Força máxima, o nome já diz, subtrai as fraquezas e as dúvidas e as dificuldades. É necessária para estar nos fronts de batalha, alerta e com seu melhor escrete. O nosso querido e amado futebol, como outros tantos esportes de evasão, imposição e domínio territorial, exige que se utilize das melhores armas, sempre.
Ao se deparar com tantos jogos importantes em sequência, com viagens conturbadas e atmosfera de guerrilha, sim, o que a Federação de Futebol do Rio de Janeiro e o Clube de Remadas estão articulando nessa decisão do Campeonato Carioca (Fluminense seria o nome correto) é o suprassumo de tudo que é sujo e abjeto, o que nos causa urticárias e asco, coisa de terroristas da pior espécie mesmo.
Ao forçar entrada de torcedores no estádio em meio a tanta insegurança sanitária e tendo o campeonato inteiro corrido sem público e respeitando protocolos simples de compreensão, as entidades covardemente querem forçar goela abaixo da sociedade uma discussão inapropriada e totalmente fora de hora. Um verdadeiro escárnio. Mas sabemos bem que o fazem pois levam muito mais que a sério o – chamado por eles – Carioquinha. Querem ganhar a todo custo, no grito, na intimidação e na porrada. Não vão.
Mas esse assunto já vem sendo bem tratado e retratado por outros brilhantes colunistas dessa casa.
O panorama apresentado ao Fluminense nesses dias é o mesmo que sempre se apresenta aos gigantes, aos enormes, aos clubes que sempre estão em todas as decisões. Temer o quê? Ser importante e poderoso é isso mesmo, é estar em meio às grandes batalhas nos grandes palcos. E para tanto e não podendo ser diferente, nossos melhores e mais completos jogadores devem estar na linha de frente, sob orientações do comandante, porém sem abrir mão da inteligência, da estratégia.
Aqui vai uma preocupação dupla: poupar forças ou extrair o melhor das forças? Como fazer para subverter o cenário de desgastes, desafios, armadilhas, barreiras? Qual Renato, Darío, Romero, Frederico não querem estar no campo, ou pronto para entrar? Que Marcílio, Luccas e Matheus querem ser retirados da missão em vez de partilhar com Gabriel, Juan e Kayky dos momentos mais dinâmicos e divertidos do jogo, a busca pelos dribles, passes, lançamentos e o gol.
Em vez de poupar jogadores, apenas pela conveniência de descansar, evitar o desgaste ou supor que essa seja a maneira mais correta e estabelecida de esticar a vida útil de alguém, tão complexo como um ser humano o é, pois não é só músculo, carne, osso, é também paixão, emoção, sofrimento, frustração, desejo, e tantos outros imponderáveis, deveria o treinador, junto a equipe técnica modelar os jogos em partes e estabelecer neles as melhores peças para cada momento.
Como já conseguimos identificar até aqui do senhor Roger Machado, ele divide o jogo em dois ou três atos. No primeiro, que consome todo o primeiro tempo de jogo (ou até mais quinze minutos da segunda etapa), a ordem é evitar grandes exposições, fazer o tempo correr e suplantar este período. A partir do segundo ato, começam os preparativos para o jogo, peças são trocadas com o intuito de estabelecer conexões entre os setores do campo, defesa-meio-ataque. É nesse período, mesmo que ainda de forma reativa, que o Flu tenta jogar, ir pra cima, caçar a goleira adversária, como dizem nossos amigos do Sul. Quando a parada se resolver ou se estender nesse período, as últimas mexidas são muito mais em função de compor ou refrescar as engrenagens. Já quando roteiro se distancia do imaginado para a partida, mexe por segurar resultado (vide com empate diante o Junior) ou tentar à todos os custos uma vitória no exaspero.
De todo modo, e mesmo que a equipe até aqui, quede invicta, Machado e companhia não colocam em campo as peças certas de encaixe correto para cada momento. Também não dá pra escrever tudo numa carreira só, vamos florear um bocadinho, vamos ver? Para a etapa em que a ideia é anular o jogo que se preserve as peças mais importantes, e as descanse para o momento em que se quer atacar; é aqui que podem encaixar melhor Caio, Luiz, Yago, Raúl, que certamente hão de desdobrar e ocupar cada cantinho, tirando espaços e atacando os que sobrar do outro lado. E aí sim, quando se queira jogar, criar, armar, utilize em substituição os atores que saberão como conduzir, driblar, quebrar as linhas, defesas e marcas adversárias em busca de chegar no último palmo de chão antes de cruzar a linha sagrada, protegida e vigiada pelo casal, goleiro e gol.
Ou ainda, se quer ter válvula de escape em partes do jogo, utilize os que sabem fazer passes, infiltrações, lançamentos, como Paulo Henrique, Danilo, Samuel, Abel. Mas essa ideia de poupar jogadores como uma mística, e assim tratando jogos com menor importância que outros, não está bom, não. Pois onde quer que o Fluminense pise e esteja em campo representando as cores que eternizam tradição, há de ser terra nossa. Como cantara Maria Dina, segundo Deodora em Javé: No rumo do cruzeiro do céu (ou vale aberto) até onde a vista alcança há de ser terra nossa, nesse contrário de rumo, até onde um homem possa andar um dia inteiro de marcha, há de ser terra nossa.
E é nesse lema e com isso em mãos e pés que o Fluminense, que tem a vocação para a eternidade, deve se portar: vitória sempre!
O reverencio Edgard! Grande texto.
ST
Aplausos Edgard, seu texto é poesia pura!