Era uma noite, uma final de campeonato e todos os corações do mundo tinham as três cores da fé. Nas camisas, nas bandeiras e dentro do peito. Nas cabeças libertárias.
O resumo era de cada um.
Os tricolores vieram de todos os lugares, praças, compromissos e nichos para viver um grande amor em Juiz de Fora. A distância não é lance, a nossa onda de amor não há quem corte.
Atentos, os olhares espiavam cada passo, lance ou verso de bola. Era o Fluminense com sua luta por mais um título.
Um dos nossos companheiros, voltando do trabalho ou do curso, com seu caderno fazendo vezes de bandeira das Laranjeiras, fez-se a personificação dos versos de João Bosco e Aldir Blanc.
“Salve o navegante negro/que tem por monumento/as pedras pisadas do cais”.
O Brasil tricolor do Brasil. O Fluminense que merece o Brasil. O Fluminense que trabalha e confia.
Não faz muito tempo. Isso é amor.
Imagem: João Leonardo Medeiros
Texto: Paulo-Roberto Andel
O MESTRE-SALA DOS MARES
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então
Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias
Glória à farofa
à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais
Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: jlm