Magnata e mais 10 (por Sergio Trigo)

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Prezados amigos, saudações tricolores!

Foram sete anos de Fred no comando do ataque tricolor. Em termos técnicos, não era pouca coisa. Trata-se somente do melhor jogador de área brasileiro desde o esgotamento de Ronaldo e Romário. Com seus gols e com os títulos conquistados pelo Fluminense, Fred transformou-se no maior ídolo da história recente do clube (grifem o recente, por favor!).

Além do seu vasto repertório técnico, o jogador encarnou como poucos o papel de líder no clube, estivesse ele ladeado por jogadores do quilate de Deco, Rafael Sóbis e Thiago Neves, ou por garotos como Scarpa, Gérson e Marcos Júnior.

Ao longo de sua trajetória, no entanto, não foram poucos os momentos em que a relação custo-benefício foi colocada à prova. Até que chegou o momento da partida. Não de um modo planejado, como sugeria uma relação já corroída pelo passar dos anos. Os que tanto trabalharam pela saída do jogador, fosse pelo suposto alívio da folha salarial, fosse por suas incursões na função de dirigente-jogador, esqueceram-se de estruturar o processo de saída do jogador e preparar o clube para o que viria.

A questão do alívio da folha salarial é um capítulo à parte, que mereceria uma análise mais precisa, baseada em dados que, infelizmente, não estão à disposição do torcedor tricolor. Entretanto, caso verdadeiros os salários de alguns dos jogadores do elenco veiculados pela imprensa, a tese cai por terra…

Pois bem. Até aqui você deve estar achando o texto “vencido”, com cara de notícia velha e assunto requentado, já abordado por diversos colunistas, mas sinto a necessidade de voltar ao assunto a cada atuação do novo comandante de ataque tricolor. Sinto a necessidade de falar da saída do Fred e dos valores que envolvidos no negócio a cada partida que passa sem que o tal Richarlison dê o ar de sua graça (fiquei sabendo que ele marcou um gol pela seleção brasileira Sub-20 contra o Inglaterra na semana passada; o mesmo número de gols marcados com a camisa do Fluminense desde a sua chegada…).

Sinto a necessidade de falar da saída do Fred a cada jogo como o de sábado, em que o Fluminense permite que um adversário de baixíssimo nível técnico transforme uma partida ganha em uma vitória sofrida. Naquele momento, faltou o líder. Faltou o jogador que o Fluminense não tem mais. O cara que segura a bola, que esfria o jogo, que acalma a garotada.

Sinto a necessidade de falar da saída do Fred toda vez que vejo uma criança carregando o seu nome nas costas. Ainda que revogável, a condição de ídolo é intransferível. Assim como a de líder. O clube hoje sente a falta do ídolo, do líder e do goleador. O clube sofre as consequências de um conjunto de decisões questionáveis.

Uma simples olhada na evolução (?) do elenco tricolor ao longo da temporada permite concluir que “planejamento” é um termo que não tem frequentado as Laranjeiras nos últimos tempos. Alguns dos jogadores que por lá circulam materializam essa conclusão.

Por sorte, o nível técnico do campeonato é sofrível e já temos 34 pontos em 22 rodadas, o que sugere um fim de temporada sem grandes sustos. Que me perdoem os mais otimistas e que eu esteja completamente equivocado em minhas análises, mas não me permito esperar do Fluminense algo além disso em 2016. Aos sommeliers de torcida, informo que isso não quer dizer que eu torça contra, ok? Quero o Fluminense campeão de tudo, mas acredito que, salvo raríssimas e honrosas exceções, isso costume a vir acompanhado de doses generosas de planejamento. Não se conquista um campeonato de 38 rodadas ao acaso.

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Voltemos à tarde de sábado em Édson Passos. Uma das primeiras reações que tive foi esbravejar contra o Levir pela saída do Pierre no intervalo (a que ponto se chega!). Com a zaga exposta, o Fluminense permitiu ao fraquíssimo time do Figueirense complicar um jogo que até então era vencido pelo Tricolor sem qualquer dificuldade. Foi então que percebi que Douglas e Cícero estavam em campo, é que esse tem sido a dupla de volantes titular ao longo de todo o campeonato.

Ora amigos, mesmo preferindo a entrada de Édson (um mistério!) em vez do Marquinho (lento e aparentemente sem ritmo de jogo), passei a acreditar que a mudança não tivesse sido desastrosa a ponto de causar tamanha confusão no time e concluí que não temos um grupo de jogadores capaz de ser organizar dentro de campo e manter o time arrumado durante toda a partida.
Minutos depois, lembrei-me do grande número de alterações promovidas pelo treinador ao longo das últimas partidas. Nos últimos dez jogos do Fluminense, nada menos do que 12 jogadores atuaram nas 4 posições mais avançadas do time. Estiveram em campo. Scarpa, Marquinho, Marco Júnior, Danilinho, Dudu, Aquino, Samuel, Wellington, Henrique Dourado, Richarlison, Magno Alves e Maranhão.

Fica difícil, entrosar e arrumar um time dessa forma, ainda mais se considerada a qualidade técnica de alguns dos citados. Ou seja: contratações em profusão e quantidade, jogadores quando muito razoáveis e um treinador que ainda não conseguiu estabilizar a sua equipe.

Não gosto muito de fazer análises individuais, mas não há como não perceber o alto número de falhas do nosso goleiro ao longo da temporada. Apenas para pontuar os casos mais recentes, depois da falha gritante no primeiro gol do Palmeiras, o goleiro voltou a falhar no segundo gol do Figueirense, e mesmo tendo sofrido falta inquestionável, saiu pessimamente do gol no último lance da partida. Mesmo assim, diferentemente de uns e outros, Cavalieri reúne todas as condições para ser jogador do Fluminense.

Depois da falha do nosso goleiro e do empate do fraquíssimo time do Figueirense, nosso treinador resolveu atender aos apelos da torcida e promoveu a entrada do Magno Alves no lugar de Henrique Dourado (‘Ceifador’ só se for da paciência da torcida!). Em pouco mais de 20 minutos em campo, o Magnata fez o que dele se espera e garantiu a vitória tricolor.

Longe de ter sido um craque ao longo de sua interminável carreira, Magno Alves demonstra mais intimidade com as redes do que o centroavante de plantão, cujo nível de atuação até o momento não parece justificar o investimento. O veterano atacante conhece as operações básicas do futebol, ainda se movimenta bem e tem se mostrado mais eficiente do que os seus concorrentes. Mais que uma opção, portanto, sua escalação contra o Botafogo soa como uma necessidade.
Uma vitória diante do alvinegro certamente animará a galera que olha para a parte de cima da tabela e trará alívio aos que olham para a parte de baixo. A cara do Fluminense de 2016: muitos dilemas e poucas certezas.

A única certeza de hoje é a seguinte: na quarta-feira, é Magno Alves e mais 10.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @S_Trigo

Imagem: ST

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