Eu que falei ‘nem pensar’, outra vez ‘nem pensar’, não queria me animar muito para o jogo Fluminense x Corinthians. Porém perguntado pelo amigo Fred se o Fluminense venceria, prontamente o respondi que a chance de vitória era alta, pois a escalação fazia sentido para o como deveríamos jogar. E jogamos, mandamos na partida, do início ao fim.
Ah, como tem sido prazeroso assistir aos jogos do Tricolor. Um treinador que gosta de futebol, estimula futebol, encoraja seus jogadores a fazer o que gostam mais de fazer, que é ter a posse de bola e ‘partir pra cima’, comove a todos, o modelo, a forma e o conteúdo que devem ser destacados, mais do que o Diniz, mas a ideia que ele traz.
Porque o futebol é feito de momentos como os de sábado passado. Óbvio que o personagem principal do dia foi o Fred, entretanto, houve um jogo valendo três pontos antes da catarse que tomou de assalto um Maracanã pujante e vibrante. E nesse jogo, o Fluminense foi o Fluminense que nos encantou, que nos talhou torcedor de time enorme que sempre foi, não tomou conhecimento dos reservas do Timão, os colocou em giro, perdendo o leme, entrando em redemoinho.
Se for para não ser campeão e perder mais do que ganhar, como vem sendo a rotina do Fluminense nos últimos anos, que seja jogando futebol.
O Fluminense ainda pulsa. Mesmo após todo o esquartejamento programado pelo baronato do futebol, o Fluminense reluta revoluteado, se mantém ereto, mesmo com presidentes que mais pareciam encomendados a terminar o serviço de desligá-lo de aparelhos. O Fluminense continua forte.
Algo semelhante acontecera ao Frederico, durante (até mesmo antes) e principalmente depois da Copa do Mundo, aqui do Brasil, em dois mil e catorze. O apedrejamento que foi feito ao único jogador que atuava no país, convocado para envergar a Amarelinha, e certamente um dos maiores centroavantes que o futebol brasileiro produziu. Para maior deleite, inveja e recalque de seus odiadores, com destaque a um tal RMP, além de seus afilhados da grande imprensa, ele era jogador do Fluminense e não dos queridinhos, quais programas esportivos dementadores, sugam a alma da gente todos os dias, em todos os horários.
Não ao fim da carreira, mas no auge dela, que Fred trocou a oportunidade de seguir crescendo na carreira em solo europeu, pelo Fluminense. Foi, sem dúvida, a maior contratação de um clube brasileiro no século. Possivelmente no século passado também tenha sido o Fluminense da Máquina, repatriando Caju, ou mesmo interrompendo Rivelino do Corinthians.
Essas histórias de Fred e Fluminense foram forjadas e fundiram-se de vez nos quatro a zero sobre o Corinthians no Maracanã. Estádio que já se tornou pequeno para abrigar a torcida do Tricolor para as próximas partidas. E olha que um dia já couberam duzentos e cinquenta mil torcedores, mais uns tantos, dentro do Maior do Mundo.
Não há a menor possibilidade de não se emocionar. noves fora tudo o que denunciamos aqui, sempre. Fred e Fluminense tinham de se encontrar, meu amor, nosso amor, estava escrito nas estrelas.
Com ele nas Laranjeiras, o Fluminense sempre negou a pequenez, com ele nos sentimos mais seguros. Sem ele, após ser escorraçado pela corja de Siemsen, o Fluminense amargou anos de frangalhos, um tenebroso inverno, não arredou pé.
O último ato está marcado para o sábado que se avizinha, nove de julho, às dezenove horas, tal qual o derradeiro trecho de Louca Turbulência, de Antônio Abujamra, maravilhosamente vivido pelos Fodidos Privilegiados, no Dulcina, assim me parece que será a despedida de Frederico Chaves Guedes de sua gente, a que ele escolheu pertencer, seja por amor ou por desejo, mas foi no seio da gente, que ele se fez mais feliz.
Muito obrigado por tudo, Fred. Embolou, foi demais. Nossos momentos do Fluminense ninguém haverá de apagar. Muitos tentaram, mas todos eles estão no mais absoluto ocaso e ostracismo. Faço votos para que o fim seja marcando seu gol duzentos com a Veste Tricolor. E aí, se rolar, é sinal que valeu. Que o destino escreveu a vida.
Saudações Tricolores e Vitória Sempre.