Amigos, amigas, o que significa as contratações do Fluminense, ora anunciadas pela grande imprensa? Cazares (meia), Abel Hernández (atacante), Bobadilla (atacante) e Manuel (zagueiro).

É uma pergunta difícil de responder se tivermos a humildade de reconhecer que não sabemos claramente qual o plano tático de Roger para a temporada.

Por outro lado, um ano com três competições pesadíssimas (Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil) impõe a necessidade de termos um elenco robusto.

Ainda que todos tragam a insígnia irrefutável de refugos, temos que reconhecer que são jogadores rodados, que, dentro do contexto, podem agregar valor ao elenco.

Manoel é mais um que traz a marca pouco lisonjeira de ter participado do rebaixamento do Cruzeiro. Já foi jogador com status de selecionável, mas hoje não é mais que um jogador comum, mas com boas credenciais para compor elenco.

Cazares é o tipo de jogador que nunca me convenceu. Tem aquele traço de peladeiro de jogo de casados contra solteiros. Aparentemente, vem para disputar uma posição que não existe na atual configuração tática do Fluminense.

Bobadilla e Abel Hernández chamam mais atenção pelo fato de serem jogadores com características próximas. São jogadores de muita força, de muita intensidade física, e atacantes. É difícil entender o papel de ambos num time que hoje tem Nenê e Fred como homens mais adiantados e John Kenedy, nossa verdadeira máquina de fazer gols, na reserva.

Um time, inclusive, que tem Kayky e Luis Henrique, que têm personalidade suficiente para serem titulares desse time. Aliás, o que foi aquele gol do Kayky ontem? Não lembrou aquelas arremetidas do Messi no Barcelona?

Pois é. Ao que tudo indica, foi vendido pela bagatela de 10 milhões de euros para o City. Luis Henrique, em que pesem as decisões erradas, ainda é o nosso jogador mais perigoso quando recebe a bola na zona de passe. Ontem foi mais um para o Nenê no gol 400 de Fred.

Eu estou empilhando fatos aqui, porque, na falta de conclusões, e é preciso humildade para reconhecer que não as tenho, talvez seja possível municiar você com alguns indicadores.

Precisávamos de um zagueiro experiente, mesmo que para compor elenco? Talvez sim, porque há um receio quanto às possibilidades de Matheus Ferraz na temporada. Há necessidade de um meia como Cazares? Talvez fizesse mais sentido se o modelo de jogo fosse outro, mas em qualquer hipótese, isso me parece um sinal de que as portas se fecham para Michel Araújo, Gabriel Teixeira e Miguel.

Destaque para Miguel, o melhor jogador do elenco, junto com Martinelli, Kayky e John Kenedy. Sequer foi relacionado para o jogo de ontem, algo impossível de compreender à luz do conhecimento futebolístico.

Sempre reiterando que precisamos, sim, de um elenco robusto, é difícil entender as características e posições dos jogadores contratados num time em que a maior carência é a lateral esquerda. A menos que Roger tenha descoberto Mascarenhas.

A gente sabe que num Fluminense comandado pelo Mário é difícil entender a razão das contratações e os critérios para formação do elenco. As ideias do Mário sobre futebol, eu posso falar isso com alguma autoridade, são bem aleatórias. E ele é o homem forte do futebol, de forma que o Fluminense, se houver uma metáfora adequada, é um bumbum de Nenem.

O Fluminense empilha erros desde 2019, numa trajetória errática e descabida no futebol. Mesmo assim, terminamos a temporada passada com uma vaga na fase de grupo da Libertadores. Aliás, tenho dito e repetido que não fomos campeões brasileiros porque não acreditamos e não estabelecemos essa condição como objetivo.

Não me surpreenderá se o Fluminense viver uma trajetória mágica na Libertadores, assim como não me surpreenderá se formos um fiasco. Temos material humano para a primeira possibilidade e diretrizes totalmente contraditórias, capazes de nos levar à segunda.

O que nos resta é esperar, e não precisaremos esperar muito, porque nossa estreia acontecerá em uma semana contra ninguém menos que o River Plate. Em seguida, dois jogos fora contra os adversários mais fracos do grupo, que nem são tão fracos assim. É quase que a estrada pavimentada para o desastre, mas a gente sabe que é justamente nessa hora que o que parece óbvio está sob maior ameaça. É o Fluminense, que em 1971 sapecou todo mundo nos três primeiros jogos e conseguiu perder a vaga.

É o Fluminense, que fez a campanha mais espetacular de todas as Libertadores da história e terminou saboreando a maior tragédia de sua história. E tudo isso faz dessa competição especial, saborosa, cheia de dúvidas e expectativas.

Desculpem-me se não tenho respostas, mas mesmo as dúvidas são saborosas se soubermos vivê-las.

***

Descubro, meio que atrasado, que David Braz é mais uma contratação praticamente efetivada do Fluminense.

Por que, então, o Manuel? Alguém explica?

Saudações Tricolores e todo poder ao Pó-de-Arroz, com a bênção dos Deuses!