Amigos, amigas, alguns comentários sobre o empate de 0 a 0 com o Corinthians na noite de sábado se fazem necessários. O resultado nos manteve na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, com 21 pontos, na 18ª colocação.
As dificuldades no jogo deste fim de semana eram para lá de previsíveis. Entramos em campo privados do trabalho dos nossos três homens de articulação e criação de jogadas: Martinelli, Ganso e Arias.
Se o Fluminense, mesmo com esses jogadores, vem tendo dificuldades, sem eles não dá nem para lamentar muito o resultado, ainda que tenha sido obtido diante do esfacelado e errante Corinthians, que vive nos últimos anos uma rotina de desatinos e frustrações, ao contrário do nosso Tricolor, atual campeão da Libertadores e da Recopa, tendo, ainda, conquistado um bi estadual nos últimos três anos.
Ainda sobre o Brasileiro, o que se faz necessário dizer é que temos pela frente dezesseis jogos para cumprirmos o objetivo de permanecermos na Série A. Situação que é fruto dos nossos próprios desatinos, mas que está longe de ser algo alarmante. Há, em profusão, times com dificuldades bem maiores que as nossas. Cenário perante o qual podemos aferir que o prognóstico, no sentido do cumprimento desse objetivo, é bastante positivo.
Razão pela qual devemos apagar de nossa mente o Campeonato Brasileiro, pelo menos até a noite de terça. Temos um único título a disputar em 2024, que é o bi da Libertadores da América. Que, uma vez conquistado, nos abrirá uma janela alvissareira para a disputa de mais dois bicampeonatos: o do Mundial de Clubes e o da Recopa Sul-Americana, esse último a ser disputado em 2025.
Não sei se ainda há tempo para isso, mas precisamos voltar a respirar e transpirar Libertadores, como foi em 2023. O sentimento de urgência, no que diz respeito a essa competição, deve se reproduzir de forma intensa e poderosa no campo e na arquibancada. Não é aceitável um clube do tamanho do Fluminense demonstrar apatia ou desânimo diante de uma partida que já é a mais importante do ano.
Temos que ir com tudo para cima do Grêmio, conquistar a classificação para as quartas de final e depois voltarmos a mente, o foco, o ânimo, as forças e o coração para uma jornada firme no sentido de sairmos, nos afastarmos do Z-4 e até de pesarmos em algo mais no Campeonato Brasileiro.
É importante lembrar que, caso não conquistemos a Libertadores desse ano, a vaga para a do ano que vem só poderá ser conquistada no Campeonato Brasileiro.
Se podemos alcançar a classificação na terça? Avaliando sob todos os pontos de vista, a resposta é sim. Temos mais time, jogamos em nosso estádio, temos a força de nossa torcida e… Bom, paramos por aqui, mas já é suficiente, pelo menos para esse fim.
O problema, amigas, amigos, é que vivemos ansiosos, por força das circunstâncias, pelo retorno à normalidade. A história do primeiro semestre de 2024 berrou diariamente em nossos ouvidos que a loucura que nos levou à conquista da Libertadores em 2023, se reproduzida em 2024, nos levaria ao desastre.
A questão é sabermos de que loucura estamos falando.
Para alguns, a loucura era o modelo de jogo de Fernando Diniz, suas ideias “manjadas”, que todos os adversários se tornaram capazes de neutralizar em campo. Precisávamos jogar um futebol normal e, para isso, contratamos Mano Menezes, que, em muitas entrevistas, deixou claro qual era a sua missão. A missão de fazer com que o Fluminense jogasse um futebol normal.
Reparem na contradição do parágrafo acima. Algo fora da normalidade seria algo “manjado”, mas a normalidade, o que todo mundo faz, não. E agora, o que fazer com esse dilema?
A solução para o enigma começa por tentarmos diferenciar o “normal” do “comum”. Porque o que se pedia era um Fluminense comum, porque a única normalidade é entrar em campo com onze jogadores, com uma proposta tática estruturada para vencer as partidas e com jogadores capazes de executá-las.
E é aqui que entra a minha visão do que seja loucura, que não é o modelo de jogo de Fernando Diniz. A loucura que nos trouxe até aqui é a de uma política desatinada, que encheu o elenco do Fluminense de medalhões, que negou espaço para os jogadores formados no clube e acabou por construir um grande absurdo, que era o de olharmos para o banco e termos vontade de chorar sentados no meio-fio.
Em determinado momento, tínhamos a impressão de que não tínhamos elenco para executar proposta alguma, de que não tínhamos recursos humanos para dar vida a qualquer modelo ou ideia de jogo.
Como em 2023, depois de todas as maluquices que foram feitas na janela de janeiro, tivemos que ir ao mercado para buscar reforços. E o Fluminense se reforçou, não tenho dúvida disso, mas para jogar um futebol comum.
A questão agora é saber a que lugar pode nos levar o futebol comum de Mano Menezes, o que coloca à prova a capacidade desse elenco. Porque, se é para ser comum, precisamos ter recursos humanos que sejam física, técnica, tática e psicologicamente superiores aos adversários para podermos alcançar algo que dignifique nossas cores.
Todos ao Maraca na terça!
Se não for fisicamente, que seja mentalmente, com fogo no coração e com a faca nos dentes.
Saudações Tricolores!