Estamos a poucas semanas de terminar a Temporada 2022 no futebol brasileiro, mais uma em que o Fluminense foi nada mais que um espectador de luxo. E põe luxo nisso.
Até tivemos um início diferente, com a conquista do Campeonato Carioca que, nos últimos anos, mais parecia uma Taça Fla-Flu, tamanha a distância dessa dupla para os demais grandes, Vasco e Botafogo, mais recentes, afora Bangu e América, que já dividiram torcida nas arquibancadas do Maracanã, em um passado não tão distante de nós.
Porém, o título do (ex) Cariocão não pode maquiar muitas fraturas vividas pelos Tricolores que admitem pensar. Ainda no início do ano, fomos eliminados, em campo e fora dele, da pré-Libertadores com o time da gestão todo em campo. Aqueles que haviam sidos contratados para trazer experiência e qualidade, foram protagonistas retumbantes de uma eliminação vexatória, para um clube que foi saco de pancadas na fase de grupos da Libertadores a seguir, o Olimpia de Asunción, capital do Paraguay e sede da CONMEBOL.
Enquanto o time dos amigos do vestiário e das salas secretas se arrastavam em campo, a equipe de Paulo Henrique Ganso, Germán Cano, Jhon Arias, Nonato e outros apresentava um futebol satisfatório, apontando alguma esperança de dias melhores.
Mas eis que a própria gestão do clube, que deveria trabalhar nos bastidores de maneira a fornecer condições ótimas à equipe e sua torcida para que pudessem viver sua simbiose vitoriosa, foi a que mais trabalhou para arruinar tudo e atirar o Fluminense de volta à realidade. Primeiro com o anúncio na surdina da venda (eu diria doação) de um dos melhores jogadores do elenco: Luiz Henrique, entregue ao Real Betis por valores que não pagariam nem três meses de salários dos aposentados.
Sem contar a descontinuidade do treinador Abel Braga, os gestores ainda aprontaram mais das suas. Danadinhos. Não se ocuparam em garantir a permanência de Nonato ou sua substituição da melhor maneira. Das opções já vigentes no clube, Wallace que encerrou a temporada 2021 dando uma assistência, com apenas três minutos em campo, foi emprestado ao CRB, clube que teria sido o destino de André, não fosse uma lesão grave de Hudson, objeto de desejo de Mário e Angioni, cujo pacto com o jogador foi tamanho que agora ainda temos um processo dele a pagar via judiciário.
Além do jovem selecionável Wallace, ainda temos no grupo Alexsander, jogador igualmente promissor mas que apenas frequentou pré-listas até aqui e algumas visitas ao banco de reservas, sem nunca ser cogitado como opção. Isso sem falar de Martinelli, Calegari e Yago que passaram de opções e titulares a personas non gratas nas escalações de Fernando Diniz. Mas que agora, diante da falta de outras opções e constatado o que todo mundo sabia, menos alguns, sobre os veteranos mais atrapalharem que ajudarem, voltaram a ser escalados a torto e a direito, por vezes totalmente deslocados de suas funções e posições que melhor rendem.
Assim como Paulo Andel sempre diz, o Fluminense vive um ciclo eterno de correr para não chegar. Confirmado pelas falas do atual mandatário do Fluminense, Mário Bittencourt, dizendo que o balanço da temporada é muito positivo. Acredito que sim, pois os negócios para ele seguem de vento em popa.
A nota triste é saber que, não satisfeito do que vem fazendo ao Fluminense nesses três anos e meio de sua (indi) gestão, ele ainda quer mais três anos para continuar o que começou. A dúvida é: do que ele está falando? É uma ameaça? Será a troca de todos os contratos dos jogadores com parceiros mais favoráveis? Será o agravamento das dívidas de curta execução? O loteamento de cargos no clube para seus cabos eleitorais e amigos de noites serenas?
Seja qual for sua motivação, precisamos nos lembrar de uma coisa: qual seu compromisso de campanha, quando candidato em dois mil e dezenove, foi dado como prioridade ou segue sendo defendido?
Vou pegar apenas um exemplo: a defesa do voto on-line, instrumento que beneficiaria todos os sócios que não moram no Rio de Janeiro ou que têm dificuldades de se locomover até Laranjeiras para votar. Mário vem na Justiça impedindo que o voto on-line seja implementado no Fluminense, com ajuda do Presidente do Conselho Deliberativo Braz Mazulo, pois em momento algum pautou o tema, nesses três anos e três meses à frente da turma que só aparece para aprovar novas camisas.
O Fluminense merece muito mais do que um advogado comprometido com contratos e negócios que, diretamente, conflitam com os interesses do clube.