Maradona e Rivellino (por Paulo-Roberto Andel)

Diante da tragédia anunciada de ontem, as notícias foram disparadas por todos os lados. Aí resgataram o fato comprovado: o grande ídolo de Diego Maradona sempre foi Roberto Rivellino, ainda que a Flapress insista em impor Zico nessa história. Ok.

Foi pela Seleção Brasileira que Maradona conseguiu ver Rivellino jogar pela primeira vez. Lógico: em 1970 e arredores, as únicas imagens possíveis de um jogo de futebol no exterior eram as das Copas do Mundo. Porém, quando El Pibe começou a despontar na base e a chamar a atenção da imprensa argentina, o então maior camisa 10 do futebol mundial tinha endereço esportivo certo: Rua Álvaro Chaves, 41.

Para variar, omitiram o fato.

Parece coisa pequena, né?

Não, não é.

A triste notícia da morte de Maradona é um acontecimento mundial.

O processo de imposição midiática que vemos no futebol brasileiro pratica a invisibilidade do nome “Fluminense” de forma descarada.

Assim não fosse, seria muito normal escrever/falar que, enquanto brilhava nos juvenis e sonhava com uma chance entre os profissionais, Diego Maradona venerava seu maior ídolo que, à época, era o maior jogador de uma constelação de craques que ia de Mário Sérgio a Paulo Cezar Caju, depois passando por Carlos Alberto Torres, Dirceu e Rodrigues Neto.

O mais categorizado elenco de um clube de futebol no planeta Terra – e antes que algum idiota da objetividade venha com a pecha da não conquista de campeonato brasileiro, azar do próprio campeonato. Libertadores? Idem. Favor procurar no YouTube por Fluminense 1 x 0 Bayern Munchen e pesquisar o que a base do time alemão tinha feito em 1974.

É impossível desassociar Maradona de sua idolatria por Rivellino e, por associação, do Fluminense, assim como do Corinthians. No auge da adolescência, era de inquietudes e paixões afloradas, o jovem craque argentino certamente continuou a acompanhar seu ídolo de cinco anos antes. Em 08 de fevereiro de 1975, no nascimento da Máquina Tricolor com a estreia de Rivellino pelo Flu, Maradona era um garoto com 14 anos de idade.

Relacionar Rivellino ao Fluminense não é apenas birra de torcedor. É respeitar os fatos, a história como ela aconteceu. Chega a ser assustador que, em toda a imprensa convencional brasileira, o nome do clube tenha passado em branco na triste ocasião deste 25 de novembro. E para quem considera isso tudo um exagero, devolvo com uma simples pergunta: quem já leu alguma matéria de expressão internacional com o nome de Zico sem mencionar o nome do clube da Gávea?

Nos pequenos detalhes é que descobrimos a edição da história. Num momento triste como esse, o principal é respeitar e celebrar a trajetória do genial Maradona. Todo o resto fica menor. Contudo, vincular o mais emblemático time da história do Fluminense ao super craque argentino é apenas uma questão de lógica que a imprensa brasileira, distraída que ela só, se esqueceu de registrar.

Não chega a constituir surpresa. Há sete anos, a mesma imprensa esportiva do país se esqueceu da escalação irregular de André Santos na partida de nosso rival contra o Cruzeiro. Ninguém noticiou. Um apagão que beirou o inacreditável.

ANDEL ESCREVE SOBRE MARADONA NO MUSEU DA PELADA

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É certo que alguns preferiam nesta coluna a análise sobre as renovações de vínculo dos jogadores Caio Paulista e Felippe Cardoso. Fica para o PANORAMA de sábado, ok?

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Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

#credibilidade

1 Comments

  1. Perfeita coluna, parabéns.
    Lamentávelmente é parte do próprio processo de alienação que alguns dos que são vítimas do sistema se prestem a defende-lo. Assim com os pobres que defendem o neoliberalismo excludente. Assim com o tricolor que acha que é 3xagero quando se fala em flapress. Irretocavel texto. Parabéns!
    Aproveito pra ilustrar essa postura pavorosa da mídia esportiva com artigo que li recentemente, recuperado de 2012, logo após a conquista de nosso tetrabrasileiro, que tentava…

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