…Neymar e outros
Fui ontem assistir ao meu segundo jogo de Copa do Mundo. Nele, a França suportava com grandes dificuldades a correria e o jogo aberto e bem treinado dos Nigerianos. Dois homens abertos nas pontas buscavam Emenike, que jogava encravado entre a parelha de beques da França. Curiosamente, a França usava a mesma estratégia: Giroud jogava enterrado entre os dois bons beques da Nigéria.
Depois de um bom primeiro tempo, com chances pros dois lados, a segunda etapa começa de forma soporífera. Até que Deschamps, o capitão de 98, técnico da França, no meio da peleja, fez uma substituição que me pareceu louca. Tirou Giroud e colocou Griezmann pra jogar na ponta esquerda. Perdeu, então, a referência no meio. Parecia uma substituição desastrosa tirar o homem de referência no meio. Mas mudou o jogo. Benzema, escondido do jogo, passou a tabelar com Griezmann e Valbuena e, em dez minutos, criaram uma sequência de chances transformando completamente tudo. Eneyama, que agarrava tudo o que passava pela frente, saiu com mãos de alface num corner aos 35 minutos e entregou a bola na cabeça de Pogba. Um a zero e onze minutos pra Nigéria se salvar. Não conseguiu.
Melhor do jogo? Deschamps, o técnico, que resolveu o problema que se lhe apresentava.
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Argélia, Chile e Costa Rica provam que não há mais cego no futebol. Ontem, os argelinos movidos por um sentimento de vingança pelo ocorrido em 82 (quando sua geração de ouro de Madjer e Belloumi foi eliminada da copa por uma tramóia entre Alemanha e Áustria) e uma vontade fora do comum transformaram a teoricamente fácil classificação da Alemanha pras quarta de final num inferno. Só resolvido na prorrogação. Aproxima-se o dia em que camisa não vai mais valer de nada.
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A Copa rolando, e Neymar, esse exemplo da beleza física brasileira, anuncia desodorante, xampu anticaspa, cueca, operadora de celular, tv… Entrevistas com boné personalizado. E o já famoso choro em campo.
Não tenho dúvidas de que a pressão sobre esses caras deve estar sendo gigantesca. Se em 1950 já era enorme, imagine agora com o mundo vendo e 300 milhões de brasileiros exigindo que a taça fique por aqui.
O problema é que isso não é novidade. Qualquer sujeito minimamente interessado por futebol deveria saber que essa pressão iria existir. Logo, isso deveria estar sendo conversado de dia, de noite e nos intervalos. E jamais aparecendo aos olhos de todos. Há choros e choros. De alívio, de emoção… e de desespero. Todos nós sofremos pressões de chefes, patrões, contas, impostos, ônibus e metrô lotados, filas bancárias… e temos de resolver! Portanto, espero que a seleção esteja reunida discutindo isso com toda a seriedade, porque na atual conjuntura, não adianta estar preparada fisicamente se mentalmente, o time não anda.
Só pra completar o destempero mental, o que está acontecendo com Rodrigo Paiva?
Panorama Tricolor
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Imagem: google