Au revoir
Estou velho. Em pouco tempo completarei quarenta anos de arquibancada. Em termos de Fluminense, posso dizer que já vi quase tudo; por isso, minha serenidade está intacta depois da (nova) eliminação diante do Vasco – merecidíssima, por sinal: a Colina foi melhor de ponta a ponta.
Perder não é vergonha dependendo do caso. Pode ser fruto de azar, um milímetro, um desses tesouros escondidos que só o futebol resgata. E pode ser questão de total inoperância, exatamente como foi o Fluminense neste domingo. Apático, lento, carente de criatividade e força física necessárias para uma decisão, o Tricolor foi uma presa fácil – e aí sim trata-se de algo vergonhoso.
Quando não oferecia generosos espaços na intermediária mal-aproveitados pelo Vasco, o Fluminense levava meia hora para atravessar o campo, tempo inviável para um time que queira brigar por títulos ou mesmo manter-se na série A em 2015. Então, não ameaçava. A bola de Walter no travessão foi um momento individual. O castigo veio no fim do primeiro tempo, em nova bobeada de Valencia na falta que antecedeu o gol vascaíno, que acabou decretando o placar final.
O fato de ser um cronista apaixonado pelo Fluminense não significa que eu tenha que praticar estelionato verbal contra o leitor. Não tenho vocação para isso: não merecíamos a classificação para a final. Não é aceitável que um time da grandeza de Álvaro Chaves entre num jogo inteiro para praticar chuveirinhos ou fazer ligação direta Cavalieri-Fred através de chutões. É óbvio que não ia dar em nada, ainda mais contra um time que, mesmo inferior tecnicamente e contando com um treinador limitado, sobrou em disciplina tática, condição física e o principal: vontade, algo típico de jogadores que buscam afirmação e não de veteranos esmaecidos por glórias passadas. A vida é hoje, não em 2012 ou 2009.
Sem contar os erros de sempre, caso natural de Bruno e seus desafios inglórios às leis da Física. Fred, craque, poderia ter sido substituído mas parece que essa alteração está proibida por MP. Então Walter é que dança. E quando a porca torce o rabo, sobra para Sobis. Não adianta reclamar de gol perdido, gol legal não marcado e o diabo a quatro: o saldo foi negativo. Péssimo. Apoiei de todas as formas, até vendo superlativos em partidas contra equipes bem mais modestas. Não adianta tapar o sol com a peneira. O jogo de quinta foi de razoável para bom. Neste domingo, desastre.
Serei eternamente grato a Renato por tudo o que fez em 1995. É um gigante eterno da nossa história e, por conta dela, acabou entrando para o rol de profissionais que mais treinaram o Fluminense em 112 anos. Até escrevi um livro por causa dele. Mas há indícios de que o treinador não conseguirá chegar aos pés do craque. A indigência de ensaio no time é visível a olhos míopes, para não dizer cegos.
Quanto a reforços, outro ponto claro: Rodrigo Caetano não serve como volante ou zagueiro. Renato, atacante dos rachões, não serve para nossa dianteira. O Fluminense precisa de pelo menos quatro reforços para sacudir um time que, hoje, está completamente sem pegada, agilidade e prumo. Esclarecendo: reforço é quando se contrata um jogador superior física e tecnicamente ao do titular a ser substituído.
Não é hora de caprichos ou de interesses pessoais predominando sobre o caminho do time. A lição deste domingo tem um resumo evidente: sem novas peças, o Fluminense corre risco no campeonato brasileiro.
Um pequeno consolo: volto no 433 vazio com Leo. Antes, um menininho vascaíno, talvez com três anos, divertia-se a valer com sua bandeira no ponto de ônibus. Alguns pontos depois, um senhor trabalhador vestia a camisa do América, tão maltratada pela força da grana que ergue e destroi coisas belas. Nos dois momentos, a certeza de que nenhuma dor do mundo da bola é para sempre. O futebol sobrevive até a dias estapafúrdios como esse que os torcedores tricolores foram submetidos de forma injusta.
Para evitar o caos nas Laranjeiras e evitar uma guilhotinada de Renato, o Fluminense só tem uma saída: ganhar e bem do Horizonte. Vivamos a agonia de dez dias até o novo jogo. E com fé, mesmo que ela seja rara por motivos óbvios.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: PRA
7 Comments
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Andel, Renato nao entende de táticas e formações de um time de futebol. Não adianta! Ele detonou o time do Flu ao escalar Rafinha no lugar do Jean e deixou o Conca só. Ficou uma presa facil no rodizio que parava as jogadas dele com faltas normais. O time do Flu é Burro porque o tecnico é Burro. Foi imposto goela abaixo. O time se acomodou contando seu rico dinheirinho de todo mes. Nossos times sempre honraram nosso Clube. Times com Altair, Denilson, Samarone, Lula, e outros tantos …. ST
Caro Andel,
Não vai adiantar ganhar do Horizonte, pois seremos eliminados mais cedo ou mais tarde. Se formos eliminados logo, pelo menos o novo treinador vai ter tempo para treinar o time para o brasileirão.
Saudações tricolores,
João Carlos
Na realidade, Andel, acho que o lance que originou o gol do Vasco não foi falta e a grande falha foi mais uma vez do Gum. Há uma máxima nas peladas de futebol interessante: bola na área, para a zaga, é zero kick. Temos que ter calma nesta hora. Saudações tricolores.
Bom dia Andel,
Precisamos dispensar alguns, barrar outros e contratar!!
Muita coisa tem que mudar!!! E pra ontem!!!
Vergonha!!
Fora Peter BANANÃO!
IMPEACHMENT JÁ!!
O problema é o jogador que chegar se acomodar nas Laranjeiras. Até o Conca não tem jogado nada. Parece que se acomodou. Tem que oxigenar o elenco, mandando alguns embora, trocando-os por outros que queiram mostrar futebol. Creio que poderíamos trocar jogadores com o Corinthians que está sofrendo do mesmo mal: acomodação. Enquanto isso o Abel deu uma sacudida no Inter e virou contra o Grêmio. Acho que está faltando um comando maior no Fluminense. Estão treinando muito pouco e não é de agora. ST
Eu sou tricolor, mas agora que a vaca foi pro brejo, temos mais e que perder pro horizonte dentro do maracana! Quem sabe assim essa corja que hoje chamamos de time seja expulsa das laranjeiras! Vamos ficar so com a base e reforcos que possamos pagar e a UNIMED que banque os salarios astronomicos com os jogadores dela no banco ou melhor nem relacionados para as partidas, e se cairmos seremos nos a cair e nao sermos derrubados de dentro, essa igerencia no nosso clube ja ultrapassou todos os limits