Primeiramente, o fundamental, o que está acima de todas as coisas, o mais importante: que o Fluminense neste domingo consiga uma expressiva vitória sobre o sempre incômodo América Mineiro e melhore sua classificação neste Brasileirão 2016. Torcer contra é meu cacete duro!
Mas nesta sexta olímpica venho tratar de outro assunto, que considero grave e, por isso, deixo de lado minha folga de hoje.
Em seus quatro anos de vida, o PANORAMA tem pautado suas diretrizes pela pluralidade de opiniões e pelo respeito mútuo, o que é fundamental para se entender a dimensão desta coluna. Aqui nossa regra é a pluralidade sem censura: quem tiver dúvidas basta ler as recentes – e díspares – colunas de Marcus Vinicius Caldeira e Felipe Fleury. Aliás, que não percam tempo em estimular rivalidades entre mim e Caldeira por conta da situação x oposição no Fluminense: quando começamos nossos debates, hoje regados a deliciosos chopes dourados da realidade, a grande esperança do Fluminense se chamava Ricardo Pinto, com Ribamar de coordenador de jogadas.
Censura? Basta ler Rogerio Skylab – que desafia definições – e Alva Benigno – esta, a maior escritora de literatura gay voltada para o futebol no Brasil.
Aqui não é propaganda, mas atitude.
Infelizmente, sei que não ocorre fidalguia e até mesmo racionalidade quando o assunto é política do Flu pelo mundo afora, principalmente hoje nestes tempos de redes sociais a poucos meses da eleição presidencial do clube.
As discussões sobre ideias são infeliz e comumente trocadas por agressivas acusações pessoais, leviandades, infâmias e covardias que naturalmente só são proferidas eletronicamente, até porque para alguns falta hombridade de repeti-las cara a cara.
E só quem perde com essa baixeza de espírito é o Fluminense, ao contrário de quem opta por este tipo de comportamento visando exclusivamente benefícios pessoais. Não existe nenhum panfleteiro político bonzinho a ponto de passar o dia inteiro na web ofendendo, agredindo, mentindo e distorcendo a história e a opinião alheias apenas por “amor ao Tricolor”. É como almoço grátis.
Esta postura odiosa, opressora e quase satânica de alguns chegou a tal ponto que vários torcedores estão autoexilados do clube, das arquibancadas e tudo o que cerca o Fluminense – e ninguém é tão ignorante a ponto de imaginar que lotar o estádio de Edson Passos é uma “grande vitória tricolor”, com nove mil pessoas em um clube que tem milhões de adeptos. Seria muito analfabetismo sobre a história do Tricolor.
O estímulo ao ódio de tricolores contra tricolores é abominável sob qualquer hipótese, nojento e deve ser tratado como o tumor que é, antes que venha a se tornar uma metástase em nossa torcida.
Chega ao limite máximo do patrulhamento, como se algum destes seres extraterrestres, que se autoproclamam “donos das Laranjeiras”, tivesse o poder divino de decidir os pensamentos, as opiniões e o trabalho alheios. Patético.
Por acaso, num dia desses, lembro de um suposto leitor que veio comentar sobre “minha postura lamentável” a respeito de eu “entrar no jogo” de Leandro Dias, editor da NETFLU, por ocasião da gravação do Panorama Especial da semana passada, ao mesmo tempo em que “repudiava a prática corporativa da imprensa”.
É curioso como as pessoas, em nome do estado democrático de direito, aproveitam oportunidades para os piores tiros n’água.
Chamou-me a atenção alguém ter dito que fazíamos práticas corporativas aqui, exceto se fosse um pombo-correio.
Não fazemos jornalismo, mas literatura, opinião e resgate histórico. Basta ler.
Vamos lá: temos mais de dez mil páginas publicadas em defesa do Fluminense com conteúdo 100% próprio (o maior acervo dentre todos com estas características nesta condição), mais de 20 livros e autores já publicados e é minimamente razoável imaginar que eu e nossa equipe trabalhamos aqui sem remuneração (e ainda pagando do bolso) em defesa do Fluminense, não o contrário.
Sobre “entrar no jogo” da NETFLU, é apenas uma bobagem retroalimentada pelos panfleteiros da politicagem do clube na luta pelo poder e só. Mera citação.
O que aconteceu para a gravação do nosso programa de TV foi muito simples: Leandro Dias é meu amigo, não concordo de forma alguma com a prática de censura que seu site hoje sofre do Fluminense e a minha trajetória de vida não me oferece o papel de massa de manobra, nem de ovelhinha fiel ao pastor no campo. E só. Trazê-lo ao PANORAMA foi uma oportunidade de lhe dar o direito de contraditório, algo fundamental naquele mesmo estado democrático de direito mencionado parágrafos acima. Já tivemos mais de uma centena de convidados e, quando estes tinham simpatia pela atual gestão do clube e por seu grupo político de sustentação, não foram poucos os aplausos. Por que será?
