A identificação de Fred com o torcedor do Fluminense não foi construída apenas com títulos e glórias. Ela foi forjada no sufoco de 2009, quando o atacante, em seu primeiro ano de clube, teve participação marcante no milagre que evitou um rebaixamento dado como certo por todos. Ali nasceu a mística, a magia, o sentimento que o camisa 9 despertou na galera tricolor. E que no próximo sábado, no Maracanã, terá seu capítulo final dentro das quatro linhas.
É verdade que nem todo torcedor do Flu o considera um ídolo. Alguns o veem como mercenário, um cara que enriqueceu e criou fama às custas do clube. Porém, como costuma dizer Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Para mim, o que realmente importa é o quanto Fred nos fez feliz com suas façanhas. Que ficaram marcadas na história com os títulos que conquistou e os muitos gols que marcou.
A homenagem prestada ao artilheiro na goleada sobre o Corinthians foi inesquecível. O gol que fez explodir o Maraca, as lágrimas que brotaram de seus olhos na comemoração, os abraços nos torcedores – seus súditos naquela tarde-noite mais que especial. Fred merecia tudo aquilo.
Sim, Fred é um dos meus ídolos. Ídolo do meu filho também. Que sentimento gostoso poder dividir uma idolatria com a pessoa a quem mais se ama. Como dividi com meu pai, por Rivellino. Compartilhar afinidades múltiplas é um privilégio, uma benção pela qual agradeço todos os dias. Aliás, meu moleque nasceu dias antes de Fred ter chegado às Laranjeiras.
No próximo sábado, contra o Ceará, não poderemos estar presencialmente no Maracanã. Mas nosso coração estará lá. Com os olhos vidrados na telinha, assistiremos juntos, pela última vez, nosso goleador vestir as cores que herdamos. Que possa ser com uma vitória; quisera, com mais um gol. A história, contudo, já foi escrita e ninguém conseguirá apagar. “O Fred vai te pegar” ecoará para sempre na nossa memória.