Domingo de clássico entre as duas maiores torcidas do Rio de Janeiro: público menor que o do Flu no dia anterior. Em campo, a polêmica foi a estrela: um gol não assinalado pela arbitragem em um erro crasso a favor do mais querido da mídia nacional. Até aí nada, pois, afinal, os equívocos dos homens do apito decidem jogos e alteram placares desde que o nobre esporte bretão é disputado.
As redes sociais repercutem: “roubado é mais gostoso”, “chega de mimimi”, “o choro é livre” e tudo o mais. Nada que surpreenda. Isso é futebol. Mas vale para mostrar como a paixão é que define a moral e a ética no futebol. Por isso, confundir os resultados em campo e o regulamento do campeonato com a ética social, relacionando decisões da esfera esportiva à falência moral das instituições políticas brasileiras mostra-se evidentemente uma falácia gigantesca.
Além do mais, rubro-negros em geral são coerentes. Comemoraram a vitória da forma como foi com bastante galhofa pelo erro do árbitro. Isso justifica suas pedradas à situação do Flu no julgamento do caso Gávea-Canindé: cumprir as regras não faz parte do cardápio da maior torcida. Assim, como ninguém fica com vergonha de vencer favorecido contra as regras, nenhum tricolor ficaria pelo resultado do STJD, já que, neste caso, houve apenas o cumprimento do contrato firmado por todos os clubes.
É óbvio que o Flamengo tem o direito de ir à Corte Arbitral do Esporte e questionar a decisão do STJD. Fico feliz por ver o clube da Gávea cumprir o rito desportivo no tocante a seus recursos. Justo. Diferentemente da Portuguesa, cujo Conselho Deliberativo planeja recorrer à Justiça Comum para criar um imbróglio ao melhor estilo Gama, sendo, inclusive, assessorado por um dos dirigentes do clube do Distrito Federal para melar o contrato que ela mesma assinou.
A medida talvez seja uma resposta a uma possível negativa por parte da Caixa Econômica em patrocinar o clube paulista, que correu para a estatal em busca de dinheiro. O curioso é que a massa jornalística, que levantava suspeitas contra o Flu e sua patrocinadora, dispensa poucas linhas para essa notícia. Caso a proposta envolvesse a Unimed, não há dúvidas sobre como seria seu espaço nas manchetes dos periódicos com inúmeras ilações conspiratórias.
A mídia aponta seus canos fumegantes contra nós de maneira constante e criminosa. As acusações ganham relevo e manchetes; ao passo que, quando o caminho dos fatos mostra outra verdade, o assunto perde importância e é abandonado pelos folhetins. Da mesma forma ocorre com o campeonato. Até há algumas rodadas o “carioquinha” estava pegando fogo, de suma importância. Bastou a liderança trocar de mãos para que as notícias deem conta de como os jogos são deficitários e tudo o mais.
Mesmo no noticiário da Seleção não somos poupados. Há quase um mês especula-se que Fred tem de “garantir” sua vaga com o Felipão, que deve mostrar serviço para ser convocado e discutem-se, ademais, seus possíveis substitutos. Uma campanha tosca tentou levantar a ideia de cogitar-se Hernane como selecionável. Meus próprios amigos flamenguistas (há muitos de bom senso, diga-se de passagem), envergonharam-se do papel ridículo desempenhado pela mídia.
É assim, convivendo com as manchetes que mais vendem, que a verdade vai sendo cunhada. E contra tudo isso, não devemos estar apenas nós, tricolores, mas todos aqueles que já empunham a bandeira de uma mídia independente e democrática. No mínimo, menos sórdida. Agora que o diploma de jornalismo voltou à obrigatoriedade, poderia considerar-se que um pouco de ética faria bem à classe.
* Título em português do filme Lock, Stock and Two Smoking Barrels, do cineasta inglês Guy Ritchie.
Panorama Tricolor
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Imagem: PRA
ATENÇÃO: A mulambada está criando um factóide sobre a contrataçao do Elias para tumultuar a eleição da UNIMED. Eles querem criar um Fla-Flu lá dentro para polarizar os votos. A ideia é dizer que o Celso Barros é perdulário querendo comprar até mesmo atletas muito caros que o Flamengo não teve condições de pagar. Querem sensibilizar os associados da UNIMED com esse discurso rasteiro de que o patrocínio com o Fluminense seria uma excentricidade injustificável do Celso Barros. ISSO É GOLPE!
Tem um detalhe que eles estão esquecendo: o colégio eleitoral é formado por médicos, não por analfabetos, mesmo os funcionais, aqueles que leem mas não entendem o conteúdo, ou seja, não é composto de uma maioria rubronegra, e os que lá estarão, não se enquadram nestas 2 hipóteses.