Por onde eu começo?
Amigos, amigas, o Fluminense obteve mais uma vitória no Flamengão 2023 vivendo dois tempos diferentes na partida. No primeiro, um início promissor, com muita agilidade nas trocas de passes e a bola chegando corriqueiramente em Keno no mano a mano com a marcação da Portuguesa. Em três lances, um drible e um passe rasteiro para trás, que quase encontrou Germán Cano. Nos demais, cruzamentos aleatórios para a área, até que as tramas pelo lado esquerdo fossem bloqueadas pela Portuguesa. Que acabou criando as duas primeiras oportunidades de gol do jogo, a primeira numa cabeçada perigosa e a segunda com Fábio sendo obrigado a fazer defesa difícil, quase dando rebote ao ataque adversário.
O Fluminense ameaçou de uma forma padrão. No primeiro lance, Nino percebe a infiltração de Cano e mete a bola longa. Cano, como sempre, bate de primeira, criando o primeiro momento ofensivo tricolor. Noutro lance, Ganso, após longa troca de passes pelo lado esquerdo, percebe a infiltração de Arias e mete bola preciosa, cujo arremate foi bloqueada pelo goleiro da Portuguesa.
O grande momento tricolor foi, no entanto, quando André achou espaço próximo à área e soltou a botina para o goleiro adversário mandar a escanteio. Muito pouco, mas a torcida, na arquibancada, estava pouco preocupada com o jogo e mais propensa a comemorar a contratação de Marcelo, assunto que merece uma outra crônica.
Veio o segundo tempo e Diniz decidiu recorrer a uma solução já conhecida da torcida tricolor. Como a Portuguesa estivesse mais disposta a fechar sua intermediária do que a pressionar a posse de bola tricolor, tirou David Braz, recuou André para fazer a zaga com Nino e colocou Lima no meio, dando mais dinamismo ao setor, que passou a contar com a qualificação dos próprios Nino e André para dar volume à atividade criativa na meia cancha.
Nino foi, aliás, o nome do jogo, atuando de forma perfeita, a típica atuação nota DEZ, desarmando, cobrindo, armando e abusando de sua técnica diferenciada. André, que tinha uma boa atuação, cresceu absurdamente jogando na zaga. O jogo do Fluminense começava nos pés de dois craques. Aí as coisas começam a ficar difíceis para a Portuguesa, porque Lima também entrou bem, melhorando a movimentação do conjunto tricolor.
O Fluminense insistia no jogo pela direita, até que um cruzamento desviado pela zaga sobrou para Lima. Da entrada da área, o meia tricolor soltou uma bomba, que acabou desviada por Germán Cano, que talvez tenha roubado o mérito do companheiro, mas ninguém está preocupado com isso, porque a bola estufou a rede adversária.
A Portuguesa resolveu sair para marcar a saída de bola do Flu, tudo que Diniz mais gosta, abrindo espaços às costas da marcação e originando chances para o nosso ataque, mas o que fez a diferença foi quando demos o troco. Ganso cercou o zagueiro da Portuguesa, as linhas avançaram, pressionando todos os homens adversários. A tentativa de lançamento foi interceptada por John Arias e a bola sobrou livre para Cano, que tentou só ajeitar para o mano colombiano, que passou lotado pela bola, levando, involuntariamente, os desesperados marcadores para um engodo. A bola acabou ficando limpa para o próprio Cano fazer as coisas do seu jeito, quase incrédulo com o desfecho da jogada, porém ágil para arrematar violentamente no canto esquerdo e ampliar para 2 a 0.
A situação ficou feia para a Portuguesa, que já não sabia o que fazer em campo. O melhor da festa ainda estava por vir. Após cruzamento da direita, mais uma vez, a bola sobrou para Keno, que, dentro da pequena área, ajeitou a bola, que subiu, e, diante da pressão do zagueiro adversário, desferiu uma meia bicicleta linda, mandando a bola no canto direito, indefensável. Golaço do Flu!
A toada era de goleada tricolor, mas Diniz recorreu a mudanças que impediram que proporcionássemos um show de mais 20 minutos no Maracanã. Tirou Ganso e colocou Felipe Melo. Keno deu logar a Isaac. Mais à frente, tirou Árias, que não gostou nem um pouco da ideia, e Germán Cano, o que reduziu o ímpeto ofensivo tricolor, logo depois do colombiano ter mandado uma bola no travessão.
O segundo tempo deixou ótima impressão, mais uma vez com André recuando para a zaga. Um mistério tricolor a ser desvendado, numa tarde de Nino, de Keno e de Cano, que acaba de estabelecer a marca de sete gols em três partidas. Vai ser artilheiro assim lá no inferno, onde nem Lampião conseguiu entrar.
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Por falar em Lampião, título merecido demais da Imperatriz. Lá em novembro do ano passado eu já comentava com o povo que a Imperatriz e a Viradouro saíam na frente na briga pelo carnaval de 2023, graças a enredos muito felizes, fora da curva, endossados por sambas de altíssimo nível. Não por acaso, foram as melhores colocadas no desfile, em que o rebaixamento do Império Serrano deveria ser apurado criminalmente.
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Ah, tem o Marcelo. É claro que precisamos aprofundar a análise, mas há algo que já pode ser dito. Marcelo tem 34 anos, está na mesma faixa etária de Germán Cano e P.H. Ganso, que andam voando no Flu de Diniz. No caso de uma jogador como Marcelo, que é top de linha, a idade não faz muita diferença, mas o propósito.
Em entrevista recente, Cano afirmou que seu objetivo esse ano é conquistar o Mundial de Clubes. Se Marcelo vier pensando da mesma forma, se o seu trabalho caminhar nessa direção, talvez seja possível reviver um pouco do melhor de sua história no futebol, ainda mais num time recheado de craques, como é o atual Tricolor.
Marcelo pode ser um Deco, que se concretizou como uma grande contratação, como Romário, que teve lá seus momentos, mas foi uma contratação morna, ou como Ronaldinho Gaúcho, que foi um grande fiasco. Todos tiveram em comum o mérito de contribuir para manter a tradição do Fluminense de sempre contar em seus quadros com grandes craques do futebol mundial. Marcelo não terá esse mérito a conquistar, porque já atuou no Prêmio Nobel do Esporte. Mas pode escrever sua história como grande personagem do Tricolor, e é isso que todos esperamos.
Falamos mais sobre isso na quinta.
Saudações Tricolores!