Quarta-feira foi dia de festa lá em casa e também de reaprender uma lição. Faço aqui uma mea culpa. Depois do empate com o Nacional do Uruguai em um a um no Estádio Nilton Santos, não acreditava na classificação do Fluminense para a semifinal da Sul-Americana. O Fluminense de 2018 me causa mais pena do que raiva. Vejo o esforço dos jogadores, a garra do Gum, a falta de competência da diretoria, a falta de público nos estádios e tenho pena da situação do clube. Com esse sentimento que me sentei ao sofá ao lado de Filipe e Fernando para assistir ao jogo de volta das quartas-de-final. Celular na mão, dois ovos cozidos para aplacar a fome e a certeza de que seríamos desclassificados.
Por amor aos meus ouvidos e por já ter gasto toda a minha energia para discutir nas eleições, nem sonhei em comentar com Filipe a minha desesperança. Já sabia a bronca que levaria. “Modinha”. “Só acredita quando o time está bem”. “Tem que apoiar ainda mais”. “Tenho certeza que a gente leva”. “Se não acredita na vitória, nem senta aí”. “Tem que acreditar sempre!” Começou o jogo, fui checar algumas mensagens no celular e ouvi: “larga esse celular, olha o jogo, pô!”. Não escapei da bronca, cedi e me conectei ao clima de decisão. Bora lá, Nense! Gritei, disfarçando.
O que vi me surpreendeu. Para mim, o melhor jogo do Fluminense que me vem à memória em 2018. Um primeiro tempo com algumas chances, faltando apenas a bola chegar com mais carinho para Luciano e um segundo tempo ainda melhor me fez pensar na sábia decisão de ficar calada e não cantar derrota antes do final da partida. Fui contagiada! Comecei a acreditar que, sim, poderíamos vencer na casa deles! Só falta acertar o último passe… Anda, gente! Nessa altura, eu já berrava na sala, chutava a mesinha de centro e xingava muito. Virei torcedora novamente! Há quanto tempo não sentia esse gostinho de torcer de verdade? Há quanto tempo meu coração não palpitava de medo de tomar um gol? Há quanto tempo eu não chorava junto com o Gum berrando do meu sofá para ele me escutar lá no Uruguai?
Se permitir que o descrédito, o desânimo ou a pena sejam aquilo que me move no futebol, terei que dar razão ao Filipe: “se não acredita na vitória, nem senta aí”. Já sabia, desde 2009, e tive que reaprender a minha lição: a maior alquimia do futebol resulta da irracionalidade da paixão. E que venha o Atlético Paranaense!
Panorama Tricolor
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