O Clássico Vovô deste domingo saariano, após ressacas, de lado a lado, marcou o duelo de um Fluminense já classificado, dependendo apenas definir se iria como segundo, terceiro ou quarto às semifinais do Carioca, enquanto o Botafogo deverá disputar, mas uma vez, a Taça Rio, uma espécie de Taça Prata, idealmente pensado para as equipes pequenas que superam outras quatro no certame.
O Tricolor, após vencer a Recopa sobre a LDU, exorcizando fantasmas de um passado atroz, veio a campo com uma escalação para agradar o vestiário, sem eira ou beira, sem pé ou cabeça, embora, como que por um milagre, dois zagueiros de ofício. Já o Alvinegro, após espoliar o Aurora pela Pré-Libertadores, trouxe uma escalação também reserva, porém com jogadores em suas posições.
Os influencers que fazem live com pau-de-selfie nem tinham se acomodado em seus assentos ainda e o Fogão já abriu o placar em um a zero: Marlon Freitas, que um dia foi tratado como xereba, acertou um lindo voleio, devolvendo alguns emocionados à realidade.
A equipe do Manequinho da General Severiano chegaria ao segundo gol, com Raí, em belíssimo chute de fora da área em que, Felipe Alves, xodó de Diniz, nem viu a cor da bola no lance.
Já o Mister Carioca, Lelê, fez dois, um impedido e outro desimpedido pelo VAR, para delírio dos não-covardes presentes na Sul e espalhados na Leste do New Maracanan, estádio que foi descaracterizado para atender aos anseios da FIFA e de tantos que lucram com a exploração do nosso pobre futebol.
As equipes voltaram com mudanças após o intervalo, Diniz promoveu André a zagueiro mais uma vez, retirando a solução Antônio Carlos para este fim. Em sua entrada, Renato Augusto, escolhido capitão de hoje (?), entregou-lhe a braçadeira; o Botafogo tirou Lucas Halter, amarelado no fim, para a entrada de Jefferson Maciel na defesa.
Jogo bem agitado na segunda etapa, com chances de gol para os dois lados. Mais parecia uma pelada de final de tarde, com churrascada no pós-jogo, do que um clássico enorme do Campeonato Carioca, outrora o mais importante do país.
Depois da parada técnica, Diniz realizou mais uma vez seu principal fetiche: tirar todos os zagueiros de campo e deixar que os meias se virem pelo setor. Além disso, já tinha tirado o lateral direito de campo.
O jogo teve uma troca de penais. Primeiro o árbitro ignorou um cometido por Marcelo; na sequência, Jota Ká sofreu um e bateu de cavadinha para empatar a peleja. Um pouco depois, André varreu o adversário dentro da área, no lance, foi expulso e Marlon Freitas, de novo ele, marcou para recolocar o Fogão na frente do placar.
O jogo ganhou contornos dramáticos, um show de horrores. Agressões, gritarias, chiliques e muito mais. Na volta da parada infinita para os jogadores fazerem seu teatro macabro, Hugo cruzou para Emerson Urso fechar o caixão e aplicar a goleado do Botafogo sobre o Fluminense, quatro a dois, para delírio das torcidas: a do Fogão, vibrando a vitória sobre um algoz, e a do Fluminense, vivendo seu deslumbramento, ainda comemorando a Copa Rebobó (assim apelidada a Recopa Sudamericana por TTP).
Fora do estádio, a nota triste fica por conta de mais uma briga envolvendo vagabundos que se escondem por trás da alcunha de Torcidas Organizadas: na Penha, muita violência e relatos de morte de pessoas. Um inferno a céu aberto, que nos acostumamos por termos nascido nessa terra desgraçada.
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FLUMINENSE 2 x 4 BOTAFOGO
Taça Guanabara – 11ª Rodada
Domingo, 03/03/2024 – 16:00 (Brasília)
Maracanã – Rio de Janeiro-RJ
Renda: R$ 1.014.427,50
Público: 21.492 presentes
Arbitragem: Felipe da Silva Gonçalves Paludo (Árbitro), Thiago Rosa de Oliveira e Thiago Filemon Soares Pinto (Assistente), Alexandre Vargas Tavares de Jesus (Quarto Árbitro), Rodrigo Carvalhaes de Miranda (VAR)
Cartões amarelos: John Kennedy 39’, Lelê 54’, Felipe Alves 90’+8’ (FLUMINENSE); Gregore 39’, Lucas halter 45’+2’, Emerson Urso 74’, Damián Suárez 80’, Gatito Fernández 81’ (BOTAFOGO)
Cartão vermelho: André 84’ (FLUMINENSE)
Gols: Lelê 25’, John Kennedy 82’
(FLUMINENSE); Marlon Freitas 2’ e 86’, Raí 14’, Emerson Urso 90’+9’ (BOTAFOGO)
FLUMINENSE: Felipe Alves; Guga (Martinelli 61’), Antônio Carlos (André 46’), Marlon (Marquinhos 71’) e Alexsander (Marcelo 61’); Lima, Renato Augusto© e David Terans; Douglas Costa (Jhon Arias 40’), John Kennedy e Lelê. Téc.: Fernando Diniz. 4-3-3
BOTAFOGO: Gatito Fernández©; Mateo Ponte (Damián Suárez 73’), Lucas Halter (Jefferson Maciel 46’), Bastos e Marçal; Gregore, Marlon Freitas e Kauê (Yarlen 88’); Diego Hernández (Hugo 73’), Raí (Emerson Urso 63’) e Janderson Téc.: Fábio Matias. 4-3-3