GRANDES PERSONAGENS
Conversando na sexta-feira passada, durante um almoço com meus amigos Marcus Vinicius Caldeira e Leo Prazeres, fundadores desta casa, fiquei a lembrar de nomes e nomes do Fluminense até chegar a esta coluna.
Os mais jovens podem não ter ouvido falar, mas o Fluminense teve um jogador que foi pentacampeão carioca, quando este era o título mais importante do futebol brasileiro, e que jogou em todas as posições da linha nos 11 anos em que defendeu o clube nos profissionais. Só não foi goleiro. Abriu mão de ser um dos nomes inesquecíveis, jogando numa posição fixa, para ser o coringa do time. E jogou na Máquina. Volta e meia acaba com o jogo nos masters do Flu. Chama-se Rubens Galaxe.
Um nome fundamental para se entender a valorização continental do nome do Fluminense em 2008, com jornadas inesquecíveis na Libertadores daquele ano, não teve tempo de vivenciá-la. Sem ele, nada teria sido possível, porque foi peça fundamental na conquista da Copa do Brasil de 2007. Fez gols fundamentais e deu o passe para o gol que terminou 23 anos de espera do Tricolor por conquistas nacionais. Seu nome é Adriano Magrão. O autor do gol fundamental chama-se Roger. Cícero, um nome importante daqueles tempos, está aí marcando gols – e, ano passado, era execrado pelos tricolores de certo grupo, ardorosos defensores de Fred, este agora subitamente “esquecido” por razões curiosas.
Os mais impacientes com o comentarista de futebol Edinho às vezes propagam tanto ódio pelas redes sociais que, provavelmente, desconhecem que o ex-zagueiro é um dos maiores jogadores da história do Fluminense, aliando garra e talento como poucos. Nos últimos 40 anos nesta mistura, foram ele, Romerito e Conca – e embora estes dois tenham sido monstruosos, fantásticos, Edinho os superou. O veredito é verdade e dou fé. Os torcedores com mais de 50 anos de idade e o YouTube podem ajudar a desfazer eventuais lendas de manga com leite que mata.
Tuta, um valente lutador de 2005 e 2006, que comentei por aqui dia desses. Leandro Guerreiro, seu companheiro de ataque, que saiu do Fluminense contra a vontade.
Zezé, o grande ponta-esquerda campeão de 1980, que fez muitos gols. Cláudio Adão, o melhor camisa 9 que vi jogar com a nossa camisa, um dos maiores artilheiros por média da história do clube dentre os que marcaram mais de 50 gols, e jogaram também mais de 50 partidas.
Bem antes de eu ter ideia do que o Fluminense seria para mim, Denilson era nosso Rei Zulu, o leão à frente da área. Assis, Silveira, Galhardo, os enlouquecidos por Samarone.
Castilho, Pinheiro, Altair, Telê, todos valorizados mas que merecem muito mais. Didi, Escurinho, Tim, Hércules, Rodrigues, Laís, Fortes, Welfare, Batatais, Romeu, Vidal, Barthô e uma lista telefônica inteira.
Treinadores, de Gentil Cardoso a Parreira, passando pelos mesmos Telê e Didi, Travaglini, Paulo Amaral, Paulo Emílio, Abel, o próprio Renato, Muricy (queiram ou não), Tim, Zagallo e muitos, muitos. Quem lembra do fantástico Nelsinho em 1980? Ou de Sebastião Araújo no monumental Fla-Flu de 1979?
Quando o caso é política, convém cuidado, mas não há como negar a importância de nomes como Marcos Carneiro de Mendonça, Jorge Frias de Paula, Manoel Schwartz, José Carlos Villela, David Fischel, entre inúmeros outros. Nos bastidores, Domingo Bosco, Roberto e Paulo Alvarenga, Newton Graúna, José Bonetti. Isso na era moderna, claro.
O Fluminense tem muitos anos de história, nomes demais e muita coisa a ser redescoberta, valorizada e apreciada. Um mar de detalhes e fatos, que vai muito além do que citei: personagens como Ximbica são um livro inteiro. Seu Fidélis, o burro Faísca, Guilhermino “Careca” de Almeida, Tia Helena, Zezé, Pai Santana, um país inteiro de três cores. Médicos, roupeiros, massagistas, gandulas, todo um universo onde poucos despontam e são lembrados. Até craques e grandes personagens podem ser afetados pelo ocaso.
