Os inúmeros obstáculos que o Fluminense tem vivenciado em relação a estádios na Libertadores, não só em relação a São Januário como agora o próprio Engenhão, demonstram claramente que, mais do que uma questão estratégica, é fundamental para a nossa sobrevivência o Fluminense estar presente no Maracanã.
A posição do Fluminense como um dos operadores do Maracanã é também a fuga do conceito de apequenamento de um clube que, em seus programas de sócio, tem condições de colocar cerca de 30 a 40 mil torcedores em cada jogo. Estar na gestão do Maracanã, mas fundamentalmente para não dar um espaço ao Flamengo, pois, caso o Fluminense não esteja presente e com a derrocada financeira de Vasco e Botafogo, o Maracanã virará um “templo do urubu” com cadeiras vermelhas e pretas mais símbolos espalhados por toda parte, e nunca mais qualquer clube do Rio de Janeiro chegará perto esportivamente e financeiramente. Ou seja, do ponto de vista de inteligência competitiva não é bom só para Flu estar no Maracanã, mas também é bom para Vasco, Botafogo e principalmente para todo o futebol carioca.
Durante o início do processo de licitação, na chamada fase de Audiência Pública, fiz questão de, como cidadão e torcedor do Fluminense, fazer uma manifestação formal em relação às Minutas dos Editais e Termo de Referência, conforme a lei me coloca e garante, demonstrando claramente que o processo, como estava sendo conduzido nas minutas, gerava um direcionamento claro para que a futura concessão fosse entregue ao Flamengo por uma razão óbvia: as condições estabelecidas já se tem conhecimento previamente e só o Flamengo no Rio de Janeiro poderia atendê-las. Ou seja, princípios básicos de legislação que deveriam ser observados, em especial aqueles voltados à competitividade e, consequentemente, à economicidade.
Nesse final de semana, recebi de um advogado que também é tricolor, um print que está abaixo e mostra a tramitação do processo dessa eventual licitação de concessão dentro do Governo do Estado. O que me deixou extremamente impressionado é que Flamengo e Vasco haviam feito manifestações formais e, pelo que demonstra o print, que inclusive está com a minha manifestação, entre as poucas que foram feitas, o Fluminense, pasmem, não teria feito essa manifestação de maneira formal em seu nome. Isso é mais do que preocupante, chega a ser desesperador e no mínimo estranho, sugerindo no mínimo incompetência ou leniência.
A tão clamada Certidão Negativa de Débito (CND) que o Fluminense, desde o início dessa gestão, falou que estaria obtendo e que acho que seria uma grande conquista, acabou sendo uma grande “cabeça de bacalhau”, pois ninguém nunca a viu, ninguém tem uma previsão de que realmente aconteça e certamente é muito importante para esse processo, apesar de que ele possa ter modelagens que clubes que não têm o CND, como o Fluminense, possam participar.
Isso é gravíssimo e extremamente preocupante, portanto temos que ficar muito atentos, pois os sinais acontecidos na Libertadores serão muitas vezes multiplicados e achar que vamos colocar Laranjeiras, que defendo que seja revitalizado, num patamar para realizar jogos de médio e grande porte ou que faremos um novo estádio é não ter um mínimo de conhecimento da realidade que se envolve para fazer tais operações.
Temos que continuar acompanhando e espero que, pelas boas práticas, esse edital venha a ser submetido, antes de ser colocado para cotação no mercado, à Corte de Contas Estadual, que é o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Pela tramitação do print, parece não ter sido enviada ainda.
Para aqueles que também querem conhecer minha manifestação formal, que lamentavelmente parece ser a única em defesa do Fluminense, ela se encontra no link abaixo.
CLIQUE AQUI – CARTA DE WAGNER VICTER À COMISSÃO DE LICITAÇÃO DA CONCESSÃO DO COMPLEXO DO MARACANÃ
Caro tricolor Victer,
Suas preocupações devem ser encaminhadas também à direção do Fluminense.