Em cima: Victor, Jair Santana, Emílson e Oldair
Em baixo: Marinho Chagas, Dionísio, Washington e Assis
Sabe aquela parte da cerimônia do Oscar em que são homenageadas as personalidades da indústria cinematográfica que faleceram ao longo do ano? Pois bem, a minha coluna de hoje é mais ou menos isso. Sem o mesmo glamour, é claro, mas falando de personagens tricolores que protagonizaram dramas e épicos com os quais as produções hollywoodianas jamais sonhariam.
O ano de 2014 foi um tanto quanto doloroso para nós. Perdemos grandes campeões. Perdemos ídolos. Perdemos um dos maiores ídolos de todos, senão o maior: Assis, o eterno carrasco. Perdemos do nosso convívio, mas o Fluminense não os perderá jamais. Já fazem parte da história. Já viraram lenda.
Com esse post registro, resumidamente, os feitos e glórias de todos eles envergando a camisa tricolor. Afinal, como já dizia o maior tricolor de todos, “ai do clube que não cultiva santas nostalgias”. Ou ainda……”recordar é viver”.
Victor
01/01/1928 – 01/11/2014
Victor despertou o interesse do Fluminense no campeonato de 1950, jogando pelo Bonsucesso. No ano seguinte acabou sendo contratado, vindo a integrar uma equipe que marcou época. Naquele ano surgia a mística do “timinho”. De início, uma alcunha pejorativa criada pela imprensa esportiva para denominar um time de poucas estrelas (nota do autor: até hoje tenho dificuldade em entender como um time que tinha Castilho, Píndaro, Pinheiro, Bigode, Telê, Orlando “Pingo de Ouro” e Didi pudesse ser chamado de timinho). Mas no fim do ano, após uma campanha memorável, a cidade teve que se render ao “timinho”, que levantou o título de campeão. Aos 86 anos, Victor era um dos ex-jogadores tricolores mais velhos ainda vivos. Mais velho que ele, que eu tenha notícia, apenas o Emílio Ibrahim, que jogou pelo Fluminense em 1948/49 e aos 89 anos mantém uma lucidez impressionante, mas isso é uma outra história.
Jair Santana
20/02/1929 – 13/10/2014
Veio do Olaria em 1952 e passou a disputar posição com Victor. Ora jogava um, ora jogava o outro. Foi o títular na campanha da Copa Rio/Mundial de 1952. Jogou no Fluminense até 1960 ganhando os títulos do Rio-São Paulo em 1957 (o primeiro de um time carioca e o único título invicto dessa competição até hoje), do Carioca em 1959 e novamente do Rio-São Paulo em 1960.
Em 2012, por ocasião dos 60 anos do mundial, o Globo Esporte fez essa bonita matéria com Jair Santana para relembrar o título.
Emílson
10/02/1932 – 24/04/2014
Costumava dizer com orgulho que no Fluminense ganhava título todo ano. Não é exagero. Foi campeão juvenil em 1949 e 50 e campeão de aspirantes em 1951, 52, 53 e 54. Fez 95 jogos pelo time principal, e embora não tenha chegado a atuar, estava entre os 22 inscritos na Copa Rio, o Mundial de clubes de 1952. Após deixar o Fluminense teve uma passagem pelo futebol europeu, mais precisamente pelo Espanyol de Barcelona. Na função de supervisor, ajudou ainda o Fluminense a conquistar o título carioca de 1973.
Oldair
01/07/1939 – 31/10/2014
Do futebol de várzea em São Paulo ao juvenil do Palmeiras, de lá para as Laranjeiras, onde chegou no início de 1961 para um perído de testes. Agradou o técnico Zezé Moreira e ficou. Naquele ano jogou mais pelo time de aspirantes do Fluminense, onde pôde mostrar suas qualidades de volante clássico e exímio cobrador de faltas. Já como titular absoluto da equipe principal, foi vice-campeão carioca em 1963 e campeão no ano seguinte. Pouco depois do título foi vendido ao Vasco. Chegou a figurar entre os pré-convocados para a Copa do Mundo de 66. Em 1971 ganhou o campeonato brasileiro pelo Atlético-MG de Telê Santana.
