Amigos, amigas, antes da partida de hoje a minha análise era bastante objetiva. A chance de nós passarmos às semifinais da Libertadores eram mínimas diante de um adversário qualificado como o Barcelona.
Eu temia mesmo pelo resultado no Maracanã diante das atuações terríveis que tivéramos nas últimas partidas, com destaque para a do último domingo, na derrota diante do América MG.
Agravava a situação a decisão inócua de Roger de trocar Nenê por Casares. O que ganhamos com essa substituição? No máximo um pouco mais de aproximação entre os jogadores de meio de campo e a possibilidade de uma ou outra jogada de profundidade partindo de lançamentos do setor central.
Verdade seja dita, Casares entregou tudo isso e jogou mais do que os costumeiros vinte ou trinta minutos. De modo que acabamos visualizando a referida vantagem, embora isso não nos tenha agregado valências tão reivindicadas, como a capacidade de pressionar a saída de bola adversária e contra-atacar em velocidade.
Diante disso, tivemos um primeiro tempo pouco produtivo ofensivamente, no que, graças a Deus, fomos acompanhados pelo Barcelona. Não por opção, mas porque voltamos a ter um bom desempenho do nosso sistema defensivo
Sem capacidade de construir jogadas de infiltração, contentamo-nos em criar três oportunidades em jogadas de bola parada. Numa delas, numa falta boba cometida em Gabriel Teixeira, quase junto a linha lateral, Casares cobrou, o goleiro se chocou com o próprio zagueiro e a bola sobrou para Gabriel Teixeira, que deve ter levado um susto, empurrar para o gol vazio.
O Fluminense voltou para o segundo tempo com a vantagem e sangue nos olhos para ampliar o marcador. Criou boas chances e poderia ter ampliado o placar em um momento de ausência cognitiva do time equatoriano, mas não o fez. Na sequência, perdeu dois jogadores machucados: Gabriel Teixeira e Cazares.
Entraram Kayky e Nenê, revelando a tradicional falta de criatividade de Roger face ao estudo presente do jogo. E logo o Barcelona, na primeira finalização contra nossa meta, marcou o gol de empate. Para nosso desespero, o segundo veio aos 42 minutos do segundo tempo, num momento em que nos apresentávamos pouco produtivos em campo, apesar de com um a mais, graças à expulsão justa do atleta do Barcelona, que sofrera o segundo amarelo.
Nino, talvez o nosso melhor jogador, comete uma falha bisonha na marcação de uma bola alçada na área e resolve a situação cometendo pênalti.
Estava tudo perdido, pensou a plateia. Com 2 a 1 para o Barcelona, teríamos que vencer por diferença de dois gols no Equador para trazer a vaga. Nem mesmo a razoável partida que fizemos hoje nos credenciava a tal feito, mas eis que já nos acréscimos Abel Hernández, que entrara no lugar de Yago, enquanto André entrara no lugar de Martinelli, sofre pênalti quase na pequena área.
Fred, que fazia hora extra em campo, cobra e empata, reacendendo a chama da esperança, como se uma simples derrota por 2 a 1 pudesse nos fazer acreditar na impossibilidade de uma reviravolta.
É o que nos remete a esse Fluminense da Libertadores. É possível jogar a toalha? Jamais. Não com esse time que parece sempre predestinado a reverter as expectativas. Quando tudo parecia encaminhado para o desastre o Fluminense empata o jogo. Não chega a ser uma novidade se confrontarmos nossa trajetória até aqui, que passa pelo Campeonato Brasileiro do ano passado.
Não tem nada perdido. Vocês sabem qual é o desempenho do Fluminense fora de casa nessa competição? São três vitórias e um empate, dez pontos obtidos em doze disputados. Mas é óbvio que todos nós queremos mudanças que deem regularidade a esse time. Já as sugeri aqui. Mas o Fluminense dessa Libertadores está além de tática e escolhas individuais. O jogo de hoje mostrou isso.
O Fluminense não é decifrável, pelo menos não facilmente, principalmente quando temos Egídio fazendo uma grande partida, como a de hoje. Mas é claro que o Fluminense precisa de outras soluções táticas e um pouco de coragem do técnico para fazer o que tem que ser feito.
Só não podemos duvidar de que, de alguma maneira, esse Fluminense vença a partida no Equador com autoridade e nos traga a vaga para a semifinal.
Como? Isso já foi mostrado, mesmo com erros que não vale a pena reiterar.
Saudações Tricolores.