Hudson e os arredores: contratação não é necessariamente reforço (por Paulo-Roberto Andel)

A recontratação de Hudson é mais um exemplo típico de como funciona o entra e sai angiônico de jogadores do Fluminense, mesmo com o êxito da conquista da vaga à Copa Libertadores 2021.

Vindo do São Paulo, com mais de trinta anos (mera observação), o jogador não funcionou no Fluminense em 2020. Não conseguiu repetir a performance de temporadas mais distantes, especialmente pela marcação e lentidão.

Seria um titular dos sonhos da diretoria, mas acabou perdendo a posição pré-conquistada. O pessoal às vezes se esquece, mas o time que carimbou a sonhada e comemorada classificação à competição continental era, sem dúvidas, bem diferente do “planejado” no início da temporada passada.

Então Hudson retornou ao São Paulo. Apesar de certa crueldade de parte da torcida, comemorando a saída, a explicação era óbvia: a contratação não vingou.

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Quinze dias depois, virou o “novo reforço” do Fluminense, que prioriza em 2021 uma competição que, em sua essência, costuma ser disputada em partidas de muito empenho físico e velocidade, especialmente se for o caso de jogos na altitude.

Informações dão conta de que o clube contaria com Hudson por ser versátil e alto, o que ajudaria em bolas aéreas.

Muitos comemoraram que, com a chegada do lateral Samuel Xavier, Calegari deixaria de ser improvisado, lutando por uma vaga no meio ao lado de André, Martinelli e outros jovens jogadores do elenco tricolor.

A pedido de Roger, em tese, o Fluminense contratou Wellington, jogador que veio em declínio do Atlético, numa aposta em temporadas já distantes. Hudson se enquadra na mesma situação.

Não se trata de nenhuma campanha pessoal contra o jogador. Aqui se trata apenas de seu desempenho com a camisa tricolor. Mas, sinceramente, em caso de eventualidade ao longo de 2021, alguém consegue imaginar um meio de campo constituído por Wellington, Hudson e Ganso juntos, por exemplo, do ponto de vista do rendimento efetivo?

No caso de Wellington, ainda há o argumento de que é preciso ver o jogador em campo para depois se saber o que esperar dele. No caso de Hudson, a sentença não cabe. Nos dois casos, dois jogadores com as últimas temporadas bem abaixo de suas realizações noutros momentos das respectivas carreiras.

Cornetar jogadores antes de atuar pode parecer precipitação, mas não dá para desprezar a Estatística Descritiva, popularmente chamada pelo anglicanismo scout. É o caso do zagueiro Rafael Ribeiro, cuja estreia extraterrestre diante da Portuguesa já merece cuidados. Renato veio com números assustadores – recordista em passes errados -, o que no mínimo causa estranheza.

Na última vez em que treinou o Fluminense, em 1998, Edinho criou caso com a contratação do veterano lateral Nonato, então encostado no Cruzeiro. Numa confusão que ganhou as páginas dos jornais, o treinador – e também um dos maiores ídolos da história do clube, ao menos para os que o viram jogar – sentenciou: “Jogador que é reserva em outro clube não serve para ser titular do Fluminense”. No fim, Edinho saiu e Nonato ficou. Meses depois, o Fluminense amargaria o pior momento de sua história: o rebaixamento à série C.

Longe de comparar as situações, o caso acima quer dizer de um conceito, um pensamento. Alega-se que o Fluminense não tem dinheiro para fazer contratações de porte. Ok, mas o que está sendo feito agora realmente é barato? Mesmo? Ou o Flu passa apertos de grana por que contrata mal? Contratação é uma coisa, reforço é outra.

No passado recente e distante, o Fluminense desafiou definições e conquistou posições importantes, quando não títulos, contando com times modestos e operários. À vaga à Libertadores foi muito comemorada, mas já passou e estamos noutra temporada. Nos últimos anos, nenhum time brasileiro conseguiu sucesso internacional sem um elenco farto em opções qualificadas.

A recontratação de Hudson vai na contramão da qualificação. Precisamos revê-lo em campo ou analisaremos suas últimas temporadas? Não se trata de qualquer perseguição ao jogador, mas uma constatação sobre seu desempenho muito recente.

No futebol, muita coisa pode acontecer. A própria presença do Fluminense na Libertadores foi uma surpresa para grande parte da torcida e dos dirigentes – o plano era o G10, lembra? Nosso mestre Nelson Rodrigues ensinou que “sem sorte não se chupa nem um Chicabon. Você pode engasgar com o palito ou ser atropelado pela carrocinha”. Agora, parece razoável que se possa ajudar a sorte com um punhado de coerência. É sempre melhor do que o exercício do empirismo, ou da contrariedade às prioridades do Fluminense.

Sigamos torcendo como nunca e questionando como sempre.

3 Comments

  1. UMA RETOMADA A APONTAR SEM DÚVIDA OS INTERESSES INCONFESSÁVEIS E QUEM SABE DAS RACHADINHAS SIMILARES AS DE BOLSONARO. APENAS A NOMINAR UM RIO FAMOSO E DESCARTADO POR UM MURICI RAMALHO RIGOROSO E TRI CAMPEÃO COM O SÃO PAULO E TAREFA CONCORDEMOS NADA FÁCIL DEIXA ÀS CLARAS PADECER O FLUMINENSE DO MAL DA INDIGÊNCIA PROPOSITADAMENTE CALCULADA À LOCUPLETAÇÃO…LAMENTÁVEL E AINDA MAIS QUANDO RECORDO AQUELA CENA SURREAL QUANDO DERROTADOS PELO ATLÉTICO GOIANIENSE O CANASTRÃO QUASE FAZ MAIS UM PARA OS RUBRO NEGROS DA GÓIAS DO IMPOSTOR RONALDO SEPULCRO CAIADO ADEPTO FERVOROSO DAS INFUSÕES MÁGICAS, DOS…

  2. Paraíso dos empresários. Só pode ser isso. Hudson e Welington não deveriam vir. Vão tirar espaço de Martineli, André e Calegari, que têm ido bem quando jogam. E não venham com o papo de que são verdes, sem rodagem, inexperientes, que o Santos taí pra provar que a base com talento pode sim, dar conta do recado. Chega de barangas.

  3. Acredito humildemente, que estas figuras ( Wellington, Hudson, e Rafel Ribeiro ) estão sendo somados ao plantel porque o time terá 3 competições importantes: Brasileiro, Libertadores e posteriormente Copa do Brasil. E o time necessitará de um grupo maior, em casos de contusões, expulsões, etc.
    Hudson já conhece o elenco, joga em várias posições, é poderia substituir um Martinelli suspenso ou machucado em algum momento. Não brilha, mas também não é essa varanga que pintam.
    Já sobre Calegari, creio que será lateral reserva e não voltará para o meio campo, desconfio grandemente disso.

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