Amigos, amigas, Fluminense e Botafogo protagonizaram na tarde de hoje tudo aquilo que não queríamos ver em um jogo de futebol. Cada um com sua realidade, são ambas realidades preocupantes.
Começando pelo Botafogo, eu não sei se só eu tive essa impressão, mas foi o pior time com quem eu vi o Fluminense jogar nessa temporada, e olha que nós jogamos com o Macaé, lanterna do campeonato.
Não é que o Botafogo não tivesse espaços para evoluir ao longo da intermediária de jogo. O Botafogo simplesmente não conseguia. Errava passes simples e devolvia a bola para o Fluminense.
A defesa do Botafogo batia cabeça e, se alguma coisa houve de positivo, foi a disciplina tática para tentar neutralizar o lento e previsível ataque do Fluminense. Um verdadeiro show de horrores, que coloca o Botafogo, já eliminado das semifinais do Flamengão, numa condição extremamente preocupante no que tange à disputa da Série B.
Mas como o Botafogo é problema do Botafogo, não nosso, vamos falar de Fluminense. Um Fluminense que diante desse que pode ser o pior Botafogo de todos os tempos, só conseguiu ganhar de 1 a 0, com um gol de bola parada, sem que o goleiro adversário houvesse feito uma única defesa ao longo de toda a partida.
Eu vi alguns trechos do jogo do River, que meteu 5 a 0 ontem, pelo Campeonato Argentino, e o cenário é realmente assustador. É uma locomotiva, que sabe trabalhar a pressão na intermediária adversária e sabe melhor ainda sair rapidamente para o ataque quando encontra o mínimo de espaço, sem dar tempo à defesa adversária de se recompor.
Jogando o que jogou hoje, e o que vem jogando desde o início da temporada, o Fluminense não terá a menor chance. Desculpem colocar dessa forma, mas o papel que escolhi para mim é analisar com honestidade e dizer a verdade.
Ouvia um comentário no rádio no intervalo, de um comentarista neutro, sem vínculo com o clube, que usava o termo “preocupante” para descrever a situação de ambos os times, cada qual com seus respectivos desafios.
Curiosamente, Roger parece (só parece) ter ouvido minhas súplicas e tentou, aparentemente, dar uma nova formatação tática à equipe no jogo de hoje. Abriu mão dos dois pontas que jogam como alas, dando mais liberdade a Kayky, para formar dupla de ataque com Fred.
Ontem mesmo, publiquei uma coluna pregando uma ideia parecida com essa, em que jogaríamos com quatro meias formando um losango e os laterais espetados para dar amplitude ao jogo. Roger formatou o time, aparentemente, com essa ideia, colocando Yago no lugar de Luis Henrique, cometendo aí seu primeiro erro.
Luis Henrique tem sido o jogador mais eficaz na criação, tendo participado ativamente de pelo menos quatro gols na atual temporada, sempre com passes incisivos. Tirar Luis Henrique do time foi abrir mão de uma poderosa arma ofensiva. Eu teria tirado Egídio e escalado Luis Henrique como lateral. Luis Henrique tem corpo, intensidade, marca bem e tem ótima saída de bola, dando verticalidade ao time, sem contar que chega bem ao ataque.
O outro problema é que a dupla de ataque não funcionava dessa forma. Kayky atuava aberto pela ponta direita e Fred centralizado, enquanto Nenê pendulava por trás de um ataque torto, de modo que o Fluminense só atacava pela direita, tornando-se previsível e praticamente neutralizando Kayky.
A minha ideia de uma dupla de atacante era com dois homens velozes, com grande mobilidade, capacidade de fazer o um contra um e de cair pelos lados, um abrindo o centro da área para o outro. Nenhuma invenção.
Mas a pior parte é que Roger fez o que eu reivindicava, do ponto de vista tático, mas tivemos a aterradora notícia da saída de Michel Araujo. Ora, Michel era justamente o cara para atuar na ponta direita do losango, dando verticalidade ao jogo, dando suporte aos avanços de Calegari, atraindo Kayky para o jogo pelo lado direito e se aproximando da área para finalizar.
Michel Araujo era comprovadamente o jogador perfeito para a posição, muito mais adequada que aquela em que jogava no ano passado, quando foi, durante boa parte do Campeonato Brasileiro, o jogador mais importante do time.
Com Yago fazendo a outra ponta do losango, tínhamos uma boa dupla para apoiar Nenê, que atuaria centralizado, com Luis Henrique tendo liberdade para explorar o corredor esquerdo do campo, ora com o apoio do próprio Nenê, ora com o apoio de Yago, ora com o apoio de um dos atacantes, que, para mim, seria John Kenedy, ora com todo mundo caindo por ali.
