Libertadores, dia do maior duelo do Fluminense (por Vitão)

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No sábado, o Fluminense foi a campo com seu time alternativo e passou por cima do Resende praticando um futebol criativo, impositivo, versátil e vencedor. O título antecipado da Taça Guanabara consolidou a dualidade Tricolor de possuir duas equipes vencedoras, cada uma no seu campeonato e com sua forma de jogar. Dos times menores, o Resende é o mais organizado taticamente, tanto que uma semana antes havia vendido caro um empate contra o Flamengo. O sol rachava em Volta Redonda e o adversário ainda possuía chances de alcançar a zona de classificação. Mas o Flu foi inapelável e passou o trator com dois gols logo no início, o que fomentou ainda mais a imposição técnica que propiciou ao Flu controle absoluto do jogo. Mais uma vez o 4-3-1-2 (4-4-2 losango) com Ganso de enganche, Martinelli e Nonato pelas meias laterais e uma dupla de ataque faminta por gols, fez do Fluminense um time ofensivo e propositor de jogo.

O talentoso 4-4-2 dos reservas, assim como havia sido contra o Vasco, engoliu o adversário com técnica e superioridade numérica nos setores. O resultado de 4×0, uma legítima goleada, mesmo que sonora, não traduz o domínio pleno que o Fluminense teve na partida. Wellington ficou preso com os zagueiros e tanto Nonato, quanto Martinelli, voaram pelos corredores laterais do meio como autênticos carrileiros do futebol portenho. E Ganso, o craque da partida, desfilou sua genialidade sutil como um legítimo regista da escola italiana, criando por trás em uma zona morta que lhe conferia espaço. Com a subida constante dos laterais, o Tricolor encontrava facilmente espaços para invadir o 4-4-2 em linhas do Resende, totalmente fragilizado com as inserções em duplicidade pelos lados e pela movimentação de qualidade exercida pelo corredor central do Flu. De forma merecida, o time reserva honrou seu caráter técnico e venceu convencendo. Abaixo, Ganso orquestrando o 4-4-2 losango na fase ofensiva.

Mas o jogo que realmente importa para o Flu, duelo mais importante na temporada até agora, é a primeira partida contra o Olimpia pela Libertadores, jogo que será disputado no Rio. A grande questão deste duelo é a forma de jogar das duas equipes. Tanto o time titular do Fluminense quanto o Olimpia, são equipes montadas para o jogo reativo e não possuem a figura do armador central em suas concepções táticas. O time paraguaio atua no 4-4-2 em linhas quando perde a bola. Quando ataca o adversário, Derlis González abre pela direita, Cardozo mergulha pela esquerda e Recalde, o ponta de lança, vira centroavante. Porém, a figura do meia armador é uma carência latente que existe na meiuca do rival paraguaio. O volante Ortiz tenta fazer esse papel, mas as ligações costumam ser velozes e em reação. Ou seja, também não existe no 4-4-2 do Olimpia um aproveitamento qualitativo da intermediária do adversário. Abaixo, o Olimpia na fase ofensiva.

A carência de meias criativos vislumbrada no Olimpia é a mesma ferida que está exposta no time titular do Fluminense. O 4-1-4-1 possui três volantes, muita transpiração e pouca inspiração. Nenhum dos meias talentosos que estão brilhando no time reserva possuem vaga nos onze de Abel. Martinelli, Nonato, Ganso e, sobretudo Árias, continuam se destacando apenas no time reserva. Contra o Millonarios na semana passada, vencemos sem convencer jogando um primeiro tempo muito abaixo e, no segundo, conseguimos dois gols com ligações diretas realizadas pela dupla de zaga. Ou seja, o time reserva e seu meia talentoso controlam o jogo com técnica, infiltrações e passes de categoria. Já do time titular sempre esperamos aquela especulação que flerta com o perigo e as bolas longas, afinal o corredor central quase inexiste sem alguém qualificado pelo setor. Uma pena, afinal o adversário tem um balanço defensivo lento e oferece bastante espaço atrás da linha de meio, como mostra o flagrante abaixo.

Desta vez o primeiro duelo é em casa e isso muda toda a dinâmica do jogo de quarta. O Fluminense precisará se impor desde o início para conseguir o resultado. O Olimpia deve se fechar em suas linhas e esperar o Tricolor, como fez o Millonarios semana passada. Se o Flu der a bola, como costuma fazer seu time titular, a equipe paraguaia vai subir suas linhas e, mais perto da área, aumenta consideravelmente a chance de complicar a vida do time da casa. Longe da área e o Flu tendo o domínio da bola, será muito mais difícil para o time paraguaio agredir a defesa. É jogo para Luiz Henrique, afinal eles atacam muito pela esquerda. É jogo para circular a bola com velocidade, afinal, mesmo que obtenha duas linhas bem cerradas sem a bola, o balanço defensivo deles é lento e deixa a desejar. É um jogo de imposição psicológica não somente pela força, mas sobretudo pela técnica. É jogo com espaço entre as linhas para um meia habilidoso jogar, mesmo que na necessidade do segundo tempo. Salve o Tricolor!