Fluminense 2 x 1 Paysandu (por Paulo-Roberto Andel)

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Nada é fácil. Um jogo, que bem poderia ter sido resolvido no primeiro tempo, encaminhado para um final dramático. O resultado foi magro, a batalha no Mangueirão será duríssima, mas o Fluminense venceu pela Copa do Brasil – no peito, na raça e com um futebol aquém dos anseios gerais.

Num jogo de vários personagens, o maior destaque ficou por conta do goleiro Julio César, com defesas espetaculares no segundo tempo, decisivas no fim.

Quando Magno Alves subiu e cabeceou para marcar o primeiro gol, quase voou de alegria. Havia entrado no lugar de Fred. O anúncio de seu nome foi tratado com quase indiferença. Não se desrespeita um herói de guerra, mesmo em seus últimos momentos divertidos. Tantos anos depois, ouvir “Ah, Magno Alves!” foi uma espécie de libertação. A grandiloqüência pela simplicidade. Magno merece respeito.

Corredor, humilde e chato, o Paysandu foi um adversário por demais enjoado. Seu goleiro vestido de lata de Coca-Cola pegava tudo. Depois, a falta na meia-lua. O Leo ficou bastante preocupado. Não deu outra: empate.

Sem Fred, Wellington Silva e Ronaldinho – este com três ou quatro jogadas geniais mas pouca ação coletiva -, mais Júnio em má noite, o Fluminense parecia entregue, sem liga e só não perdeu porque Júlio César fez um milagre atrás do outro. Que herói nos salvaria? Magno de novo? Não.

Renato fez um jogo treino esplêndido na estreia da temporada no Brasil. Depois se machucou, demorou, voltou de forma opaca e, mesmo sendo razoável em sua entrada contra o Paysandu, ninguém esperava o que ia acontecer.

O abafa nos descontos, a última bola, o rebote na frente da área. Uma bomba no ângulo direito, sem possibilidades de defesa. Renato fez um daqueles gols que, mesmo que não signifique nenhum título, fica marcado para sempre pelos que o viram. O golaço redime, o golaço liberta. O tiro de canhão ao término do show do Pink Floyd. O som rascante da guitarra de Buddy Guy.

A última bola, o último lance, o Marcão Tricolor urrando e lembrando. A sina do Fluminense é muito viva.

Tive a oportunidade de ver de pertinho os gols de Magno e Renato. Bolas beijando a rede, sacudindo, tremendo. Em algum momento tudo parecia a velha geral de um Maracanã que já não existe. Enxerguei nos vizinhos os garotos pobres, de camisas poídas, os proletários do amor ao futebol, gente como eu fui um dia. Por um instante, chorei. Houve quem visse ali apenas uma vitória mínima contra um adversário modesto. Preferi estar de volta em frente a mim mesmo.

Humilde, trôpego e vacilante, o Flu venceu e tem a vantagem do empate na volta. Cenário bem melhor do que em 2007, quando nos classificamos depois de uma derrota naquele outro Maracanã para o América de Natal. Foi o início de uma longa, triste e linda história que até hoje não se esgotou.

Termino lembrando do bem mais precioso da vida, tão malversado pelos inescrupulosos: a amizade. Esta crônica é um abraço no Seu Limão. O Fluminense ruge, ruge.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: exulla

o fluminense que eu vivi tour 2015

4 Comments

  1. Paulo, tive a mesma sensação que você no gol do Magnata…Um retorno a um passado recente quando das arquibancadas do Maracanã Eterno gritávamos e comemorávamos os gols de Magno Alves. Fazia uns 12 ou 13 anos que não entoávamos “Ah! Magno Alves” num gol do Flu!

  2. Também estava lá e vi e ouvi os mais jovens chamando Magnata de “velho do rio”. Respeito? Acho que não há. Comentei com um desconhecido que nossa torcida é a mais ingrata do planeta, não sei se ele concordou, mas ficou minha opinião registrada. Vamos que vamos!!!! O conheço Seu Limão, mas acompanho o seu filho nas redes , na fé que ele sairá dessa.

  3. Em poucas linhas VI o jogo. Valeu, Andel!
    Trabalhando, não soube de nada do jogo até passar ao lado do newMaraca, pela Radial Oeste, e ver as bandeiras TRICOLORES tremulando nas mão da massa a caminho do metrô. Senti que foi uma vitória! Mesmo sem saber como foi.
    No sofrimento também crescemos!
    Braxxxx e SSTT4!!!!

  4. Boa noite Paulo, exatamente o magnata tem historia e merece repeito, num gtupo do whatsapp postei exatamente isso para uns ingratos tricolores, ñ jogamos bem, mais os saltos de gols do Magnata me fizeram a alegria de hj. S tc

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