Fluminense e Grêmio iniciam hoje o oitavo confronto eliminatório entre os dois clubes ao longo da história. Com exceção obviamente dos times do Rio de Janeiro, o Tricolor Gaúcho é o clube que o Fluminense mais enfrentou nesse tipo de disputa, o popular mata-mata.
O primeiro desses confrontos foi pela Taça Brasil de 1960, competição que deveria equivaler à Copa do Brasil dos dias de hoje, mas em uma canetada da CBF foi equiparada ao Campeonato Brasileiro. O Fluminense era o representante carioca na competição por ter sido campeão estadual em 1959, e já havia conquistado também o Torneio Rio-São Paulo no primeiro semestre de 1960. Era um senhor time, um dos grandes da história do clube: Castilho, Jair Marinho, Pinheiro e Altair; Edmílson e Clóvis; Maurinho, Paulinho, Waldo, Telê e Escurinho.
Fluminense 1960 – Em pé: Clóvis, Jair Marinho, Edmílson, Altair, Castilho e Pinheiro; Agachados: Maurinho, Paulinho, Waldo, Telê e Escurinho
Para se ter uma ideia, os cinco jogadores que mais vestiram a camisa do Fluminense (pela ordem, Castilho, Pinheiro, Telê, Altair e Escurinho) atuavam na equipe. Assim como o maior artilheiro da história do clube, Waldo. Cinco dos 11 titulares disputaram ou viriam a disputar copas do mundo. E como uma espécie de décimo segundo jogador havia ainda o atacante Jair Francisco, que marcou mais de 100 gols pelo Flu.
O Fluminense perdeu o jogo de ida, em Porto Alegre, pelo placar mínimo: 1 a 0. Deu o troco no jogo de volta, vencendo por 4 a 2 nas Laranjeiras. Apesar da superioridade carioca no placar agregado (4 a 3) o regulamento da época previa a realização de um terceiro jogo em caso de uma vitória para cada lado. Neste derradeiro confronto, caso persistisse o empate haveria prorrogação, e só então o Fluminense teria vantagem por ter maior saldo de gols. Foi precisamente o que ocorreu. Dois dias depois do jogo nas Laranjeiras, em uma noite de sexta-feira, os dois times se enfrentaram pela terceira vez, desta feita no Maracanã. Jair Francisco abriu o marcador para o Fluminense logo no início do jogo, e Élton, de pênalti, empatou para o Grêmio no fim. Na prorrogação o Fluminense administrou o empate e ficou com a vaga.
Com o resultado o Fluminense se classificou para as semifinais da competição contra o Palmeiras. A Taça Brasil na época era regionalizada e a semifinal da região sudeste/sul era quase uma decisão antecipada. Fluminense e Palmeiras praticamente jogariam pelo título e consequentemente pela vaga na Libertadores do ano seguinte.
Desfalcado de Waldo e Telê no primeiro jogo, e novamente de Waldo no segundo, o Fluminense fez duas partidas equlibradas contra o Palmeiras mas deixou a vaga lhe escapar por entre os dedos com um gol no último minuto no Maracanã. O jogo de ida no Pacaembu havia terminado 0 a 0, e o de volta, no Rio, seguia o mesmo rumo até que Humberto decretou a vitória palmeirense aos 44 minutos do segundo tempo, quando todos já esperavam a realização do terceiro jogo. Sem Waldo o ataque do Fluminense não soube encontrar o caminho do gol. Passou 180 minutos em branco e acabou sendo castigado.
O Palmeiras confirmou seu favoritismo na decisão da Taça Brasil vencendo amplamente o Fortaleza e foi vice-campeão da Libertadores no ano seguinte. É mais ou menos aonde aquele time do Fluminense poderia ter chegado.
Fluminense e Grêmio só voltaram a se enfrentar em mata-mata no Campeonato Brasileiro de 1982 e dessa vez os gaúchos levaram a melhor, assim como nas Copas do Brasil de 2001, 2004 e 2010. O Fluminense voltou a eliminar o Grêmio nas Copas do Brasil de 2005 e 2015. O placar de mata-matas aponta portanto uma vantagem de 4 a 3 para os gaúchos. Bom, 4 a 4 se forçarmos um pouco a barra e contabilizarmos a festiva Taça Amizade Tricolor de 2000. Seja como for, há um grande equilíbrio no confronto, que mais uma vez promete grandes emoções.
Panorama Tricolor
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Imagem: blt/ flu memória / alexandre cassiano – o globo