Enfrentando um adversário que não dava facilidades e recheado de ex-jogadores tricolores – e até o treinador – o Fluminense fez jogo duro, atacando e sendo atacado pela Ponte Preta, sem nenhuma conclusão relevante nos primeiros quinze minutos de jogo. Depois veio a cobrança de falta do Scarpa e mais um gol de Cícero na cabeçada. Este é um caso à parte: reconhecidamente técnico mas de futebol cadenciado demais, foi amplamente perseguido pela claque da politicagem situacionista no ano passado, o que acabou se espalhando em parte da torcida. Queriam sua cabeça, enquanto louvavam Deus no Céu e Fred na Terra, por motivo justo. Acontece que o Criador está de olho em tudo, e não perdoa os covardes. Cícero, que não tem nada com isso, foi lá e fez. Pouco antes, o meia teve risco de ser expulso, quando entrou com as travas na canela do pobre Rhayner… Três cartões amarelos em menos de meia hora. Chapa quente na Baixada.
Depois do gol, o Fluminense continuou atacando – ou tentando atacar – sem no entanto finalizar, enquanto a Ponte manteve a pegada e, dentro de suas limitações, ganhava terreno e agredia. O primeiro tempo foi bem divertido de se ver pela disposição das equipes e não exatamente pela técnica: a bola andou recebendo alguns safanões, mas tudo bem. O que importava era o Tricolor na frente.
Gostei mais do conjunto, da vontade e da empolgação que parece recuperada no campo do America, em vez do vazião de Volta Redonda – o Raulino é ótimo mas a torcida nunca o lotou – imagine na Linha Amarela à meia-noite, como querem os celenterados. Perigo de empate foi a jogadaça de Rhayner para a conclusão de Roger, passando perto. No fim da primeira etapa, o próprio Rhayner acertou um chutão perigoso. A Ponte finalizou mais, o Fluminense foi mais sagaz.
No bom saldo, Wellington Silva, Gum e Marcos Junio cheios de atitude. O coitado do Douglas recebeu uma joelhadona do Fábio Ferreira e assustou o time inteiro. William Matheus e Henrique, o algoz do Marlon, pffffff. Juntos, Dourado e Samuel podem lembrar as queridas “Torres gêmeas” de 2008: Washington e Somália. Eu sonharia com Dodô e Deco, mas o impossível é impossível.
Depois do intervalo, não deu para Douglas, entrando Edson. E Samuel, apagado, cedeu a vez para Wellington, ex-Silva, cheio de moral pela atuação diante do modesto Ypiranga pela Copa do Brasil. Sob o sol do meio-dia, novo começo de partida mais aberta, dinâmica e a Ponte querendo o empate. Mas cada William Matheus tem o Breno Lopes que merece.
A Ponte não aproveitou, o Fluminense fez: Scarpa em excelente cruzamento pela esquerda e Cícero voando de cabeça firme como em 2008. Canto esquerdo, estopa, o Garotinho narrou no que sobrou da Tupi. Não dava para dizer que a vitória estava garantida porque é futebol, faltando ainda mais de meia hora, mas encaminhada estava. Então, Danilinho em campo para alegria de Chiquinho Zanzibar, pianinho que ele só, porque a vida real vai além do tuíter.
Com dois de frente, o Flu deitou no mar da tranquilidade, administrando o jogo diante de uma Ponte já sem forças. E então a cereja do bolo: um GOLAÇO-AÇO-AÇOOOOOOOOOOOO de Wellington, depois de um erro involuntário de Scarpa ao dominar a bola, encobrindo o desesperado goleiro da Ponte e aí sim matando a partida com 3 a 0. Depois de anos de ocaso, quem sabe o garoto finalmente não decola na carreira? Futebol não lhe falta. No gol, ele lembrou feras como Gilcimar e o artilheiro de ébano Washington. Um grande momento, feliz e digno, que nada tem a ver com planejamento mas sim improvisação. Um pedacinho do que um dia foi o futebol brasileiro.
Depois do golaço, mais do mesmo: festa da torcida, calor, felicidade e o jogo moralmente encerrado. Mais quinze minutos de burocracia e três pontos fundamentais para se afastar da indesejável parte baixa da tabela. No fim, vitória justa para quem soube disparar na hora certa. A Ponte quase descontou num escanteio, mas Cavalieri defendeu. Scarpa esteve presente nos três gols. Que tenha vida longa com a nossa camisa.
Bacana ver nove mil e quinhentos maníacos em Edson Passos, mas cabe uma humilde observação a quem vê nisso a oitava maravilha do mundo: acontecia o mesmo em Laranjeiras lá por 1990 ou 1991. Era o tempo dos times baratos, mas que chegavam. Casa cheia é 70 mil no Maracanã em 2017. Sigamos torcendo, pois. Ah, claro: #ForaTemer.
Podia ter mais gente, mas a arquibancada do outro gol ficou com meia dúzia de visitantes e um deserto só. Antigamente era só colocar PMs e uma corda, você ganhava mais três mil ingressos. Ah, futebol moderno…
Foda-se a politicagem: o que importa é vencer. Deu Fluzão na cabeça. Vale o escrito. Paratodos.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: rap
Muito boa análise. E #ForaTemer.
Meu amigo Paulo, se tivesse na mídia esportiva um jornalista capaz de descrever o jogo dessa maneira, o Brasil seria outro.
Parabéns,
João Leonardo
O que significa ” fora Temer ” ? Seria o memo que: ” Volta Dilmanta ” ? Espero que não. Quanto ao time parece que vai melhorar bem no returno e talvez chegue entre os 4. Vai depender de tesão dos jogadores e da sorte do auto-proclamado burro com sorte. ST.
Andel: Eu não regulo a sua manifestação política e nem você a minha. O que você espera ou não é problema seu.
Gostei de sua resposta
Estou contigo, com o Flu e #ForaTemer