Se o Fla-Flu começou quarenta minutos antes do nada, de uns tempos para cá, Fluminense e Vasco tem começado noventa minutos antes do caos.
Com provocações de lado a lado, desde as Euricadas, Abadadas, agora inflamado pela 777, sem contar a situação acerca do lado de ocupação da torcida no Maraca, desde Siemsen, o jogo contra o Clube de Regatas que leva o nome do famoso navegador português, tem sido de muita tensão dentro e fora de campo.
Dito e feito. No primeiro tempo o jogo parou algumas vezes para que os jogadores cruz-maltinos e tricolores pudessem trocar pelicas. Rendendo um baralho de cartões distribuídos pelo crupiê Felipe Paludo, chefe do apito do jogo de hoje no Maracanã. Mesmo ao final da partida, houve empurra-empurra, tendo brigas nos corredores da volta aos vestiários, obrigando os policiais de plantão a intervir e separar o arranca-rabo.
O ex-Gigante da Colina levou a melhor na primeira etapa, obrigando o Fluminense a ficar oprimido em seu campo, com posse de bola improdutiva, enquanto observava o goleiro Fábio garantir, até ali, o bicho da rapaziada.
Gabriel PEC fez de Guga, improvisado na carreira e na posição de lateral esquerdo do Flu, de gato e sapato, e Pedro Raul incomodou demais a zaga tricolor, principalmente David Braz.
No intervalo, Diniz tirou de campo Arthur, que substituiu Ganso na equipe titular, de forma equivocada, não pelo jogador que tem qualidade e deverá naturalmente seguir se desenvolvendo no esporte bretão, mas por ainda não ter a bagagem necessária para um clássico, jogo graúdo, de muita história, que vale muito mais do que os três pontos em disputa na fatídica Taça Guanabara. Se Diniz quisesse contar com ele, deveria tê-lo maturado nos jogos contra os pequeninos enfrentados antes.
Lima foi o escolhido para a vaga do jovem de Xerém, deixando a equipe mais compacta e mais amarrada no meio de campo. Mas não só isso fez o Fluminense melhorar; aos poucos os jogadores proeminentes da equipe de São Cristóvão foram cansando, perdendo o ímpeto e deixando de atordoar.
Em rara chance, após uma bola cruzada na área do Vasco, ela sobrou à feição para Cano disferir um belo bate-pronto, o semi-voleio estufou o barbante, dando alívio à torcida, no que diria um narrador icônico: golão, golão, golão. O um a zero trouxe paz e redimensionou a partida.
Na sequência, Fernando Diniz retirou o inoperante Keno de campo, lotando o meio com mais um volante: Yago Felipe, aquele do fusquinha e que, coitado, até outro dia não sabia quem era o Casal Vinte Washington e Assis. A mexida fez o Fluminense ter o domínio do território e fechar melhor os espaços deixados pelos laterais amarelados, Samuel e Guga.
O Vasco mexeu a valer em sua equipe, tentando chegar ao empate, e quase conseguiu com Nenê que recebeu belo passe de Eguinaldo, acelerando e superando David Braz, bateu de pé direito para mais uma defesa de Fábio, ao lado de Cano, os melhores em campo.
Diniz ainda encontrou motivo e tempo para colocar seu melhor amigo Felipe Melo em campo, morrendo com mais duas substituições por fazer. O atleta da barbichinha e da recomposição lenta conquistou seu adorado cartão amarelo, após menos de dois minutos em campo, dar uma botinada em um adversário.
O melhor ficou para o fim. Após Martinelli afastar a bola, De Lucca recuou de cabeça para Rodrigo, este deu passe errado para Miranda, Cano foi implacável, aproveitou a oportunidade, antecipou, e de primeira, quase do meio de campo finalizou, com um chute ‘jornada nas estrelas’, me fazendo lembrar do chute do título dado por Jhnny Wilkinson à Inglaterra contra a Austrália, na Copa do Mundo de Rugby de 2003, superando o goleiro Leo Jardim que tentou mas não alcançou a pelota, golaço, aço, aço de Germán Cano, sacramentando, com requintes de crueldade a vitória Tricolor sobre seu ex-clube.
Vitória espetacular em momento importante da pré-temporada, que ajude a comissão técnica em algumas reflexões em escolhas no porvir.
Sabemos que o foco da galera na próxima semana será brincar o carnaval, dar close em camarote, curtir a família, mesmo tendo a Portuguesa no próximo sábado, no Maracanã.
Saudações Tricolores e Vitória Sempre.