Negro Fluminense, negro com muito orgulho (por Paulo-Roberto Andel)

Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, sempre é bom lembrar de heróis e batalhadores do Fluminense que representam a causa, dentro e fora de campo.

Só no samba, de cara encontramos Cartola, Noca da Portela, Wilson Moreira e Marquinhos de Oswaldo Cruz para começar. É claro que Gilberto Gil também passa por esse e muitos outros elencos da música. Bom, a lista de artistas negros tricolores é infindável.

Foi o mesmo samba que muitas vezes impulsionou as escalações do Fluminense para vitórias e conquistas inesquecíveis das arquibancadas do Maracanã.

Não há como pensar em Assis e Washington, siameses da vitória, eternos bustos nas Laranjeiras. Pelo Fluminense, o Casal 20 teve companheiros como Aldo, Wilsinho, Ricardo Cruz e Renato “Cotia”.

Vamos ao time guerreiro de 1995, protagonista da maior vitória tricolor de todos os tempos. Lá estão Ronald, Lima, Lira, Márcio Costa, Aílton, Djair. Sangue negro em defesa eterna das três cores.

O maravilhoso time de 1980, quase sempre com um lindo uniforme branco da adidas, era a negritude em força máxima com Edevaldo, Tadeu, Gilberto e o espetacular Cláudio Adão. Edevaldo foi o sucessor de Miranda, o Trésor brasileiro.

Nossa imortal Máquina Tricolor, o mais emblemático escrete da história do clube. Carlos Alberto, Rodrigues Neto, Pintinho, Paulo Cesar Caju. Antes dessa turma maravilhosa, o xerifão do Fluminense era Denílson, o Rei Zulu consagrado por Nelson Rodrigues. Muitos anos depois, o zelador da cabeça de área seria Marcão, hoje à beira do campo.

Que outro clube fez dois laterais negros campeões do mundo na mesma Copa? O Fluminense, com Jair Marinho e Altair no Chile em 1962. O esquadrão tricolor dos anos 1950 e 1960 também tinha Pinheiro, Jair, Didi, Waldo, Veludo, Escurinho.

O arranque para a reação imortal de 2009 estava desenhado nas canelas finas de dois jovens azougues negros: Allan e Maicon. No ano seguinte, Gum e Leandro Euzébio seguraram as pontas para um título fundamental.

Mesmo nas vitórias e passagens efêmeras, o Fluminense carregava sangue negro demais. Pode ser com Fabinho e Wellington Monteiro, com Ygor, com Odvan, Ademílson, Macula, Macalé, com Jorge Luis. E o miolo de zaga fantástico com Valber e Torres? O goleiro Adilson? As arrancadas de João Santos. As tentativas de Neinha e Jasson.

Até aqui, falou-se de gente séria e coisas idem, mas é bom que se diga: um dos ícones do humor brasileiro não perdia um jogo sequer do Fluminense com seu radinho de pilha, fosse no Maracanã ou nas Laranjeiras – o imortal Tião Macalé.

Uma das mulheres mais bonitas da torcida tricolor contemporânea ostenta sua beleza, negritude e imensa politização pela Europa. Chama-se Jéssica. Ela é um exemplo de muitas e muitas outras que estão regularmente acompanhando o nosso time. Uma delas mora aqui em casa.

Um dos mais talentosos artistas contemporâneos brasileiros, cronista desta casa, símbolo de militância negra e de beleza também é o querido amigo Ernesto Xavier. Alguns de seus melhores cliques foram registrados por Silvio Almeida, diretor do programa de TV deste blog – que é blog mas tem vergonha na cara e não copia notícias sem dar créditos… – e digno representante da consciência negra.

Nas arquibancadas, o jovem Campinho desfraldou as mesmas bandeiras e comandou a mesma massa que Chico Guanabara desbravou há muitos e muitos anos.

Ainda há um montão a ser feito e conquistado, mas já temos um bocado de histórias capazes de provar que a nossa elite é de todas as cores.

A valorização da consciência negra é permanente.

A luta contra o racismo é uma causa de todo e qualquer cidadão razoável.

O Fluminense é de todxs.

Viva a consciência negra.

Abaixo o racismo!

Abaixo a homofobia, a intolerância religiosa, a homofobia, a gordofobia, a xenofobia e todas as formas de opressão.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

#credibilidade

1 Comments

  1. Faltou falar do Carlos Alberto, jogador negro vindo do América para o Flu em 1914, que deu origem ao apelido pó de arroz usado pelos rivais para cutucar o Flu. Ele o usava no rosto após fazer a barba, desde a época em que jogava no time rubro e, por raiva da transferência de clube, os torcedores americanos começaram a dizer que ele usava o pó de arroz para parecer branco, esquecidos que antes desse jogador, outros negros já havia jogado pelo Flu. ST

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