Apostei na fé e me dei mal. É do jogo.
Em 2007, eu estava prestes a ir para o Maracanã quando minha amiga Kátia, tricolorzaça, me convocou para ver o jogo em sua casa com direito a churrasco e tal. Titubeei, respirei, deixei o Maraca e me mandei para Copacabana. Dois a zero, Thiago Neves e o esplendoroso Somália.
Quinze anos depois, de folga do PANORAMA e da cobertura, a Kátia me chama de novo, desta vez com salgadinhos alucinantes. Resolvi arriscar. Cheguei às cinco e pouco e fiz um lanche bem maneiro. Lá estavam a Marisa, mãe e símbolo eterno de Copacabana, e a Marcella, que é muito legal mas é Flamengo – não se pode ganhar todas. Senti falta da Marina. Bom, em tempos de empoderamento feminino, me dei conta de que, pela primeira vez em toda a minha vida, vi um jogo acompanhado exclusivamente por mulheres. É importante.
O Fluminense se movimentou bem, fez o gol cedo, mas apresentou velhos problemas que o casuísmo dos 10 a 1 tinham apagado. Especialmente na lateral-esquerda, ficou evidente que Yago estava empenado. Não dá para isso. Não cabe pardalismo. E, sem querer personalizar a crítica, Caio Paulista não pode ser a solução para nenhuma das onze posições em campo. Especialmente no segundo tempo, a pressão foi grande mas fruto de mais transpiração do que inspiração, o que não tira seu valor mas coloca os devidos parâmetros – muitos chutes de longe por exemplo. No fim a torcida aplaudiu o empenho e gritou muito durante o jogo, fato que esvazia o argumento idiota de picocelebridades tricolores. Torcida ajuda e muito, mas quem decide jogo é jogador e ponto. Poderíamos ter finalizado melhor, pois oportunidades não faltaram. Nos vinte minutos finais o rival levou um sufocão.
É claro que não se pode desprezar a grande partida de Hugo no gol adversário. Certamente ajudou a decidir o clássico. Agora, uma reflexão é justa: Marcos Felipe fez várias partidas assim e parte da nossa torcida é injusta ao extremo com o goleiro. Falando nisso, Fábio tinha tomado um frangaço na quinta e nitidamente está com um segundo de atraso nas tomadas de decisão. Espero que a conta não chegue…
O excesso de modificações heterodoxas levou o Flu a uma escalação exótica no fim da partida. Depois de seis meses, fica difícil acreditar que Willian Bigode oferecerá algo além dos pratos servidos até aqui. Ruf ruf não ganha jogo, bem sabemos, mas apesar dos pesares Felipe Melo fica melhor do que Abaiana. Perdemos muitos gols, podíamos ter empatado mas a culpa é exclusivamente nossa. Perdemos o jogo, mas pareceu um Fla x Flu daqueles de antigamente, com as multidões em êxtase e a busca sedenta pelo jogo que nunca termina.
Hora de focar no Brasileirão e sair do G11. Domingo tem mais.
PS: Matheus Martins fez um partidaço.
PS2: quando os jovens prevalecem, o Fluminense joga como time grande.