Como a coisa estava difícil, Nenê se deslocou para o lado esquerdo, dando suporte a Egídio. Martinelli e Yago encostaram mais no ataque por dentro e o Fluminense até melhorou sua produção ofensiva, mesmo sem criar chances claras de gol.
Veio o segundo tempo e os Deuses, sempre zelosos, nos brindaram com o gol de cabeça de Nino logo no início dos 45 minutos finais.
Depois vieram as substituições. Sai Calegari, entra Samuel Xavier. Sai Yago, entra Cazares. E, pasmem, entra Gabriel Teixeira, não no lugar de Nenê, mas de Kayky. Ou seja, tiramos o nosso jogador mais perigoso e mantivemos em campo os dois veteranos.
Como as substituições não tinham o menor compromisso com melhorar o time, o jogo continuou aquilo que víamos antes. Lá no final, faltando dez minutos, saem Fred e Nenê para a entrada de Kenedy e, pasmem, Hudson.
Para um bom entendedor um pingo é letra. Se alguém acha que há planejamento no que se faz no futebol do Fluminense, é melhor sentar no meio fio e esperar sentado. Não tem planejamento nenhum. Se alguém acha que a prioridade é jogar bem e conquistar campeonatos, esqueçam!
Ainda tempos elenco para fazer um estrago grande na temporada, inclusive com os reforços que chegaram, mas é com desalento que vejo a saída de Michel Araújo e o fato de Miguel, mais uma vez, sequer ter sido relacionado.
A gente pode até torcer, mas é difícil de levar a sério.
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Será que alguém no Fluminense já se questionou sobre o que é o serviço prestado pela FluTV?
Ninguém aqui vai querer prejudicar o clube, mas é caso de Código de Defesa do Consumidor, de pedir o dinheiro de volta com indenização. Eu fiquei sem ver jogo desde os 15 ou 20 minutos do primeiro tempo até o intervalo.
É preciso o mínimo de zelo para entregar um produto ao consumidor. Sim, consumidor, porque nós estamos pagando por um serviço e temos direito de recebê-lo com qualidade. Como você paga para ver jogo do Fluminense e justamente nos jogos do Fluminense acontece todo tipo de problema com a transmissão?
Nenhum pedido de desculpas, nenhum sinal de ação reparadora. Amigas, amigos, não é igreja. A gente quer dar o nosso humilde apoio ao clube, mesmo sem ter dado dois treinos à beira do campo, mesmo sem assinar o cheque, mesmo sem ter o direito de ver os melhores em campo, mas a gente também quer ser respeitado.
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Ainda falando em FluTV, eu sei que não tem má intenção alguma nos profissionais que lá estão. Então, fica a título de sugestão.
Se vão chamar os Café com Leite de Clube de Regatas, chamem o Botafogo de “Bairro Simpático da Zona Sul” e o Vasco de “Ponte do Rio que Cai”, sei lá, mas não vamos passar recibo.
Ao achar que estamos menosprezando o Time dos Maus Costumes, a aberração da Praia do Pinto, estamos prestando homenagem, colocando-o acima dos outros coirmãos.
Não sei se vocês sabem, quando a Globo decidiu, lá no final da década de 70, colocar o Time das Pepeletas para a opinião público como o maior time do Sistema Solar, o Vasco imediatamente pegou carona, se oferecendo para ser o maior rival do pica das galáxias. Vocês viram no que deu.
É só um toque para o pessoal refletir.
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O trabalho do Roger até agora no Fluminense é o somatório de nada com coisa nenhuma.
Hoje foi a primeira tentativa, muito mal sucedida, de sair daquela mesmice que vem desde o ano passado. Tarde demais e com as peças erradas.
Não adianta ficar tentando mudar o entorno para manter Nenê e Fred no time. Ou joga um, ou joga outro, ou não joga nenhum. Os dois juntos é querer desafiar todos os paradigmas do futebol moderno. Esse é o nosso maior problema.
Time lento, previsível e que ganha fazendo gols de bola parada, mas isso não vai funcionar a partir de agora, quando teremos verdadeiros desafios.
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Pelo menos temos um aspecto positivo. O time se portou com mais segurança nas ações defensivas, graças ao povoamento do meio de campo, mas é preciso destravar o ataque, porque se não presenciaremos jogos purgantes como o de hoje a temporada inteira.
Saudações Tricolores!