Amigos, amigas, muito antes do jogo começar eu já me flagelava com a escalação de Marcão/Aílton. Como um time pode pensar em algo importante com um ataque que tinha Wellington e Fred?
Como aspirar a algo com três volantes, não pelo fato de jogar com três volantes, mas sendo eles Yuri, Hudson e Yago, mesmo que um deles fosse o Yago?
O Flamengo, com seu time de milionários entediados, dominou completamente o primeiro tempo contra nossos milionários aposentados. O gol era questão de tempo e ele veio.
Mesmo esse domínio, porém, passava longe, em que pesasse a mesma formação, do Flamengo de Jesus, que a diretoria incauta dos roubo-negros pensava recuperar com o principiante, embora muito promissor, Rogério Ceni.
Não havia aquela pressão, aquele jogo de movimentação, aquele inferno que já domáramos em muitas ocasiões, com formações muito melhores do que a que levávamos a campo na noite de ontem.
Ainda que estivéssemos assistindo ao jogo como quem vai à missa, de final já conhecido, alguma coisa estava fora do lugar. De um lado, um Fluminense patético, aquém de sua história, do outro, um Flamengo com pouca inventividade, meio entediado, mesmo sabendo que o São Paulo, seu principal rival na luta pelo título, levava uma sova de 4 a 1 do Bragantino.
Um cenário perfeito para o Fla-Flu ser o que é o Fla-Flu. Dentro das circunstâncias, era tudo moldado para algo completamente inusitado, pois eis que não havia tricolor que imaginasse algo melhor que um empate ou uma derrota honrosa, ainda que houvesse aquela velha questão da camisa.
Mas eis que o Fluminense empata o jogo, com a marca do guerreiro Lucas Claro, e quase vira com um gol antológico de Michel Araújo, um leão em campo, procurando soluções que não apareciam, com um passe de Fred, que parecia aquele de 2009, depois de um primeiro tempo apagado.
Pois até Wellington Silva resolveu jogar e já nada parecia ser o que imagináramos. A tragédia ganhava ares de deboche. Pois eis que perdemos Fred e Wellington Silva em poucos minutos, recebendo o reforço de Felippe Cardoso e Lucca.
Aquela altura o empate era tudo com que nos podíamos contentar, sobretudo quando Aílton (atenção para esse nome!) substitui Hudson por Caio Paulista. Cardoso já recebera bola primorosa, avançara e se esquecera de chutar para fazer o gol da virada.
Pasmem! As melhores chances eram do Fluminense, mas separando o meio do ataque o que se poderia esperar era o domínio do Flamengo. Era o que já acontecia, mas sem muita efetividade. Tédio e criatividade não combinam, e aos milionários entediados faltava inspiração para furar a retranca tricolor.
O Fluminense, vez por outra, avançava a marcação, mas se recompunha rapidamente, algo a ser ressaltado, assim como não tinha a menor agilidade nas jogadas ofensivas, sobretudo porque já não tinha os lampejos de Fred.
Até que Felipe Luis resolveu viver sua noite de Egídio, já nos acréscimos, e dar uma assistência para o nosso titã, Yago Felippe, o melhor jogador do ano no Fluminense. Yago, como um leão faminto, que é o que sugere sua forma de jogar, se antecipou e desviou com um leve toque para a rede, para desespero da molambada, que via se evadir pelo ralo sua chance de se aproximar do líder.
Não tentem entender, amigos, amigas, isso é Fla-Flu. Com foco e determinação a camisa pesa de vez em quanto. Por mais que o Fluminense tenha feito uma partida apenas razoável, e no segundo tempo, a camisa pesou. E é só isso que explica a nossa vitória.
Aliás, não só, mas é preciso conferir ao Flamengo o seu devido mérito. Um time que aceita facilmente a marcação adversária e não faz pressão na saída de bola, como fazia na época de Jesus. Que perde um jogo contra um time que tem Lucca, Caio Paulista e Felipe Cardozo no ataque.
Tem alguma coisa pelos lados de lá, mas nós precisamos lidar com as coisas erradas do lado de cá, que são muitas.
Hoje, porém, é para saborear a vitória mais inesperada dos últimos tempos, e justamente num Fla-Flu. Queiram ou não, é o clássico dos clássicos, como bem sabe a Adidas.
Que o diga Ailton em sua estreia à beira do campo, relembrando o baile em cima do Charles Guerreiro e o gol de barriga.
Até quando Deus queira, isso aqui é Fluminense!
Saudações Tricolores!