De uma parceria entre cronistas da NETFLU e do PANORAMA, mais convidados, nasceu aquela que é a mais emblemática obra de defesa institucional do clube que se tem notícia nas últimas décadas: este livro, que causou celeuma no Sportv e elevou a autoestima de milhares de tricolores, tendo esgotado sua tiragem velozmente.
Aliás, o impacto foi tão grande que até o blog do grupo político da atual gestão do clube fez questão de divulgá-lo e elogiá-lo como “um gol de letra tricolor”, demonstrando alegria desde o primeiro parágrafo. Tudo muito diferente de quem bosteja contra os blogueiros e escritores tricolores nas redes sociais, talvez por enxergar – com doentia obsessão – nos outros os vícios de caráter que carrega em si. Queira ou não o bostejador, esse livro só existiu por minha causa, por diversos motivos.
Não preciso gostar de tudo que é publicado no NETFLU – leia-se Zé da Meleca – para admirar o trabalho profissional do site, que revela as eventuais mazelas do Fluminense é por conta do seu ofício. Aliás, estive a um passo de ser publicado lá, o que só não ocorreu por porque as partes não chegaram a um acordo sobre os direitos federativos.
Duvido que qualquer tricolor, jornalista ou não, tenha prazer em constatar más notícias do clube, mas acontece que jornalismo não é propaganda. Para contar um mundo belo e perfeito aos sonhos de Pollyanna, já existem o site oficial e o blog oficioso com considerável eficiência. Viva a liberdade de expressão. Ou querem viver saudando a máxima de Rubens Ricúpero?
Há quem considere o NetFlu uma cópia do NetVasco (excelente, por sinal). Uma opinião democrática. Eu pergunto: qual o problema de se inspirar em algo bem feito? O PANORAMA também é uma cópia malfeita (mas com músicos muito mais talentosos, risos) do saudoso Fluminense & Etc, fundado por Marcelo Savioli (com seu grande trabalho hoje em O’Tricolor) e Marcello Vieira (ex-Lance, hoje assessor do presidente do clube). Lá, escrevi dezenas de colunas.
Jornalismo é uma coisa, propaganda é outra.
Em tempo: neste PANORAMA, coloco dinheiro do meu bolso para que ele funcione, além da inestimável colaboração dos nossos escritores, cronistas e colaboradores. Nunca recebi um centavo do Fluminense para absolutamente nada – e nem aceitaria. Faço livros por diversão: nenhum deles paga 10% do que eu ganharia com aulas particulares. Trabalho há 25 anos em empresa privada, admitido por processo seletivo, e sob oito diretorias de diferentes gestões, o que dá uma razoável dimensão do meu perfil profissional. Escrevo livros, não calúnias e chorumes nas redes sociais. Minhas críticas e elogios realizadas aqui no blog não são compradas, nem têm preço “apaixonado”.
Para finalizar: é muito cômodo bater hoje na NetFlu, assim como era cômodo “deixar para lá” os violentos ataques diários da mídia esportiva convencional do Brasil em 2014. Onde estavam seus detratores de agora naquele momento, quando o mundo desabava sobre as Laranjeiras, num festival de ódio, pedras e paus virtuais?
Salvo raríssimas exceções dentre seus críticos – e Caldeira, vigoroso soldado da causa, foi uma delas –, estavam quase todos feito avestruzes com a cabeça debaixo da terra, enquanto a porrada comia solta e tricolores eram acossados na rua. O Fluminense foi feito de sede do jornal Charlie Hebdo e ainda tinha gente rindo da própria impotência.
Os sites e blogs tricolores – NetFlu inclusive, lógico – assumiram a defesa do clube contra a GLOBO, ESPN, Sportv, Band e congêneres, inclusive ameaçados de processos pelos criminosos parajornalistas que assumiram o serviço sujo de apedrejar o Fluminense feito uma Geni e tentar removê-lo a faca da primeira divisão do campeonato brasileiro.
O que os vociferadores de hoje fizeram contra Renato Maurício Prado (Globo/Fox), Antero Greco (ESPN), Juca Kfouri (ESPN), Mauro Cézar Pereira (ESPN), Milton Neves (Band), Flávio Prado (Gazeta), André Rizek e André Lofredo (Sportv), entre outros menos votados?
Rigorosamente nada.
Nenhuma surpresa: basta pensar em quem dialoga com os humildes em voz alta, mas baixinho com os demais.
Meu caso é outro: o meu modesto trabalho colocou o Fluminense na Biblioteca Nacional, e não em murais de Matildes que tentam fazer o torcedor do Fluminense de otário.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: zanzi
É hora de acabar com esse nazismo que cerca o Fluminense
Parabéns pela lucidez.
O que é mais interessante é a quantidade de elogios que o mesmo NetFlu recebia quando postava notícias contra a gestão Horcades e notícias envolvendo a Flusócio.
Agora é só paulada.
Sócio em condições de voto tem que ficar de olho bem vivo em relação as eleições do fim do ano. Como e quem vai fazer a fiscalização das mesmas…