

Mais que os três pontos, Marcão precisa tentar obter em Chapecó uma identidade. E não vai consegui-la repetindo as mesmas formações e os mesmos erros. Contra o Bahia sofremos uma pressão até ridícula por conta da ineficiência da marcação na segunda etapa. Contra o Juventude, apesar de termos dominado mais a partida e merecido até uma vitória, poderiam ter sido eles a saírem na frente. Se ainda quisermos ver mudanças efetivas na forma de o time jogar e em sua competitividade, o treinador tricolor terá que abandonar a mesmice e certos jogadores que não têm mais qualquer razão para vestir as nossas cores. Pode ser difícil, mas ninguém disse que rupturas são fáceis. E a ruptura da vez é com o Fluminense médio e azarão que tentamos não nos acostumar a ver. Para muitos, chegamos até onde podíamos. Para mim, não arranhamos nem a superfície ainda do potencial que temos. Vamos pra Santa Catarina em busca tanto da vitória quanto de dias melhores, e pra saber se podemos esperar mais do que temos recebido até então do Fluminense de Marcão.

Curtas:

– A entrevista de Kayky não contou nenhuma novidade. Falei reiteradamente na coluna que os jogadores já estavam de saco cheio do Roger. Só ficou surpreso quem quis.

– Gustavo Apis. Contrato longo. Pagamento à vista. Nova Iguaçu. Bloom Soccer. Mario Bittencourt. Biro-Biro. Artur. Elias Duba. Deixo pra vocês a tarefa de ligar os pontos.

– Alguém surpreso com a vida baladeira de Cazares? Só mesmo Bittencourt & Associados (principalmente estes últimos). Só mais um prego no caixão da gestão, isso se não for mais um erro a ser esquecido na hora de votar em 2022.

– Eu tava querendo falar sobre essa quantidade obscena de ex-jogadores processando o clube, mas são tantos que a gente até perde a conta. Fica difícil manter um registro. Se alguém tiver isso anotadinho, deixa nos comentários que na próxima coluna tento falar sobre cada caso.

– Palpite para a próxima partida: Chapecoense 0 x 3 Fluminense.

1 Comments

  1. Eu não perdia tempo colocando o Marlon não.
    Acho que a,solução para a lateral esquerda e jogar com 3 zagueiros colocando um jogador
    entre o Nino e o Lucas Claro e ficaria com 2 opções ou tirava um volante e avançava o Egídio sem grandes preocupações defensivas ou tirava o Egídio e deslocava um volante para fazer a ala esquerda.
    O esquema ficaria o 3 4 1 2
    O 1 é o Arias e o Ganso seu reserva imediato .
    Caio Paulista na direitacom Biel e Luiz Henriqye como opçoes e tem que tentar um dos garotos para o lugar do Fred..
    Acho que o Samuel não está muito bem no momento mas é muito melhor e…

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