Fluminense 3 x 0 Bonsucesso (por Walace Cestari)

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O Fluminense entendeu o que é ser o Fluminense.

Entendeu que ter seriedade é necessário. E chutou para o lado o saco de críticas que se abria nas Laranjeiras.

E não foi agora. A ficha caiu contra o Botafogo. Talvez a pressão pela vitória e a necessidade de um bom jogo contra alguém mais tradicional tenham enchido de vontade o time, em especial, os meninos de Xerém.

O Bonsucesso pagou o pato. Quiçá endurecesse o jogo e o Flu se acomodasse. Os meninos não deixaram.

Quatro minutos e uma bomba a cem por hora. Gerson pensa na mesma velocidade do chute. Um a zero. O Flu quer jogo.

No erro provocado por uma boa marcação tricolor, Kenedy repete a categoria que mostrou no clássico: um tapa e estopa.

Um escanteio, um gol de treino. Cristóvão é o cabeça do gol de cabeça de Edshow. E já estava bom.

O Flu parou. Mostrou ter uma zaga homogênea: quem entra, quem sai, não importa. Continuamos dando espaços, mesmo para o fraquíssimo Bonsucesso. Só sustos leves, pouca coisa.

Trocamos passes. Algumas investidas mais agudas. Um banho-maria de quem se fez senhor do primeiro tempo.

O fogo esfriou. O prato já estava pronto e servido. O segundo tempo arrastou-se modorrento. Querendo não correr riscos, o Flu deixou correr o tempo. Poderia ter trocado mais passes, ter se insinuado. Pouco fez. Pouco quis.

Já havia demonstrado que sabia ser sério. E que o carioquinha não merece tanta seriedade. O Bonsucesso não teve nenhum sucesso em tentar lançar-se à frente. Cavalieri pode usar o mesmo uniforme no domingo.

Os quarenta e cinco finais valeram para ver Gérson. O menino de dezessete anos não é joia. É uma homenagem. A visão de jogo e a precisão dos passes e lançamentos honram o nome do Canhota de Ouro. O jeito altivo e elegante de tratar a bola traz à lembrança o Príncipe Etíope.

Que se dane que é cedo para falar algo. O garoto fez nascer sorrisos nestes dois últimos jogos. Oxalá siga assim.

Enquanto isso, perdemos um tempo inteiro para treinar variações e jogadas de contra-ataque. Deixamos passar. Ficamos sérios a ponto de não querer mais jogo. Ficamos sérios para querer três pontos.

E de três em três, as três substituições deram ritmo a Gum, descanso a Kenedy e tratamento a Giovanni. Nada mais. E o apito final trouxe vaias. Porque placar não é tudo no futebol.

Mas fiquemos com a imagem que queremos: reaprendemos a ser sérios. E podemos ser por mais tempo. Ainda que surjam outras palavras de ordem. Poupar. Desacelerar. Preservar.

Só não deixemos de sonhar: Xerém é fantasia de passado nas passadas largas dos jovens de futuro.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Foto: lancenet.com.br

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