“O que valeu a pena está destinado à eternidade”. Com essa delicadeza, Rubem Alves escreveu sobre simplicidade e sabedoria. Pego de empréstimo o trecho da crônica do educador e escritor para aplicar ao Fluminense. O Flu valeu e ainda vale a pena, porque se faz eterno.
Diante do iminente clássico contra o Vasco da Gama, pela oitava rodada do Carioca 2023, o Flu vai escrever mais um capítulo da sua história. E quantos capítulos já valeram a pena!
Em tempos nos quais a discussão mais importante que antecede o clássico é o número de torcedores que irão ao Maracanã, vale a pena recordar daquilo que está destinado à eternidade: alguns Clássicos dos Gigantes.
Como esquecer da icônica, clássica e inesquecível partida entre os dois grandes cariocas, em 1980, pela decisão do Estadual daquele ano, sob o olhar de 108 mil torcedores? Isso mesmo, 108 mil torcedores no Maracanã assistiram à conquista tricolor diante do Vasco de Mazaropi, Roberto Dinamite e Zagallo.
A falta cobrada por Edinho, já na metade do segundo tempo da decisão, representou a força, o foco, a dedicação, o respeito, a técnica e o profissionalismo daquele ídolo. Representou, também, o título carioca para Laranjeiras.
Já escrevi que guardo a edição da revista Placar alusiva àquele título como quem guarda um tesouro valioso. Edinho, molhado sob a chuva lavadora que caiu naquela noite, segurando a taça e louvando a João de Deus, é absolutamente inesquecível.
Como esquecer, também, da decisão do Campeonato Brasileiro de 1984? Disputadas em duas partidas, nas finais o Flu se sagrou campeão nacional em cima do Vasco da Gama graças à vitória abençoada no primeiro jogo, quando Dom Romero, oportunista como ele só, fez o batalhado gol tricolor.
O Flu, naquele ano, sobrou em transpiração e Paulo Victor, Aldo, Duílio, Branco, Ricardo Gomes, Jandir, Deley, Assis, Romerito, Washington, Tato e Carlos Alberto Parreira se tornaram nomes que decoram, até hoje, a memória tricolor. Eu mesma decorei essa escalação por anos.
Como esquecer, por fim, a final da charmosa Taça Guanabara de 2012, no Engenhão? O Flu, que conquistou a taça, jogou o fino da bola. Com nada mais, nada menos que Deco no comando do meio campo, o ano de 2012 foi mágico e o prenúncio já despontava naquela final do primeiro turno do Carioca.
Com placar final de 3 a 1 para o Fluminense, gols de Fred (dois) e Deco, o Vasco da Gama, mais uma vez, sucumbiu à façanha tricolor.
Como negar que tudo isso valeu a pena? Que tudo isso está destinado à eternidade? O Fluminense vale a pena.
O Vasco, por sua vez, tende a continuar sucumbindo a nós e o time de Diniz precisa provar que há consistência e regularidade no esquema tático e nas escolhas técnicas.
Independentemente do número de torcedores no Maracanã, uma coisa já é dada como certa: haverá Clássico dos Gigantes e o Flu haverá sempre de valer a pena.
Por fim, um minuto de silêncio na escrita para o craque recém ingresso na outra dimensão. Esteja em paz, Roberto Dinamite…