Fluminense 1 x 3 Flamengo – Uma página vergonhosa de nossa história (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, eu não vou me estender falando de questões táticas que são domínio público, até mesmo do porteiro do meu prédio, que é Flamenguista, quase um irmão de mais de 30 anos de convivência.

Parece mais do que óbvio que a insistência em dois jogadores de quase 40 anos atuando na nossa primeira linha de marcação se assemelha a uma tentativa de suicídio contínuo. Uma tentativa de suicídio mal sucedida até o jogo contra o Junior, quando poderíamos ter obtido a vaga antecipada na próxima fase da Libertadores.

O futebol é o único esporte no qual os resultados enganam. São enganos que nos levam ao abismo, caso do ramonismo vascaíno no ano passado, que eu cansei de pontuar aqui. Sorte nossa que o Fluminense tem recursos humanos para não ter que se deparar com uma luta contra o rebaixamento no Brasileiro, pelo menos não ainda.

O jogo de sábado foi uma das páginas mais vergonhosas da história do Fluminense Football Club. Eu sei que muita gente não está nem aí para a nossa história, mas ainda há gente, como eu, que não aceita ver o espetáculo deprimente de uma decisão em que o Fluminense passa 45 minutos sem molestar o goleiro adversário.

Aliás, a torcida do Fluminense vive uma realidade inusitada. Pois eis que ontem, chegando ao final do primeiro tempo, eu comecei a acreditar no título, porque não tomáramos gol. Viria o segundo tempo e então nós começaríamos a jogar, como em tantas outras ocasiões, equilibrando o jogo, dependendo das substituições.

É um completo absurdo que uma torcida passe todo o primeiro tempo torcendo para o time não tomar gol, porque sabe que no segundo tempo o técnico vai fazer substituições que o farão competir. O Fluminense vem se notabilizando por ser o time que só joga o segundo tempo.

Ora, se o time joga no segundo tempo, por que, então, não começar o jogo com o time do segundo tempo? Pois a resposta é mais complexa do que podemos sugerir. A começar pelo fato de Cazares ser um jogador que pode ser brilhante, contanto que só jogue os 30 minutos finais do jogo.

Isso é muito louco, inverossímil, mas não pior do que o que Roger fez quando equilibráramos o jogo e tínhamos condições de buscar o empate. Quando Roger colocou Abel Hernández no lugar de Fred minhas esperanças se renovaram, mas logo em seguida eu percebi que junto a Abel entrava o Bobadilla, saindo Yago, deixando nosso meio de campo abandonado, repetindo o que já acontecera nos minutos finais da derrota para o Junior.

É como se Roger nos dissesse o seguinte: “não tenham esperanças de que eu não esteja de sacanagem com vocês”.

Assistíamos ao jogo na sala eu minha mãe e meu filho, além de mais três parentes, um deles flamenguista. Não sei se vocês sabem, mas eu não consigo diferenciar a poltrona da minha sala da arquibancada do Maracanã. Antes mesmo do primeiro gol do Fluminense, eu cantava, empurrando o time, como se estivesse na arquibancada. Fácil prever que eu nunca morrerei de enfarto.

Pois quando o Roger fez essa substituição, deixando o Fluminense sem meio de campo, a minha desolação foi tão grande, que meu filho, que trabalha com jornalismo esportivo, virou as costas e foi embora para casa. Mas não deu tempo nem de chegar ao elevador, porque os Dissidentes logo fizeram o terceiro gol, mais uma vez com a generosa ajuda de Marcos Felipe.

Aliás, Marcos Felipe, que era nossa garantia de sucesso em jornadas pouco inspiradas, acabou virando nosso chicote. Mas não podemos crucificar o nosso goleiro, porque no time do Fluminense todos correm, se entregam e lutam, mas não tem como triunfar com tanta falta de propósito de um clube que se apaixonou por ser coadjuvante.

Eu não sei quantos atletas o River terá para enfrentar o Fluminense, mas se entrarem com oito serão uma grave ameaça. Já que não podemos mudar já uma diretoria completamente descompromissada com a grandeza do clube, o que podemos aspirar é a saída imediata de Roger Machado do comando técnico.

Eu estava lá em Florianópolis na arquibancada atrás do gol em 2007. Nunca esquecerei aquele momento e a conquista daquela Copa do Brasil. Eu acreditei que aquele começo de carreira no Grêmio era a chegada de um grande treinador ao futebol brasileiro. O que vejo hoje, no entanto, é um trabalho desastroso, sem personalidade, sem estilo, sem assinatura e sem qualquer eficiência.

Desculpe-me Roger, mas eu poucas vezes vi um trabalho tão ruim, tão deplorável e, acima de tudo, tão decepcionante. E olha que você já foi o meu sonho de consumo como treinador. Mas hoje eu só consigo pensar da seguinte forma:

Pede o boné e vai embora!

Saudações Tricolores.

3 Comments

  1. Tive o mesmo sentimento qd vi Abel e Bobadilla
    E penso que, se conseguirmos essa classificação, o time não vai ser competitivo com o Roger…
    Ele já preparou as mudanças no time

  2. Boa Savioli!!Cadê você pra desfilar o seu imenso talento em cronicas criando seu canal no youtube!Vc foi pioneiro!!

  3. Muito boa sua análise. Só não concordo com a definição de Marcos Felipe como nosso “chicote”, porque, se não fosse ele, o placar poderia ser mais elástico.

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