Amigos, amigas, o Fluminense conquistou pela primeira vez o bicampeonato da Taça Guanabara, confirmando o favoritismo contra a Dissidência. Tá, ninguém vai dar tanta importância a isso daqui a um ou dois anos, mas os ingredientes da virada tricolor são saborosos.
Além de levantar a taça, que é algo sempre prazeroso, afundamos os Dissidentes um pouco mais numa crise que se constrói mais em torno das expectativas frustradas do que dos fatos. E de virada!
Antes do jogo, confiando meus botões, eu concluía que nada de pior poderia haver para os dissidentes que enfrentar o Fluminense num jogo como o de hoje. Afinal, a autoestima deles, já em baixa, estaria sendo provada justamente contra o maior rival e maior algoz.
O técnico deles, o português Vitor Pereira, percebeu o drama e buscou uma estratégia que, de início, parecia desastrada. Ao longo do primeiro tempo, no entanto, a ideia de montar um ferrolho defensivo e, ao mesmo tempo, tentar provocar nossos erros, quase fez estrago irreversível em nosso jogo.
Começou com três zagueiros e recuou Éverton Cebolinha para fazer o papel de ala no 3-5-2. Apesar da ideia aparentemente defensiva, deixou muitos homens velozes e ofensivos em campo. O propósito era explorar nossos erros e os contra-ataques. Sem contar com a pressão na nossa saída de bola.
O gol da Dissidência veio em consequência de nada disso. O tal do Cebolinha lambeu nossa defesa e fez um gol com assinatura, passando por quatro defensores, que estiveram mais preocupados em não fazer a falta. Nossa defesa estava montada e foi aniquilada por um momento raro, nos últimos tempos, do atleta rubro-negro.
O Fluminense não conseguiu impor seu jogo em momento algum do primeiro tempo, mas o duelo até que foi equilibrado, com algumas boas jogadas, quando conseguíamos romper o ferrolho rubro-negro, com três zagueiros e dois volantes atuando aproximados e dificultando as nossas ações.
O time de Diniz fez que não era com ele e em momento algum abriu mão de tentar restaurar seu modelo e ter o controle da partida. Mas foram as substituições ousadas de Diniz que mudaram o jogo na segunda etapa. Keno e David Braz deram lugar a Lima e ao surpreendente Gabriel Pirani, que viria a ser o herói da conquista tricolor.
O jogo mudou da água para o vinho e ficou claro que o gol de empate era questão de tempo. O modelo Diniz saltou aos olhos e começou a causas incômodo ao sistema defensivo rubro-negro, ao mesmo tempo em que as ações ofensivas adversárias desapareceram.
O gol de empate saiu de uma trama com assinatura tricolor, com muitas trocas de passes e a defesa rubro-negra sendo envolvida, apesar da concentração humana. Árias acabou recebendo em posição de finalizar, mas, sem o equilíbrio para isso, serviu o argentino demolidor, que mandou para as redes.
O técnico deles, vendo que a derrota era iminente, tirou Arrascaeta e Gabigol para colocar fôlego e resistência física em campo, já que a Dissidência era implacavelmente dominada depois de todo esforço no primeiro tempo para anular o jogo tricolor.
A ideia não funcionou por mais de cinco ou dez minutos. Diniz também investia em substituições para manter a superioridade física, além da técnica e tática. Logo o Fluminense empurrou o adversário novamente para trás e a vitória ficou iminente, até que veio em um lance confuso, que terminou nos pés de Pirani, que arrematou com precisão, no canto direito do arqueiro rubro-negro.
Vitória tricolor e bicampeonato da Taça Guanabara. O que veio depois não merece registro, até porque foi uma reprodução avolumada do que já acontecera durante todo o jogo, com muita troca de botinadas, empurrões e reclamações. Com destaque para a expulsão de Felipe Melo, que, verdade seja dita, esteve longe de ser o vilão da confusão deflagrada após entrada violenta no jovem Giovanni, do Flu, que entrou bem no jogo, a exemplo de Pirani.
Problema menor, a nossa tarefa é pegar o hábito de levantar taças, que sejam muitas ao longo do ano. Nesse aspecto, fomos muito bem, depois de atuarmos parte da Taça Guanabara com o freio de mão puxado. Desde o jogo contra o Bangu, estava claro que o Fluminense reencontrara algo próximo do seu melhor padrão.
Somos favoritos para a conquista do Flamengão 2023, mas precisamos reafirmar isso a cada exibição. Vou deixar análises mais específicas para depois, mas nosso lado esquerdo defensivo requer cuidados.
Saudações Tricolores!