Marinho Chagas
08/02/1952 – 01/06/2014
Um craque, eleito melhor lateral esquerdo da Copa de 74, Marinho chegou às Laranjeiras no início de 1977. Era um sonho antigo do presidente Francisco Horta, concretizado através de um troca-troca com o Botafogo. Jogou na terceira e menos bem sucedida versão da Máquina Tricolor do Dr. Horta. Não que o time fosse ruim, de forma nenhuma. Apenas não era tão bom quanto as máquinas de 75 e 76. Jogando em sua posição de origem ou como meia, Marinho comandou a equipe tricolor ao lado de Rivellino nos anos de 77 e 78, até ser vendido para o Cosmos de Nova York. Sua principal conquista pelo Fluminense foi o Torneio Teresa Herrera na Espanha.
Dionísio
09/10/1947 – 24/09/2014
Centroavante, exímio cabeceador, tinha o curioso apelido de “Bode Atômico”. Jogou no Fluminense apenas a temporada de 1973. O suficiente para deixar seu nome na galeria de campeões tricolores. Foi uma passagem meteórica pelas Laranjeiras mas muito bem sucedida. Em um ano o atacante marcou nada menos que 33 gols e levantou o título do Campeonato Carioca. Na histórica final contra o Flamengo, vencida por 4×2 debaixo de chuva torrencial, quem deu um show à parte foi Manfrini. Mas Dionísio deixou sua marca de goleador, fazendo o último gol da partida e selando a vitória tricolor.
Washington
03/01/1960 – 25/05/2014
Assis
12/11/1952 – 06/07/2014
O Casal 20 tricolor. Juntos, colecionaram títulos, com destaque para o tricampeonato carioca e o brasileiro de 1984. Fizeram parte de um dos times mais queridos pela torcida em todos os tempos, e foram dois dos principais responsáveis por isso. Qualquer coisa que se fale sobre o que essa dupla representa para o Fluminense é pouco. Nasceram um para o outro, e ambos para o Fluminense. Quis o destino que partissem quase juntos, como se não pudessem mesmo ficar separados, nessa vida ou em outra.
Na ocasião da morte de Washington, fiz o vídeo abaixo para homenageá-lo, reunindo nada menos que 83 gols do atacante com a camisa tricolor. Deveria ter feito o mesmo para o Assis, mas confesso que me faltou força.
No período em que estive à frente do Flu-Memória, quatro desses grandes jogadores estiveram no clube para serem homenageados. Jair Santana, Emílson, Victor e Dionísio. Sem falar no Assis, que até vir a falecer era constantemente convidado pelo clube para os mais diversos eventos. Certamente foram homenagens menores do que eles mereciam, mas espero que tenham sido suficientes para que tenham partido com a certeza de que fazem parte do Fluminense para sempre.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Belíssima homenagem, Bolt!
Felipe Fleury, Guilherme Sillero e Ricardo Lafayette, Obrigado!!!
Parabéns pelo post Bolt! Sem dúvida nenhuma, um ano triste com muitas perdas, sobretudo na partida quase que junta, da dupla Assis – Washington. Abraço
Muito bom !
Obrigado pelo excelente post !
Vídeo sensacional!
Viva o Fluminense!
César,
que legal saber que o Índio ainda é vivo. Espero que esteja bem de saúde. Talvez haja mais alguns dessa faixa etária por aí, mas, dos que tenho notícia, é realmente o que tem mais idade.
Fato curioso é que o Emílio, que citei no texto, e o seu avô, jogaram juntos no Fluminense. A passagem dos dois pelas Laranjeiras foi exatmente no biêno 1948/49. Seria um barato reuni-los para um bate-papo sobre seus tempos de jogador.
Grande abraço
Sou neto do Indio( campeão municipal de 1948) pelo Flusão com gol de bicicleta do inesquecível Orlando Pingo de Ouro. Não sei se é o mais velho ainda vivo, mas hoje tem 94 anos. Um grande abraço.
2014 foi um ano de perdas. Rememorá-las é, antes de tudo, um exercício de amor aos ídolos que partiram. Bela homenagem!