Honra: o espírito do Fluminense (por Paulo-Roberto Andel)

ANDEL RED NEW

Tenho vivido dias intensos no que diz respeito ao nosso Fluminense, para o bem e para o mal. O aniversário de 114 anos pontuou questões maravilhosas e outras sofríveis: a alegria das festividades, a camaradagem de muitos, a cólera doentia de outros, a derrota para o time paranaense. Mas o futebol é para ser degustado com velocidades distintas de passado e presente. E assim vamos para logo mais nesta noite, na distante Erechim contra o gaúcho Ypiranga.

O que era para ser a confirmação do avanço na Copa do Brasil acabou se tornando uma perigosa decisão, daquelas que nos oferecem o sentimento de mero dever cumprido, em caso de sucesso, ou de desastre em caso de fracasso. Culpa da péssima primeira partida.

Na segunda – e indesejada – hipótese, ainda teríamos o agravante de mais um insucesso diante de equipes mais modestas no futebol brasileiro. As derrotas em temporadas anteriores para Horizonte, América-RN e Chapecoense e deixaram cicatrizes profundas, porque nelas pairou a nefasta suspeita de falta de dedicação de alguns jogadores à época. Xô!

Já vencer é a obrigação. O Tricolor é gigante, tem camisa, tradição, jogadores melhores e precisa fazer valer sua condição de favorito. Nem pode pensar em outro resultado. Tem que jogar para vencer a todo custo, honrando a camisa. Esse é o espírito do Fluminense: jogar para vencer, dentro dos princípios de fidalguia esportiva preconizados pelo clube desde a sua fundação.

Ruídos tectônicos de baixíssima escala dão conta de que a desclassificação para o modestíssimo Ypiranga não seria tão má, dado que a “punição” seria entrar na Copa Sulamericana, visando buscar o título perdido em 2009 e tendo a expectativa de cotas melhores. É um problema da desgraçada superposição de datas no calendário continental, mas considero inaceitável sob qualquer hipótese que o Flu não entre em campo com a máxima dedicação e o respeito esportivos. Depois de anos de sucessivos fracassos nas competições, excetuando-se a efêmera glória da Primeira Liga, não se espera outra postura do Tricolor que não seja a de honrar seu nome e suas tradições nos 90 minutos em campo. Se vai conseguir a vaga ou não é outra discussão, mas precisa brigar por ela como se fosse um prato de comida para um faminto.

Que o Fluminense mostre logo mais o empenho máximo, que conquistou a todos nós em alguns dos seus dedicados esforços em 114 anos. E que faça tudo para avançar na Copa do Brasil. A honra e a dignidade de uma camisa imortal não se resumem a oportunismos. O Fluminense somos todos nós, inclusive os que são incapazes de rebaixar a própria alma em troca do que quer que seja, dentre os quais orgulhosa e humildemente me encontro.

Em suma, que o Fluminense seja o Fluminense de verdade e não um fake.

AGRADECIMENTOS

Por ocasião de meu aniversário ontem, fui exageradamente saudado e louvado por centenas de tricolores, no que sou muito grato, inclusive pelos companheiros de PANORAMA e também pelos que felicitaram meus versos livres aqui publicados sobre Telê Santana, o grande aniversariante deste 26 de julho, ao lado de minha amada e saudosa mãe, Maria de Lourdes.

Telê é um dos mais espetaculares símbolos da história do Fluminense. Merece eternas loas. É um orgulho para mim ter nascido no mesmo dia que ele. O Mestre representa toda uma situação de amor, respeito, dignidade e fidalguia que precisa ser resgatada de imediato. Este foi o conjunto que sempre nos distinguiu de todos os outros grandes clubes de futebol do Brasil. Trata-se de um rol de princípios inalienáveis.

A todos os que tornaram esta terça-feira um dia de lembranças bonitas, belas palavras e mesmo um simples cumprimento, meu amor, respeito e consideração.

Não cheguei até aqui à toa. E ainda estou em pleno voo.

No fim, a arrogância, a empáfia e a inveja jamais vencerão a humildade e a camaradagem. Nem a fanfarronice abafa a sinceridade do talento.

Não precisei pisar em ninguém para ter o carinho e a admiração de vocês. E retorno os bons sentimentos de maneira recíproca.

No mais, Muddy Waters: “Rolling stones gather no moss”.

Pedras que rolam não criam limo.

Eu sou uma delas.

Amor. Paz. Poesia.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: rap