Fluminense 2 x 2 Corinthians (por Paulo-Roberto Andel)

Pessoalmente, já senti que as coisas não iriam dar muito certo. Não bastasse o stress inútil da busca do ingresso, ainda me senti mal ontem perto das cinco da tarde, o que me fez desistir de ir ao jogo. Marcelo Diniz estava comigo, viemos até meu prédio de casa e ele pegou seu táxi para o Méier.

Sem saber, eu ia passar uma das situações mais complicadas de toda a minha vida numa partida do Fluminense, que só não superou a morte de meu pai a uma hora daquele Fluminense x São Paulo da Libertadores 2008.

Mal começou o jogo, o Flu saiu lindamente na frente e estourou a bomba: cadê o Gonzalez? Não estava no jogo, não respondia o celular, uma mensagem dava conta que havia desfalecido e, enquanto o Flu dominava o primeiro tempo, estávamos nós a procurá-lo. O nosso Diniz rastreou o celular numa área do Centro, Edgard veio para cá e enquanto escutávamos a segunda etapa, fizemos a desagradável peregrinação pelo Souza Aguiar, UPA da Frei Caneca, a própria casa dele e a UPA de Botafogo. Em meio ao caos, o Fluminense tinha sofrido o empate, voltou do intervalo com um golaço de Arias e podia ter matado o jogo. Só que não matou e, numa decisão, quem não mata morre.

No meio da Real Grandeza, caminho sempre difícil para mim porque remete aos enterros dos meus pais, tivemos o alívio: Gonzalez estava bem. Demos meia volta e torcemos loucamente no rádio pelo 2 a 1, até que passamos por Laranjeiras e eu, que sou acusado pelos P.I.T.s de torcer contra, tirei uma bela foto para me lembrar dos tempos da UERJ, quando me sentia feliz só de passar na porta do clube e olhar o grande muro grená, hoje tricolor.

Um som, um súbito, e aconteceu o que ninguém queria: o gol de empate corintiano, contando com as velhas falhas individuais há tanto tempo descritas por aqui. Minutos depois, o camarada Edgard me deixou em casa, foi pra dele e subi para ouvir a resenha do PANORAMA, acompanhar o VT e tentar reconstruir o cenário.

Não foi difícil. Como quase sempre acontece, o Flu domina a primeira etapa e, à medida em que o tempo passa e as alterações são executadas, o time cai de produção. No fim, a paçoca inevitavelmente estoura na última linha, e lá está o excelente ex-goleiro Fábio com seu atraso de sempre, exceto pelos lunáticos que acreditam que se pode ser o melhor goleiro do Brasil só com o nome. Detesto individualizar análises, mas especificamente este caso é tão gritante que é impossível não falar. A quem se incomodar com esta opinião, sugiro que reveja a performance de Cássio, o goleiro do Corinthians, nesta mesma partida.

Nada está decidido. Nada está perdido. Nada. Agora, não devemos exagerar no otimismo a ponto de torná-lo infantilidade: é claro que ficou mais difícil, bem mais difícil. Ao contrário do nosso grande rival, com um pé e meio na final da Copa do Brasil, teremos que desafiar definições para superar o Timão em seus domínios, no estádio com maior pressão de torcida no país. É trabalhar nestas três semanas.

Quinta de manhã, ainda estou com dor de cabeça por ontem, sábado já tem outra decisão. O tempo não espera. Estão rolando os dados. Ah, sim, obrigado a todos os que ajudaram a encontrar o Gonzalez, especialmente o Edgard. O tempo não importa, mas em horas como essas é que diferenciamos conhecidos, colegas e amigos. A vida não se resume a likes e bajulações; nas horas difíceis, poucos mergulham no lago gelado – Edgard é um deles.

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2 Comments

  1. Primeiramente eu sinto muito por toda esta maratona de eventos, culminando no.presente que demos, mais uma vez pelos erros de saída de bola negligentes, aos corintianos que serão nossa pedra no sapato, até o fim do jogo de volta. Mas independente dessa pedra acreditamos, somos melhores tecnicamente e guerreiros. Que venha o Itaquerao e que você esteja recuperado. Amigos são amigos e o resto… bem, o resto sabemos o q são. Ótima 5a feira.

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