PIADA PRONTA
Amigos, amigas, convido-os para celebrar mais uma jornada patética do Fluminense nessa trajetória da temporada 2022. Podem me chamar de louco por falar em celebrar, mas a experiência me diz que todas as experiências devem ser celebradas, mesmo as piores, porque são parte da nossa jornada, a parte que nos ensina a enxergar os erros e não mais repeti-los.
Não repetir os erros é algo que parece fora da órbita e da agenda do comando técnico do Fluminense. Aliás, Abel não só os repete, como tem uma habilidade incrível de gerar novos erros a cada partida. Percebendo isso, a torcida vai pouco a pouco se afastando da arquibancada, cansada de fazer papel de boba.
Depois de uma sequência de jornadas deletérias, independentemente dos resultados, Abel vem para o jogo da noite de ontem reproduzindo o esquema com três zagueiros, plantando Wellington à frente dos mesmos (jogando em casa e precisando da vitória) e trazendo Caio Paulista, jogando de ala direita, como a grande novidade.
De fato, Caio Paulista jogando de ala direita é uma novidade. A questão que se nos impõe é que nós não precisamos de novidades, mas de soluções. E Caio Paulista, atuando de ala, não foi uma solução. Ainda que eu tenha defendido, em várias ocasiões, que Abel, a insistir no 3-4-3, escalasse Luís Henrique e Árias nas alas. Isso nunca passou pela cabeça do Abel, mas passou pela cabeça dele fazer isso com Caio Paulista, vejam só.
Eu nem vou me dar ao trabalho de ficar discutindo soluções táticas. Com Ganso e Nonato no meio, apoiados por Wellington, com Árias atuando próximo a Cano, o Fluminense de ontem até que fazia algum sentido. Em menos de três minutos de jogo, Wellington deu três metidas de bola de altíssimo nível, inclusive originando lances de perigo. Somados aos passes de Ganso, isso fazia do Fluminense um time com alguma qualidade no setor de criação.
O problema é que na hora da verdade, os alas, que, na visão de Abel, devem preencher os corredores laterais, e tão somente, não faziam bom proveito das bolas que recebiam. Mas não é porque são ruins de bola, isso pode ser discutido. É porque faltava aproximação, porque o Fluminense atuava com três zagueiros contra um time que se defendia. Três zagueiros que demoraram a entender que precisavam agredir a intermediária adversária, mas que, tirando Nino, não tinham capacitação para isso. Faltava aproximação pelos lados e presença de nossos homens na área nas fases decisivas, tudo isso por causa das escolhas de Abel.
Resultavam estéreis, pois, nossas ações ofensivas, que tinham bom começo no setor central, simplesmente porque nos faltavam números, aproximações e infiltrações na área adversária. Mesmo assim, o Fluminense, sob o comando de Ganso, apresentava alguma organização e fazia algum sentido ofensivamente, apesar das raríssimas chances de gol.
Eis, porém, que, no intervalo, Abel troca Caio Paulista, que jogava de ala, por Fred, deixando o Fluminense sem referência pelo lado direito e reduzindo nossa capacidade de chegar com o mínimo de coerência ao ataque. O resultado é que o time do Union passou a ser melhor no jogo e ameaçar nosso gol, porque o Fluminense se perdeu, atuando torto, sem sentido, sem explicação e sem rumo.
Como a coisa não andasse nem com reza braba, Abel decide colocar em campo Calegari e Nathan. A entrada de Calegari, em tese, deveria corrigir o problema do abandonado lado direito e nos dar mais ofensividade, já que Abel tirou um zagueiro. A entrada de Nathan nos tirou nossa principal arma, porque foi no lugar de Ganso que ele entrou.
Ou seja, amigos, amigas, e eu nem vou falar das outras substituições. Houve um tempo em que suportávamos o primeiro tempo e torcíamos por elas, ao ponto de quase trocarmos nosso nome para “Substituições Football Club”. Hoje, chegamos ao ponto de torcer contra elas, de achar que é melhor ficar como está para não bagunçar mais do que já está bagunçado.
Terminamos o jogo como um bando em campo, sem qualquer orientação tática, sem qualquer sombra da existência de um plano de jogo. Mesmo assim, na bacia das almas, houve o destino de nos presentear com um pênalti, bem marcado pelo árbitro, que seria o prêmio por nossa persistência em agredir o bom senso e a lógica. Mas lá estava o goleiro deles para dizer que não, que sempre há um limite para se premiar a incompetência. E nosso crédito acabou. Ou se faz uma mudança imediata e radical no futebol do Fluminense, e isso inclui a atual política e a comissão técnica, principalmente a primeira, ou viveremos um ano de agruras sem fim.
É impressionante que Abel reproduza experiências táticas, sem treino, e escalações estapafúrdias, sempre evitando fazer o óbvio, que todos nós conhecemos. A única experiência bem sucedida esse ano conquistou a Taça Guanabara, e foi o 4-4-2, um feijão com arroz que virou uma deliciosa feijoada. É, no entanto, a única experiência que Abel não repete. Se isso não é auto sabotagem, só pode ser sabotagem.
Não vou perder meu tempo fazendo cálculos acerca de nossas chances de classificação na Sul-Americana. Soa-me fora de propósito, quando sequer temos capacidade de jogar um futebol digno de ganhar do Union, que muita gente nem sabia que existia antes desse duelo. Se não somos capazes de atuar de forma digna diante do Junior Barranquilla, sendo massacrados como um timeco qualquer. Só é possível salvar a temporada com mudanças radicais, que talvez não venham a tempo de salvar a Sul-Americana. Talvez não venham a tempo sequer de salvar a Copa do Brasil, porque o jogo contra o Vila Nova, com essa bagunça que é o nosso time, é de altíssimo risco.
Insistir nisso que está aí é praticar natação na areia movediça. O Fluminense de Abel é uma piada pronta a cada jogo. O Fluminense de Mário Bittencourt é um barco sem rumo. E isso é uma ameaça grave ao nosso porvir.
Saudações Tricolores!