Neste sábado, ao participar do talk show no Fluminense por ocasião da FluFest, com a presença de feras como Gil, Aílton, Pintinho e Dom Romero, experimentei novas sensações ímpares nas três cores do meu amor. Tudo por recordações do que vi ao vivo, já que é muito feio contar a vida em riste pelas orelhadas das orelhas do livro.
Em certo momento, Carlos Alberto Pintinho, um dos maiores jogadores da história do clube, volante absolutamente clássico, contava sobre o Fla-Flu da “banana” em 1979, que pode também ser o “do Cris” ou o “do Paulinho”. Cento e oito mil pessoas de sempre, um jogo imortal. O rival com seu timaço e sua eterna torcida pré-vencedora, fizemos 1 a 0 num golaço de Rubens Galaxe. Depois, Pintinho fez 2 a 0 numa cabeçada e daí a “banana”: correu para a torcida rubro-negra e repetiu várias vezes o clássico gesto com os braços apelidado de fruta tropical.
“Paulinho” era o jovem goleiro Paulo Goulart, que teve a “ousadia” em defender um pênalti cobrado por Zico na segunda etapa (com direito a recalques do 10 da Gávea nos jornais do dia seguinte ao clássico). E “Cris” era Cristóvão, hoje treinador do Corinthians, que fazia sua estreia em campo pelo Fluminense. Mal tocara na bola quando a recebeu na frente da grande área e, num súbito, fez o saudoso zagueiro Manguito dançar e cair, para fuzilar o ângulo esquerdo do goleiro Cantarele. Golaço, 3 a 0, os garotos de dez anos de idade como eu nunca mais deixaram de ir ao Maracanã. Alguns como eu ainda procuram aquele jogo de volta até hoje. Que vitória!
Pedi a palavra e lembrei a Pintinho que, na crônica de João Saldanha sobre a nossa vitória, Pintinho e Paulinho foram mencionados como dois monstros em campo. Naquele tempo, Saldanha era simplesmente o maior cronista do país (Nelson, doente, já não tinha a mesma regularidade de publicação) e a expressão de monstro era utilizada por ele para tratar craques como Pelé e Rivellino, por exemplo. A nossa torcida presente ao evento começou a aplaudir, e Pintinho deve ter experimentado também uma sensação ímpar como ex-jogador – se não o fosse, certamente jogaria hoje no Barcelona.
Outro grande lance foi quando Aílton contou sobre sua chegada ao Fluminense. Rejeitado pelo rival da Gávea, ele foi um dos bandeirantes da garra do nosso time: comprou a briga, foi um leão nos jogos e decidiu a maior final entre clubes na história do velho Maracanã. Sem Aílton, não haveria a imortalizada barriga de Renato. E o meia contou com orgulho que, outrora alvinegro, apaixonou-se pelo Flu para sempre, sendo hoje um dos nossos torcedores implacáveis.
Ainda vivi a grande emoção em dividir o debate com Vladimir Palmeira, um dos maiores brasileiros de todos os tempos e tricolorzaço de frequentar estádios desde a fim do exílio até 2010. Agora espera a volta do estádio que ocupou o lugar do Maracanã para ver partidas ao lado de seus netos. Foi emocionante saber de sua ligação tão forte com o Fluminense. Meus heróis de carne, osso, vitórias e vida, todos ali do meu lado. Vivi para ver isso.
Bem antes, ri bastante quando meu amigo Gustavo Albuquerque, escritor e marechal da Flupress, participante do debate e dono de um texto fantástico, sacou da mochila uma belíssima camisa retrô preta de goleiro. Nela, o nome de Félix, campeão mundial de 1970. nosso herói da meta tricolor, minha primeira referência do clube. Um riso de felicidade pelo momento, pela alegria de bem estar no nosso clube, pela camaradagem e fraternidade que deve reinar entre nossos torcedores. E também por lembrar de versos admiráveis do nosso poeta Chico Buarque, a saber: “Será, que será?/ O que não tem certeza nem nunca terá/ O que não tem conserto nem nunca terá/ O que não tem tamanho”.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: rap
Andel, lembro-me bem deste clássico marcante pra nós, na época, sem transmissão pela tv, ouvi ao lado do meu pai, num tradicional moto-rádio, e vi os gols a noite no programa do saudoso Flávio Cavalcante… e no dia seguinte os jornais publicavam a fala de Menotti, então campeão do mundo com a Argentina no ano anterior, que falando sobre Pintinho, disse não entender sua ausência na copa do mundo e apelidou nosso craque de “o maestro…”
Eu tambem estava nesse jogo, o ultimo que vi no Brasil antes de partir para uma temporada no estrangeiro. Aonde, ao trabalhar como Dee-jay, várias vezes entoava o Refrão do Marcio Greick, um habitante das Larnjeiras que criou o eco Fluminense-e-e-e que foi rápidament copiado pelos locutores para os demais clubes, para não os eixarem muito longe na criatividade de torcida, queito no que nunca nos ultrapassarão.
Saudações Tricolores!!!!!