Em clima de festa e utopia, o Fluminense tem o roteiro inicial maravilhoso, com gol, expulsão do adversário, mas complica um jogo fácil de matar e viajará a Beagá dando chances de a Raposa fechar em close, em close, em close o tempo inteiro, como ela mesma cantou em o Pequeno Príncipe.
À rigor, o Fluminense dominou o jogo, pressionou o Cruzeiro o tempo inteiro e poderia ter feito mais gols, muitos outros. No entanto, a equipe não teve foco e concentração correta para definir o placar, de modo a viajar a passeio na partida de volta.
Após um gol anulado, com alguma dúvida, menos pelos milímetros que o VAR arranja, mais pelo velho debate mofado: a mesma linha acabou? Para interesse de quem? Enfim, apesar disso, o Fluminense se assenhoreou da partida e deixou claro que venceria. E venceu, mas ficou devendo. O problema é que vivemos no país onde, não só no futebol, o juro é alto demais e costuma cobrar seu preço, tanto que destrói o lucro de quem deveria tê-lo. Quero estar errado.
Aos quarenta minutos de partida, o VAR chamou o árbitro para expulsar Geovane do Cruzeiro por entrada criminosa na canela de Gustavo Nonato, que teve de ser substituído ainda na primeira etapa.
Em jogada de persistência na beirada do campo, Ganso fez um passe que mais pareceu um levantamento de vôlei para que Manoel, como um Marcelo Negrão ou Ana Mozer, pudesse cortar para as redes, de cabeça, para abrir o placar e dar a sensação de que haveria uma enxurrada de bolas na goleira de Rafael Cabral. Não aconteceu.
Ao contrário: em jogada de desatenção ou fortuita, Fábio deu ao Cruzeiro a chance de se manter vivo no jogo, doando um escanteio e depois levando o gol de escanteio, em que uma pane geral afetou o sistema inteiro do Fluminense. Fábio, que já deveria curtir a aposentadoria ao lado dos seus, vai ficando cada vez mais indefensável pelos odiadores gratuitos do Marcos Felipe, que vinha ascendendo na carreira e a teve interrompida pelo goalkeeper que ajudaria o Fluminense a ser campeão de tudo, pegaria pênaltis e afastaria a chance de falhas sob as balizas. Deu pra ti, baixo astral.
Pouco mais de vinte minutos decorridos do segundo tempo, Germán Cano enfim consegue marcar seu gol, na marra, após passe aéreo de Jhon Arias para que, de cabeça, o artilheiro do L de Lorenzo fosse comemorar com seus companheiros, fazendo Mauro Jácome explodir de emoção, lá em Brasília.
Embora o Fluminense tenha seguido muito superior, Fernando Diniz, que faz bom trabalho de construção e produção ofensiva no Tricolor, fez mexidas muito estranhas, bagunçando qualquer organização da equipe. Inverteu Caio de lateral, da esquerda para a direita, por que não o tirou de campo? Recuou Matheus Martins, que havia entrado na primeira etapa no lugar do lesionado Nonato, para a lateral esquerda e improvisou JK por ali e Martinelli no de Ganso.
O Fluminense não conseguiu encaixar uma boa jogada de gol. Luiz Henrique que já está em compasso de despedida, prendeu demais a bola, não articulou bem as jogadas, mas tentou, finalizou, só que não fez volume. E Pineida, que entrou no finalzinho, girou o campo todo à toa.
A sensação é de que algum gol não feito, pode fazer falta nas Minas Gerais, no jogo de volta.
Urgências:
– Ter uma alternativa sem Luiz Henrique, que pode ser Matheus Martins ou encorpar mais o meio de campo, com Martinelli ou Yago.
– Caio Paulista não deveria existir, mas já que Uram o decretou estar aqui, que fique no banco de reservas e entre em partidas onde ele não precisará, sequer, não comprometer. Precisamos de vida inteligente na lateral esquerda.
– Chega de Fábio e outros aposentados que drenam financeiramente o clube, enquanto nossas jovens promessas são vendidas para bancar peras mancas e outras bugigangas, que se vende em Copacabana.