CALMA, PESSOAL
Sensacional o gol de Wellington (ex-Silva). Que seja o prenúncio de uma nova e duradoura era no Fluminense. Mas vale a pena esperar a confirmação da regularidade antes de transformá-lo num Garrincha tricolor.
Prudência é tudo.
FIGURANTES
Observação brilhante da querida amiga Larissa Moreira, no meio do mar de lama das redes antissociais:
“Coisa mais triste que tem é gente idiotizada, influenciável e manipulável. O Brasil vive um “surto” de gente assim, qualquer que seja o assunto.”
Não era o caso, mas se encaixa perfeitamente nesse mau jogo “Flugestão” versus “Resto do Mundo” que piora a cada dia, por causa do “amor ao Tricolor”.
Este modesto cronista não tem a menor pretensão de lembrança perene na história do clube, minúsculo e consciente que é, mas, pelo menos, assegurou discretíssima vaga nos registros formais da Biblioteca Nacional, a serem pesquisados daqui a muitos e muitos anos por algum curioso. É um bom lugar para ficar depois da morte, ao lado de próceres como Fagner Torres, Dedé Moreira, Gustavo Albuquerque, Lucio Bairral, Luiz Alberto Couceiro, Rodrigo Barros, Leandro Dias, João Leonardo Medeiros, Aloísio Senra, Mauro Jácome, Felipe Fleury, Antonio Gonzalez e outros grandes nomes da imprensa segmentada tricolor, hoje tidos como “blogueiros sujos” e alvos de ódio virtual por certa ralé primitiva, simplesmente por não bajularem o stablishment tricolor, nem se prestarem ao papel de marionetes. Ou simplesmente por inveja.
Parece muito difícil que a história do clube venha a conceder algum espaço de memória respeitável a subsubsubsubcelebridades politiqueiras no futuro. Não há registros dessa natureza nos 114 anos do Fluminense. Ninguém se lembra dos panfleteiros de 30 anos atrás, imagine em 2046…
Já os que defenderam o clube em 2013/2014, quando o mundo desabava sobre o Flu, enquanto avestruzes da covardia enfiavam a cabeça debaixo da terra, até hoje são lembrados. Orgulhosamente sou um deles, na pequeníssima parte que me cabe.
Aos escritores, as obras literárias. Aos primitivos, restam os murais de chorume e 140 letras coléricas. Figurantes querendo ser grandes personagens.
ALVA BENIGNO
Em virtude de inúmeros comentários – impublicáveis – por conta da coluna da jornalista e escritora Alva Benigno, intitilada “Homens sexuais”, faço os seguintes esclarecimentos na condição de editor deste PANORAMA:
1) Não fazemos pornografia, mas literatura publicada em dez mil páginas;
2) Não defendemos práticas homofóbicas. Pelo contrário. Basta ler e interpretar conforme as normas vigentes da Língua Portuguesa;
3) Assusta imaginar que as inúmeras características negativas do personagem fictício (baseado em fatos reais) Chiquinho Zanzibar sejam superadas pela homofobia popular primitiva, condenando a publicação da coluna por “dar espaço” a um “veado”, o que consideramos patético;
4) Não praticamos censura a nenhum autor. Basta dizer que um dos nossos colaboradores é Rogerio Skylab. A única condição de publicar é não praticar crimes contra pessoas físicas e jurídicas, o que vale para colunistas e leitores. A orientação homossexual não é crime, mas um direito;
5) No PANORAMA, o espaço é para literatura e não fofoca; o poema “Por favor meu amo” é de Allen Ginsberg;
6) Aos milhares de amigos que nos prestigiam diariamente, o nosso muito obrigado. Em breve teremos um grande livro de Alva, doa a quem doer.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: rap/alva
Parabéns, Andel, blogueiro sujo, mas do lado certo, sempre!
Tu é o cara, Patrão!
Grande abraço,
MarraAquece
Estou nessa aí, Andel, junto contigo, atolado na lama da virtude. Que gritem e esperneiem, não vamos nos calar. Obrigado pela lembrança e ST!