Fluminense 1 x 0 Audax (por Edgard FC)

Mais um jogo, menos um jogo que se antecipa à partida eliminatória da Libertadores contra o Millonarios da Colômbia. Somente um jogo antes de enfrentarmos o rival da Lagoa.

Sob a justificativa de poupar a equipe – certamente para o Fla-FLU – o treinador Abel Braga escalou um bocado de variedades no time, todos com alguma condição de disputar vaga com o suposto time titular. Menos pelo esquema ou modelo, mais por posição a posição, se é que o Fluminense tem alguma ideia de como jogar. Até aqui parece que não tem.

Os onze iniciais supunham um arremedo de 3-4-3, com a trinca de zagueiros Duarte, Claro e Manoel cedendo espaço aos quatro da linha média: Calegari, Yago, Martinelli e Pineida tendo a frente Arias, Luiz Henrique e Cano, e sob as balizas Fábio, goleiro recém-chegado do Cruzeiro. Mas o que vimos, mesmo com bastante desorganização, foi um embolado 5-3-2, mal coordenado e sem profundidade, quando muito com bolas esticadas da defesa que não encontravam o ataque, nem mesmo para estabelecer algum padrão ofensivo.

Noves fora as mesmices de outrora, tivemos alguns destaques, e eu os pronuncio aqui, Calegari muito bem, articulado e atento, combinando boas jogadas com Martinelli, que foi responsável pelas melhores jogadas, com inversões de bolas, ocupando bem o espaço, associando jogo entre defesa e ataque, um líder técnico no paupérrimo meio-de-campo de Abel, que não gosta de armadores atrapalhando seus esquemas. Cano, atacante, se movimentando bem de modo triangular na frente, por vezes buscando jogo, outras finalizando e também pelo gol marcado, após assistência de Manoel, desviando bola vinda do escanteio cobrado pelo Cristiano da Moldávia, que havia entrado em campo no lugar de Pineida, lesionado, sentindo a musculatura da coxa direita.

Há de se destacar também Fábio que, quando exigido, fez as defesas, já cantado em verso e prosa pelos odiadores de Marcos Felipe e pelos perfis oficiais do Fluminense nas internetes da vida. Outro ponto a sublinhar foi a presença de Arias, que embora tenha perdido um gol muito feito cara a cara com o bom goleiro Max do Audax, foi o único articulador e se movimentou bastante em campo, se melhor escalado, pode ajudar muito a equipe.

Sobre o Audax, o principal jogador foi Carlinhos, que por vezes defenestrou a defesa do Fluminense e chegou a assustar, muito mais em função da apatia e displicência Tricolor do que por produção ofensiva própria. O deserto de ideias e práticas permeou o time mandado por Abel, que nitidamente ou está cumprindo a cartilha que alguém mandou ou está totalmente assoberbado em relação ao que é ser um treinador que o futebol de alto rendimento exige. Nada dura para sempre.

O segundo tempo se notabilizou mais pelas substituições e tramas vivenciadas nas bancadas do que pelo jogo em si, que seguiu em marcha fúnebre a anunciar um roteiro falido de epopeias nunca dantes vividas. Willian entrou no lugar do capitão Yago, que correu, gritou, bradou mas pouco inspirado, não equilibrou nem desequilibrou, já Willian só foi percebido quando cobrou uma falta já no final da partida, sem sucesso. Essa mudança forçou Arias a recuar e atuar como se fosse um volante abelino, o que nitidamente era um erro, provocando mais a frente o pacotão de trocas promovidas pelo iminente ex-treinador, Nino, Caio Paulista e Wellington, sim Wellington, entram em campo nos lugares de David Duarte, Arias e Luiz Henrique, fazendo descrer até o mais ufanista Tricolor presente no estádio, que acabou por vaiar e muito o ato, incluindo nas vaias xingamentos muitos populares pela torcida do Fluminense, aquele que rima com apreciar um suco de caju.

As narrativas em torno do duelo Ganso x Abel tomaram contornos big-brodeanos, compilando opiniões de que alguém deveria ir ao paredão para ser despejado do CT menos vigiado do Brasil, o Carlos Castilho, vizinho à comunidade querida que me forjou Tricolor, a Cidade de Deus.

Em meio a esse jogo, foi irritante e quase impossível prestar atenção em tática, esquema, modelo de jogo, o Fluminense atual parece mais servir a interesses obscenos e inquietantes em vez de fazer e promover futebol, o que deveria ser sempre o tema principal a abordar em colunas como essa. O que prometo me esforçar mais a fazer nas próximas ocasiões, se o Fluminense assim consentir.

Pingue-pongue:

Fábio parece mesmo ter sido colocado em campo para supurar Marcos Felipe do time.

Cano melhor que Fred; sem dúvidas, se houver seriedade, ele seguirá titular.

jogar com três zagueiros que não sabem sair jogando é perda terrível de tempo, assim como ter laterais que mais defendem que atacam, nesse esquema.

A torcida não é tola, como pretende que seja quem entulha tais barbaridades jogo após jogo.